Dia 56 - Reaja

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Trevor Shaenvski

Quatro mil, duzentos e treze. O número de livros na biblioteca particular da minha família em Petrovich ― e também o lugar que eles menos frequentam.

Lavinia está de volta ao reino, e isso deu uma aliviada na pressão entre meus pais e eu, mas ao mesmo tempo... há alguma coisa que minha irmã está escondendo e não quer me contar. Principalmente sobre o que fez e onde esteve todos os dias desde o nosso desencontro em Deelvin e toda aquela bagunça que teve.

Um fato bom é que, com Lavinia de volta, minha mãe fez com que meu pai relaxasse um pouco, e mesmo que eu pudesse ficar com o meu celular apenas das oito da manhã até as seis da tarde, já era melhor do que não tê-lo como antes.

Encaro o livro sobre a história dos Shaenvski em Petrovich e toda a rivalidade que tiveram com os Markovisk de Petrovich do Sul ― Delancy é a pessoa mais próxima de Bran que vive perto de mim, aliás.

Aumento o volume do som no meu fone de ouvido e “Every Breath You Take” estronda deliciosamente em meu ouvido. E isso me faz recordar um momento...

“Eu andava pelos corredores da Academia, um dia de visita de família, e meus pais, mais uma vez, não apareceram. O coro final de ‘Dark Horse’ terminava vindo da sala comunal, e a passos largos caminhei até lá e ali estava ele, Brandon J. Williamson Harrington, mãos no joelho tomando fôlego. Encarei a TV e vi a pontuação, até que ela era bonzinho...

Tomei coragem dando um passo a frente e perguntei:

― Posso jogar com você?

Talvez Bran estivesse desconectado demais do momento, porque acaba gritando e jogando o controle de suas mãos para o chão. Enquanto ele ainda está em choque, me curvo e pego o controle. Entrego na sua direção.

― Que susto. ― diz ele, a sobrancelha arqueada, duvidoso com a situação (e ele não tem culpa, sou um fodido que não sabe como agir perto dele, que vive dizendo as coisas erradas, fazendo as coisas erradas e sendo um maldito complicador para ele...).

― Desculpa.

― Tudo bem. ― diz ele balançando a cabeça de leve. ― Você também já voltou da visita?

― Minha família não veio. ― respondo e me surpreendo um pouco com a velocidade que essa resposta deixou a minha boca... ele não precisava saber disso.

― Eu sin... ― começa, mas não quero esse tipo de situação, então o interrompo:

― Vai me deixar jogar com você ou não?

― Er... claro, claro. ― digo e o deixe ser feliz na escolha da música, o que não funciona muito bem, já que ele coloca uma música pop com batida... diferente. ‘Tik Tok’ de uma pessoa chamada Kesha.

― Pronto ou não? ― pergunto depois de tirar o moletom e ficar mais confortável para dar uma surra nele.

― Para te esmurrar na dança? ― pergunta e solta uma risada de sua piada.

Fato que ele se daria melhor, o que eu acho uma injustiça e quando termina a música, não seguro a minha indignação:

― Não valeu. ― coloco as mãos no quadril. ― Você já estava aquecido antes.

― Não precisa ficar chorando, bebê.

― Nessa eu ganho. ― digo depois de revirar os olhos para o que Bran tinha dito.

― Certo. ― diz ele e me olha. ― Escolha a música. ― sorri;

A maior parte dos títulos não conheço, o que chega a ser um pouco sem graça, mas acabo colocando uma ‘Hey Mama’ do David Guetta. Pop eletrônico, é o que diz.

Diario de um jovem (príncipe) gay - Ano 02 | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora