O Rei Louco

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Ele estava pronto para sair do quarto quando um pequeno envelope foi colocado em suas mãos. Yurem nada disse sobre o conteúdo, apenas o alertou que deveria ler o que estava dentro e que aquelas palavras vinham de Izuna. Ouvir tal nome fez seu coração tomar um o ritmo acelerado, que se intensificou quando ficou sozinho novamente e abriu o envelope com temor e ansiedade.

Não houve hesitação para retirar o papel do envelope, mas quando finalmente pôde ver a letra dele, sentiu uma leve pontada de insegurança. Estava há tanto tempo sem vê-lo, apenas sabendo de sua melhora através de terceiros, e por um momento, chegou a pensar que talvez não tivesse sido uma boa ideia deixá-lo sozinho. Tobirama queria respeitar seu espaço, sem pressioná-lo a aceitá-lo por obrigação, muito menos queria ser perdoado por pena, mas se arrependia por não ter estado ao lado do soldado enquanto estava tão frágil. Ainda assim, imaginava que Izuna provavelmente sabia sobre o jeito que ficou após machucá-lo, e o conhecendo como conhecia, tinha certeza de que deixaria seus sentimentos atrapalharem o seu julgamento, e recebeu uma confirmação disso quando seu pai o chamou para conversar, poucos dias antes de receber aquele recado.

Foi quando Jan visitou o castelo. Tobirama ficou tão surpreso por vê-lo ali, mas tinha certeza de que o amigo ficara ainda mais quando se encontraram ao acaso. O herdeiro sempre gostou de Jan; o amigo era animado demais e sempre os fazia rir, mas quando o assunto era sério e precisavam de apoio, ele estava lá. Como no dia em que se juntou a Tobirama, para ajudar Izuna contra o irmão de Saru. Jan era um bom amigo.

Quando seus olhares se encontraram naquele dia, o príncipe se assustou, mas conseguiu se recompor rapidamente. A decisão foi rápida, mas não era errada. Ele desceu um degrau, pronto para se aproximar dele e de Yurem; pronto para dizer a verdade — mesmo ela sendo óbvia demais naquele momento —, mas, Hagar, o novo tenente da guarda de seu pai, o interrompeu, passando o rápido recado sobre ser convocado imediatamente. Quando voltou a olhar para onde Jan estava, ele já havia ido. Provavelmente confuso e me odiando pela mentira, assim como aconteceu com Izuna na primeira vez. Tal pensamento tirou sua paz durante algumas horas, porém, quando foi ao encontro do rei, que com um ar vitorioso contou sobre a decisão de Izuna, sua atenção mudou para outro lado.

Uma imensa vontade de ir até Izuna, quando terminou de conversar com Bustsuma, se apoderou de si mesmo. Chegou a andar até a metade do caminho, mas as pernas travaram. Tobirama sentia muito a falta dele, queria ver se estava melhor, não apenas ouvir sobre isso; queria abraçá-lo e cuidar de seu "pequeno", mas desta vez, não foi por medo que deu as costas e voltou para o quarto. Após saber que Izuna não pretendia culpá-lo, o príncipe soube que ele faria como imaginou. Mas, mesmo que o soldado o perdoasse e Tobirama fosse até ele, ainda não se sentia seguro para olhá-lo nos olhos, quando era indiscutivelmente culpado.

Não era a intenção de Tobirama machucá-lo, mas, o irmão de Izuna... ele com certeza quis. No momento em que segurou a espada, não teria se importado em acertá-lo em cheio, porém, com o passar do tempo, percebeu que de nada adiantaria ter feito tal coisa. Hashirama não retornaria e, mesmo que Madara fosse um traidor, agir daquela maneira mancharia a memória de seu irmão. Ele detestaria o jeito como agi, mesmo se soubesse da traição. Hashirama sempre fora assim; bondoso e solidário, mesmo se a pessoa não merecesse tais sentimentos e afeto vindo dele, o verdadeiro herdeiro de Eileen jamais mudava o seu jeito de agir.

Seu irmão era único, puro, e por pouco não o decepcionou — mesmo que em espirito. Mas, pensar desta forma não o tranquilizava, pois havia feito pior do que decepcionar Hashirama; o príncipe havia machucado Izuna não apenas fisicamente, e consequentemente, também a si mesmo. Madara era o irmão de Izuna e, em dias passados, o próprio Tobirama o considerava da mesma forma. Tarde demais entendeu que não havia coisa pior do que tentou fazer e o que fez. Eu não mereço o perdão de ninguém.

O Herdeiro De EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora