Dia 72 - Queda livre

648 130 54
                                    

Trevor Shaenvski

Even não durou o tempo necessário... pelo menos não foi meu pai quem veio me buscar dessa vez em Taenia.

Bran não responde minhas mensagens.

Lavinia me xinga de um milhão de nomes.

A coroa norueguesa pergunta onde está o verdadeiro príncipe.

A contagem de mortos já foi divulgada. 14 vidas foram embora, contado com ambos os lados da luta.

Mando outra mensagem para Bran.

Minhas malas são postas no avião que designaram para mim.

— Lady Amelie quem organizou tudo. — ouvi um dos comissários dizer.

Prendi meu cinto.

Prendi minha respiração.

Fechei meus olhos.

Mais uma vez estava indo para "casa" e deixando Brandon J. Williamson Harrington, príncipe herdeiro de Taenia e amor da minha vida para trás.

Merda.

Merda.

Merda.

Eu tinha que ter reagido mais. Lutado mais. Ter colocado a minha voz.

Minha mãe contava para mim quanto eu era pequeno que toda história tinha seu começo, meio e fim...

Ela contou pela primeira vez quando meu padrinho faleceu, ele teve um AVC e eu tinha 12 anos.

— Ele encontrou o epílogo da vida, Trevor.

— O que isso quer dizer, mamãe?

— Que ele completou sua história, sua jornada no mundo.

— Não tem nada depois do epílogo?

— Dizem que apenas a felicidade eterna.

— E se a história termina triste?

— A história não pode terminar triste, Trevor.

— Mas e se terminar?

— Ela não termina, bobinho.

Ela riu e passou a mão pelo cabelo.

Mas ela estava errada.

36 minutos de voo, meia xícara de café tomada e o primeiro solavanco atingiu o jatinho.

Fechei meus olhos, nunca tive medo de andar de avião, mas sempre tive medo dele cair.

E quando o relógio virou para o minuto 38 eu soube que tinha chegado no meu epílogo quando o barulho do avião silenciou no ar.

Sim, mãe, minha história terminou triste... você estava errada, não tive um final feliz, não fiquei com quem eu amo, não tive o perdão das pessoas que machucaram e nem pedi perdão para todas as outras que machuquei, não mudei o mundo e nem trouxe a paz para um povo que contava comigo como futuro rei.

Você mentiu e eu acreditei.

Abro os olhos antes de prender o cinto e sentir a aeronave colossal despencar pelo céu.

Diario de um jovem (príncipe) gay - Ano 02 | EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora