Ele mentiu para mim.
Mais uma vez estou em uma situação parecida com a de meses atrás. Na verdade, devo me corrigir, porque não foi nada parecido. A única semelhança foi que ele mentiu mais uma vez, e não foi como o motivo de se aproximar de mim, é ainda pior.
Eu não sei mais quem ele é, se tudo o que me contou foram mais mentiras ou se em algum momento foi sincero, mesmo que um pouco. Só o que sei é que definitivamente Damai não é quem disse ser.
Quando entrei em meu novo quarto e olhei meu reflexo no espelho, vi a pessoa mais idiota que existe. Haviam tantas coisas que apontavam a verdade para mim, mas eu as ignorei, cego pelos meus sentimentos. Mas, não me sinto triste. O que tenta sair de dentro de mim no momento é raiva, e me controlo para não pegar as minhas coisas e ir embora agora mesmo, antes que eu faça algo de que me arrependerei. Mas não posso fazer mais nada além de desabafar com a escrita. Meu irmão se decepcionaria comigo se eu fosse ou se demonstrasse o quanto me sinto traído, e no momento ele é a única pessoa neste lugar que sinto que é a quem devo me importar. Mas, ainda assim, não consigo pensar em outra pessoa a não ser o príncipe Tobirama.
Desde o momento em que acordei na manhã de hoje, eu não imaginava que estaria me sentindo assim em uma hora como essa. Quando arrumei as minhas coisas e me despedi dos meus pais, eu não imaginava que o aperto em meu coração só aumentaria quando chegasse ao Suq, e apenas Piers, Jan e Mira estivessem lá para se despedir. Damai não estava lá.
Eu não sabia muitas coisas enquanto subia na carruagem que me traria até o castelo. Principalmente que a tristeza pela ausência dele não me faria companhia por muito tempo. Que eu entenderia porque ele não foi e juntamente os motivos de muitas coisas das quais sempre me perguntei.
Quando cheguei ao portão do castelo, assim como os outros três que dividiam a carruagem comigo, me senti um pouco nervoso. Os portões se abriram e a arquitetura majestosa do lugar me deixou boquiaberto.
O castelo é um lugar que todos veem apenas à distância. É obviamente gigantesco, mas só estando tão perto que se pode ver o quanto este lugar parece ser absurdamente caro. Enquanto me aproximava, me peguei pensando no quão injusto o castelo é. Tão rico e bem guardado enquanto as outras vilas, principalmente da qual eu vim, são simples e com algumas pessoas que passam fome, ou que, para não passar por algo assim, trabalham até a exaustão.
Eu desci da carruagem um pouco hesitante, mas mantive minha postura quando vi quatro soldados guardando a entrada. Apenas um deles estava usando a mesma armadura que vi em Madara, e seus capacetes impediam que eu visse seus rostos. Os quatro permaneceram parados, parecendo não notar nossa presença. Quando a carruagem se foi e outras deixaram mais oito pessoas, eles finalmente se mexeram e abriram caminho para dois soldados, que surgiram com as faces sérias e suas capas vermelhas balançando suavemente por conta do vento.
— Parabéns pela admissão, soldados — o que tinha o rosto conhecido disse sem emoção alguma, e pareceu nos observar atentamente, um de cada vez. Quando seu olhar pousou e mim, ele não mostrou nenhuma reação e logo voltou para a frente. — Eu sou o capitão Madara Uchiha e este é o tenente Stán Donofir — ele fez um sinal para o homem que o acompanhava.
O tenente levantou o queixo quando foi apresentado e nos olhou com superioridade. O jeito com que ele se moveu ao lado de Madara fez com que o vento movimentasse ainda mais sua capa vermelha, que por ser mais curta que a do capitão, acabou inclinando suavemente para o lado. Tal cena pareceria majestosa, se o tenente Donofir não estivesse claramente se esforçando tanto para se destacar, o que tornou o momento mais ridículo do que belo.
— Nós somos os responsáveis por vocês — continuou Madara, dessa vez mostrando um pouco mais de seriedade no lugar da falta de expressão de antes. — Seu único objetivo aqui é proteger o príncipe Tobirama; quando, onde e a que horas eu achar necessário — meu irmão olhou com naturalidade para o tenente ao dizer a última frase, e com certo nervosismo, ele assentiu. — Qualquer ação fora de minhas ordens, que também serão ditadas pelo tenente Donofir, é extremamente proíbida. Se sentir vontade ou achar que deve fazer algo, não se incomodem em me pedir permissão, pois não a terão. Eu não quero saber de reclamações ou novas ideias, só peço que façam o seu trabalho — ele fez uma pausa e olhou diretamente para o homem ao meu lado. — E qual é o seu trabalho, soldado?
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O Herdeiro De Eileen
FanficHashirama Senju, o príncipe herdeiro de Eileen, está morto. O motivo de sua morte é um mistério para o reino, que vê sua última esperança de uma vida melhor ir com o filho do rei que cuida de nada além de seu castelo. Mas nenhum deles sente tanto a...