Nasur Munkar

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"Você sempre deve confiar em seu coração", foi o que a mãe de Izuna disse a Tobirama certa vez. E ela não poderia estar mais certa.

Assim que o soldado acordou naquela manhã, sentiu o mesmo incômodo que vinha o acompanhando há algum tempo. Ele sabia que algo estava errado, e mesmo com as palavras positivas de Tobirama, não conseguiu se desprender daquela sensação ruim, que queria avisá-lo de que era perigoso relaxar naquele momento.

A partida deles foi apressada, e Izuna não teve muito tempo para pensar no que poderia acontecer quando alcançassem o castelo.

Desta vez não foi o único a permanecer em silêncio; Tobirama e seu irmão também estavam concentrados em seus próprios pensamentos, ansiosos para resolver toda aquela história. Seria complicado, o soldado sabia, pois ainda não tinham provas concretas e, o pior de tudo, era sobre a mãe de Tobirama. Mesmo com a desconfiança de anos, não seria fácil aceitar tamanha tirania vindo de sua própria mãe, e o príncipe já sofria antecipadamente.

Ele se preocupava com Tobirama, porém, só conseguia pensar em tirar Madara daquele lugar o mais rápido possível. A sensação ruim aumentava a cada passo apressado que davam e seu coração gritava para que chegassem imediatamente no castelo, porém, foram capazes de apenas olhá-lo ao longe.

O caminho se tornou diferente do que pensaram que seria. De forma inédita, muitas pessoas perambulavam nas proximidades dos muros do castelo, o que os obrigou a permanecer em uma distância segura, com capuzes ocultando os rostos curiosos e preocupados. As pessoas sussurravam nos ouvidos umas das outras, e quando começaram a se mover dali, Izuna pôde ouvir uma delas comentar algo sobre traição e águia. Seus olhos se arregalaram e as mãos começaram a suar imediatamente. Izuna se virou na direção dos príncipes, e quando se olharam da mesma maneira, ele soube que também haviam escutado. Ele não havia imaginado aquilo.

Eu estava certo. Minha mãe estava certa. Ele fechou os olhos por um breve momento, se lembrando da voz de Harima.

Nasur Munkar, era sobre isso que estavam comentando. Era por isso que todos estavam tão agitados. Um lugar não muito longe dali, fora dos muros do castelo, mas que ao mesmo tempo pertencia a ele. O lugar mais alto da vila Senju, onde o céu parecia tão perto que dava a sensação de que podiam tocá-lo. Onde havia uma grande rocha com o formato que se assemelhava ao de uma águia, cujo o bico apontava para o castelo. Poucos moravam ali por conta do alvoroço que vez ou outra tomava o lugar, e principalmente pelo cheiro nada agradável e constante que impregnava o local. O cheiro da morte. Lá, os condenados eram levados para terem seus últimos minutos de vida.

Nasur Munkar, na língua antiga do reino significava "o bico de uma águia", mas o significado ia além daquela rocha que apontava para o castelo. O bico de uma águia, independentemente de onde fosse, significava a forca, e para Izuna, naquele momento, Nasur Munkar significava perder o seu irmão mais velho. Significava que havia falhado com ele, que a promessa que tinha feito fora jogada ao vento, para que uma águia mergulhasse nele e a agarrasse com seu bico.

Antes de receber a permissão do príncipe Hashirama, ele correu o mais rápido que pôde. Não se importou em olhar para trás e ver se estava sendo seguido, muito menos se alguém ali o reconheceria; Izuna correu desesperadamente, ansiando chegar no topo antes de todas aquelas pessoas.

A medida que foi se aproximando, mais pessoas apareciam, e em certo momento, teve que parar subitamente, pois uma multidão bloqueou a passagem.

Quando finalmente colocou os pés sobre o chão arenoso de Nasur Munkar, seu coração pareceu parar de bater por um momento e as que voltaram foram tão lentas quanto os movimentos das pessoas à sua volta. O lugar estava lotado e foi com muito esforço que se moveu lentamente entre as pessoas agitadas, para tentar poder alcançá-lo. Todos se empurravam e Izuna via as bocas se mexerem devagar, porém, não conseguia ouvi-los. O choque ao ver seu irmão com uma corda em volta do pescoço foi grande demais, e o desespero cortou seus sentidos.

O Herdeiro De EileenOnde histórias criam vida. Descubra agora