O Herdeiro De Eileen

27/07/1105 - 7:40h

O que Madara temia aconteceu, e agora me pego em dúvidas sobre a real razão de ele tanto temer tal coisa. Eu realmente não sei o que pensar no momento. Logo quando pensei que finalmente estaria livre de quaisquer segredos e mentiras, a mãe de Tobirama me fez ver o quão inocente fui, e talvez ainda seja.

Minha intenção era realmente não chamar a atenção, mas estando ao lado do príncipe, como meu irmão havia dito, é como pendurar um sino em volta do pescoço e desfilar pelo castelo.

Apesar de termos nos rendido aos toques e gemidos por praticamente todos os dias em que fui seu vigia, tentamos ser discretos, e pensei que realmente estávamos sendo, porém, aparentemente a rainha sabe mesmo tudo o que acontece aqui dentro.

Eu decepcionei o meu irmão novamente, mas, talvez ele tenha feito pior comigo, e me corrói por dentro não saber o que é. Sinto que ele mentiu para mim em algum momento, e não sei se devo perguntar diretamente sobre o que seria. A dúvida por talvez estar errado e julgá-lo apenas por um punhado de palavras de alguém que falei pela primeira vez apenas hoje é o que me impede. Madara nunca faria algo de ruim, mas e se ele tivesse mentido para proteger algo? Eu quero tanto saber, mas não farei nada.

Não pretendo contar a Tobirama sobre Madara. Ele já tem problemas demais para se preocupar com os meus. Ainda mais agora, que com certeza sabe que sua mãe está atenta sobre nós dois.

Não pareceu que ela tentaria algo de extraordinário, mas outra palavra dela me deixou ainda mais nervoso. Madara não está envolvido nesta parte. É algo no passado de Tobirama que me incomoda. Consigo entender o motivo de Tobirama esconder tal coisa, mas, me incomoda ele ainda tê-lo ao seu lado.

Talvez eu deva passar a trancar meus pergaminhos a partir de hoje, pois, escrever coisas sobre a família real não deve ser permitido. O que me faz entender um pouco o cuidado que meu irmão tem com sua própria escrita. Muitas coisas que são ditas aqui, podem não parecer grandes coisas para mim, mas, se outra pessoa soubesse, talvez fizesse todo o sentido. E não gostaria de saber se minha letra seria usada para o bem ou o mal. Apenas quero viver minha vida tranquilamente, sem me envolver em assuntos que não me pertencem. Mas, agora me pergunto: e se um dos assuntos envolvesse o meu irmão, o que eu faria?

Precisarei voltar para Tobirama em breve, e não sei como irei encará-lo depois de tudo. Me sinto um pouco nervoso, mas sei que ele será sincero quando perguntar sobre o que ouvi mais cedo.

Ele está com sua mãe neste momento, e aproveitarei os minutos que me restam para escrever sobre a manhã de hoje, e então quem sabe me acalmar e achar respostas.

Fui pontual ao chegar nos aposentos do príncipe durante a manhã. Como é o novo costume, cumprimentei o soldado que estava com ele e trocamos de lugar. Tobirama sorriu para mim e veio em minha direção. Quando a porta foi fechada e ficamos sozinhos, ele me segurou pela cintura e me recebeu com um beijo eufórico.

— Bom dia, pequeno — disse tão animado quando separamos os lábios.

— Bom dia — respondi em tom baixo enquanto tentava recobrar meus sentidos depois do beijo.

Tobirama riu baixinho — provavelmente pela minha cara de bobo enquanto sorria para ele. Nós permanecemos nos braços um do outro como sempre fazemos ao nos encontrar assim, e ele encostou sua testa na minha.

— Você não veio ontem, o que houve?

— Kei está doente — expliquei com calma enquanto acariciava seus ombros. — Tive que substituí-lo no lado de fora.

— Um dos outros poderia ter feito isso — seu tom foi desgostoso enquanto revirava os olhos. — Eu senti a sua falta — ele disse de modo manhoso e me deu um rápido beijo.