Dia 77 - Você sabe montar?

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27 de setembro, segunda-feira

Querido Diário,

Tive uma noite péssima... talvez pelo fato de estar sendo assombrado pelas mensagens que recebi tarde da noite. Penso numa específica, naquela sobre os mortos não ficarem tanto tempo mortos em Taenia. Minha cabeça resgata uma memória minha de semanas atrás, mas... a balanço e tento fugir da fantasia que estava criando.

— Ah, você já tá acordado.

— Hã?

Olho para o lado e vejo Trevor se espreguiçando e me olhando com um dos olhos semiabertos.

— Não estava me observando dormir, estava?

— Bem que eu queria... — digo no momento em que seu braço passa por cima do meu peito e me puxa em sua direção. — Temos que levantar, Trevor...

— Nós criamos a nossa própria rotina, Bran. — ele faz um biquinho na minha direção. — Tem alguma coisa que você não tá me contando.

Seu braço sai de cima do meu corpo e ele se senta na cama, seus olhos me encaram.

— Achei que... achei que não estávamos mais escondendo segredos um do outro.

— Não estamos. — respondo e minhas mãos coçam.

Não estava pensando em compartilhar as mensagens que recebi para ele, mas se ele não perguntasse não tinha porque contar, então, logicamente, eu não estaria mentindo, não é? Mas agora, ele fazendo tantas perguntas, vou ter que contar e acho que vai ser melhor assim.

— Talvez não seja nada. — pego meu celular da mesinha de cabeceira. — Acho que é só um trote de mal gosto de algum conspiratório.

— Hã... você não tá melhorando nada com isso, Bran.

Desbloqueio a tela com meu Face ID e entrego o celular para Trevor ler. Observo enquanto seus olhos, ainda inchados pelo sono, vão deslizando pelas mensagens.

— Trevor?

Ele ergue o olhar na minha direção.

— Não sei o que te falar. — ele é sincero. — Ultimamente vai acontecendo de tudo e... qualquer coisa é possível agora, né?

Queria que não fosse...

— Acho que a gente pode deixar essa brincadeira para uma outra hora, o que acha?

— O que você decidir eu vou acatar... — ele bloqueia a tela do meu celular e joga no meio do edredom que cobre nossas pernas e se inclina na minha direção com um biquinho formado.

— Credo! — dou um pulo para o lado e ele parece espantado. — A gente nem escovou os dentes, porquinho.

— Desde quando você se importa?

— Trevor...

Ele solta um barulho parecido com criança birrenta enquanto salta da cama e vai em direção ao banheiro me olhando furioso de relance. A risada é incontrolável enquanto o sigo até o lavabo.

Paramos lado a lado ao lado da pia, de mármore, e encaramos nossos reflexos no espelho. É impossível não sorrir enquanto nos encaramos, o cabelo bagunçado de Trevor, nossas caras de sono e minha cara parecendo um louco depois de ter feito todo o caminho até aqui gargalhando.

— O que vamos fazer hoje? — pergunto.

Trevor olha para a janelinha do banheiro e a manhã ensolarada do outro lado.

Diario de um jovem (príncipe) gay - Ano 02 | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora