18/08/1105 - 15:00h

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No fim da tarde de ontem eu estava decidido a acabar com tudo aquilo, sem deixar que qualquer coisa me atrapalhasse, principalmente a raiva que ultimamente estava cada vez mais difícil de controlar.

Planejei conversar com Tobirama e logo depois com Yurem. Seria a minha última oportunidade nesta semana, pois na próxima os preparativos para o baile de Tobirama irão começar, e todos ficarão extremamente ocupados. Mas nem tudo saiu como o planejado. Após me banhar, saí em direção as escadas, encontrando Yurem ao lado de um dos soldados que sempre ficavam no portão principal. Não foi minha intenção espiar, mas assim que o avistei, o soldado estava entregando um envelope a ele. Imediatamente minha mente voltou no dia em que discuti com Tobirama e sem pensar, andei até Yurem. Ele me olhou com surpresa e dispensou o outro soldado. Quando ficamos a sós e um de frente para o outro, eu estendi minha mão em sua direção e Yurem juntou as sobrancelhas, inutilmente escondendo o envelope atrás de si. Revirei os olhos para aquele gesto.

— É para ele, não é? Me dê o envelope, Yurem!

— Eu não posso — disse ele com seriedade. — Você pode perguntar sobre o conteúdo para ele, se deseja tanto saber.

— Sabe muito bem que ele não irá me dizer — disse impaciente enquanto ainda mantinha minha mão estendida em sua direção. — Não tenho tempo para provocações agora, por favor.

— Eu não estou provocando — ele se defendeu com indignação. — Essa nunca foi a minha intenção. Não sei o que te faz pensar isso.

Eu o olhei atentamente e em seu rosto vi sinceridade, o que me fez sentir ainda mais idiota e lembrar de meus pensamentos sobre a conversa que teria com ele. Yurem podia ainda me incomodar, mas depois de tudo, passei a entender um pouco mais o seu lado. Ele disse que eu não entendia o que Tobirama passou, quando na verdade eu sabia, mas o que não queria enxergar era que Yurem também poderia ter passado pelo mesmo. Quando Tobirama me contou há algum tempo sobre seus irmãos, falou sobre Yurem rapidamente — provavelmente por medo de eu não gostar —, mas entendi que ele era próximo não apenas dele, mas dos outros também, e finalmente notar isso me deixou ainda mais envergonhado.

Eu entendia Tobirama, mas me faltou compreender Yurem. Tal pensamento me deu mais coragem de decidir conversar com ele, mas naquele momento isso teria que ser adiado. Algo me dizia que aquela carta não traria boas coisas, e me lembrar de alguns dias atrás, da hesitação de Tobirama em me contar, reforçou aquele pensamento.

— Eu não quero brigar, Yurem — afirmei seriamente. — Estou preocupado com o que possa ser, com o que pode acontecer com ele. É sobre o Touro, não é? — Ao ouvir minha pergunta, Yurem hesitou por um momento e a mão que segurava o envelope atrás de suas costas se abaixou.

Pensei que o entregaria, mas ele o apertou entre os dedos e balançou a cabeça negativamente enquanto sussurrava um pedido de desculpas.

— Apenas me dê o maldito envelope! — Minha paciência teve fim e eu exclamei em tom alto, o assustando um pouco. — Me dê, ou terei que contar para o meu irmão sobre isso.

Não queria e nem iria envolver Madara naquela história, mas se meus pedidos eram inúteis, pensei que com um pouco de pressão, ele cederia, e eu estava certo. Yurem hesitou no começo, mas logo me entregou o envelope, que abri no mesmo momento em que tocou meus dedos.

— Você pode ficar com isto — ele dizia enquanto eu lia atentamente o que estava no papel —, mas contarei a ele de toda maneira.

— Você não irá precisar — afirmei enquanto guardava o papel no envelope. Suspirei fundo na tentativa de me acalmar e olhei para ele. — Eu falarei com ele. Agora mesmo — terminei de dizer com nervosismo e me preparei para me retirar.

O Herdeiro De EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora