Dia 59 - Os veteranos

1K 161 35
                                    

20 de agosto

Querido Diário,

É a primeira vez que voltarei para a Academia Real de Taenia depois da minha fuga da noite que confrontei Lavinia na torre, e talvez eu esteja um pouco mais nervoso do que eu esperava.

Bom, já faz um tempinho que não escrevo. Então é melhor eu te atualizar sobre o que está rolando na minha vida...

Claro que a minha maior dúvida (e talvez a de algum de vocês) é sobre todo o material que meu tio Lucien tem eu seu quarto. Tinha falado comigo mesmo para esquecer o fato, mas como esquecer algo que mostra uma captura de tela de uma gravação de uma pessoa muito parecida com a sua falecida mãe? Ou como ignorar também a estadia de meu tio que se alongou e, aparentemente, não tem nenhum interesse de retorno para os Estados Unidos tão cedo.

Esperei quatro dias após o meu aniversário. Quatro longos dias para finalmente o encurralá-lo na biblioteca.

Tio Lucien estava com um livro grosso aberto na sua frente, seus óculos de leitura na ponta do nariz e a boca aberta em um pequeno “o” como se lesse algo interessante no livro centenário de capa de couro. Limpei minha garganta enquanto caminhava para o interior do ambiente, o que o fez erguer o olhar na minha direção, um sorriso brotou em seus lábios finos.

― Oh, Bran... não te vi chegar.

― Acho que estava muito entretido com a leitura. ― me aproximo da mesa e puxo uma das cadeiras me sentando de frente para ele.

― Está magnífica. ― ele responde e vira o livro na minha direção. ― Quando tiver uma oportunidade, sobrinho, tente ler essa biografia da primeira rainha regente do seu reino.

Rainha Margareth. Já estudei sobre ela em aulas de História na minha antiga escola, a San Sebastian, em Brewood.

― A Rainha dos Afogados. ― respondo.

― Ela mesma. ― tio Lucien sorri e bisbilhota as páginas quando vira o livro de volta na sua direção. ― A rainha que condenava os amantes a serem amarrados e jogados no Rio Sena. Os que ela amava, eram pedras e correntes nos calcanhares... ― ele me olha. ― Os que a traíam, eram postos dentro de caixões com pregos e o triplo de peso na base. Atirados na parte mais funda e esquecidos.

― É uma história um pouco... sombria. ― respondo.

― Houve tempos mais sombrios, Bran. Segunda Guerra, a Peste Negra... e ainda haverá muitos outros. Reze para que o seu reinado não seja marcado por alguma epidemia que mate metade dos seus súditos.

Balanço a cabeça concordando.

― Tio... ― tento mudar de assunto, uma vibe negativa atingiu nossa conversa em menos de cinco minutos.

― Sim?

― Depois da minha festa eu, hum, fui atrás de você. ― respondo. ― No seu quarto. ― seu olhar se ergue novamente para mim.

― Não me lembro...

― Você estava dormindo. ― esclareço. ― E, na sua mesa tinha uns papéis...

Vejo o maxilar de Lucien Stevens ficar tenso.

― São apenas bobagens, Brandon... é melhor esquecê-las...

― O que o senhor está fazendo realmente em Taenia, tio? O senhor veio me ver, passar o meu aniversário como disse ou... está aqui para tentar fazer uma das suas teorias? Acha mesmo que algum dos meus pais esteja vivo? Depois de todo esse tempo?

― Brandon...

― Você nem era próximo do seu irmão! Porque se importar agora? Porque depois de mais de um ano?

Diario de um jovem (príncipe) gay - Ano 02 | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora