Bianca? -- Rafaella chamou ao se aproximar da mesa, vendo olhos castanhos erguerem e lhe fitarem. -- Pode vir aqui um minuto?
-- Ainda não terminei de comer. -- Bianca falou e Rafaella suspirou, caminhando até ela e se sentando de frente para a menor.
-- Obrigada. -- Rafaella disse baixinho, se arremessando nos braços de Bianca sem dar tempo da outra falar nada. -- Eu amei. -- Ela completou, sentindo finalmente os braços da menor se envolverem ao seu redor, abraçando-a de volta.
-- De nada. -- Ela replicou, sentindo Rafaella se afastar alguns poucos centímetros e plantar um calmo beijo em seu rosto.
-- Como conseguiu? -- Rafaella perguntou, removendo os braços do pescoço de Bianca, por outro lado, a mais nova permaneceu com seus braços ao redor de Rafaella. -- E não seja grosseira em sua resposta. -- Se aprontou em dizer ao ver que Bianca iria abrir a boca para dizer algo.
-- Hey! -- Bianca repreendeu, mas sua repreensão foi seguida de um enorme sorriso que enfeitou seus lábios. -- Pare de saber como eu vou agir.
-- Não dá. Você é previsível. -- Rafaella disse rindo baixinho e Bianca franziu os olhos.
-- Não vou te contar como consegui então. -- Bianca disse e Rafaella abriu a boca surpresa.
-- Não! Bia, olha... Eu retiro tudo o que eu disse. Você não é nada previsível, eu sequer sei que você só está fazendo isso para eu voltar atrás no que disse. -- Rafaella disse e Bianca riu, suspirando.
-- Tudo bem. Pedi para uma amiga pegar para mim. -- Bianca respondeu e Rafaella desviou o olhar para Gizelly, que havia tossido alto.
-- De nada. -- A morena falou e Rafaella sorriu.
-- Obrigada por isso. -- Rafaella disse e Gizelly se espreguiçou.
-- Eu preciso dizer "de nada" de novo? -- Rafaella riu graciosamente antes de ousar deitar a cabeça no ombro de Bianca.
-- Coma! Você quase não comeu nada. -- Rafaella impôs e Bianca negou.
-- Não estou com fome. -- A mais nova replicou e Rafaella sentiu Bianca começar a acariciar suas costas. Aquilo era novo, Bianca não fazia carinhos.
-- Mas precisa comer. -- Rafaella insistiu e Bianca voltou a negar.
-- Comi a fruta. Posso esperar o almoço agora.
-- Certo. -- Rafaella disse, vendo Gizelly olhar confusa para Bianca.
-- Só gostaria de agradecer ao sol por aquecer a pedra de gelo. -- Gizelly disse do nada, se levantando. -- Vou sair daqui porque sei quando atrapalho.
-- Você não está atrapalhando. -- Rafaella disse, se aconchegando mais nos braços de Bianca.
-- Tchau. -- Gizelly falou, se afastando e Manu riu
-- Nem pense em sair, Manu. Não estão atrapalhando. -- Rafaella disse ao ver o olhar de Vivian de quem também saíria. Ambas apenas assentiram e então a maior ergueu seu rosto, fitando Bianca com um sorriso divertido nos lábios.
-- O que foi? -- Bianca indagou.
-- Você realmente não acredita que eu só trabalhe na enfermaria? -- Ela indagou e Bianca suspirou. -- Que bilhete foi aquele? -- Ela perguntou rindo.
-- Eu sei que só trabalha, só quis te lembrar que esse lugar não é para você. Ela trabalha em um presídio e lida com pessoas perigosas todo o tempo. Você tem que, uh... -- Ela se inclinou para sussurrar, afinal as amigas de Rafaella não sabiam que elas não estavam realmente juntas. -- Encontrar alguém que não seja daqui para ocupar esse coração. -- Rafaella franziu o cenho e a fitou.
-- Por quê? -- Indagou confusa.
-- Você merece mais do que isso. -- Bianca disse, olhando para baixo e Rafaella levou uma mão até seu queixo, o erguendo.
-- E se eu não quiser mais do que isso? -- Rafaella indagou, encarando-a com intensidade e Bianca suspirou.
-- Você quer mesmo a médica, não é? -- Bianca perguntou em seu ouvido com ar de derrota e Rafaella negou com a cabeça, voltando a fitá-la.
-- Não estou me referindo à ela. -- Rafaella informou e Bianca se levantou, jamais deixando de olhá-la.
-- Você não deveria se envolver com ninguém daqui. -- Bianca disse e Rafaella se levantou junto. -- Você merece mais.
-- Como sabe o que eu mereço ou não? Você sequer me conhece. -- Rafaella disse veemente e Bianca passou uma mão pelo próprio rosto, respirando fundo antes de rir baixinho e levar uma mão até o rosto de Rafaella, acariciando-o.
-- Destemedida como sempre. -- Bianca disse sorrindo nostálgica e Rafaella estranhou a atitude. -- Os anos passam, mas você não muda.
-- Anos? Você me conhece de antes? -- Rafaella indagou e Bianca negou com a cabeça.
-- Não ouça as bobagens que eu digo. Só acordei com sono. -- Bianca disse, deixando um beijo em sua bochecha antes de começar a caminhar para longe.
-- Espere! -- Rafaella chamou, seguindo-a. -- Bianca! -- Tentou novamente, sem êxito. -- Eu não acredito em você. -- Rafaella disse no meio do corredor de suas celas, fazendo Bianca frear no mesmo momento e se virar para ela.
-- Não acredita em quê? -- Bianca indagou e Rafaella a alcançou, parando em sua frente. Sua respiração agitada pela aceleração de seus passos.
-- Que esteja sonolenta. -- Rafaella disse quase arfando e Bianca riu.
-- Tudo bem. -- Bianca disse dando de ombros e Rafaella segurou seu pulso, não deixando a menor continuar seu caminho.
-- Não acredito que você tenha dito "anos" por estar sonolenta. -- Confessou. -- Não acredito que tenha trocado os frascos por não ter notado e tampouco acredito que seja essa durona que todo mundo aqui dentro crê que é.
-- Ah é? -- Bianca perguntou e Rafaella assentiu, sentindo seu coração acelerado, ela só não sabia identificar se era por ter acelerado o passo minutos atrás ou por estar falando aquilo para Bianca.
-- Sabe o que mais eu acho? -- Rafaella indagou dando mais um passo a frente, vendo Bianca negar com a cabeça e prender a respiração. -- Que você gosta de mim. Que essas brincadeiras sobre me beijar são porque você realmente quer isso. -- Umedeceu os lábios e tomou ar.
-- E no que mais acredita? -- Bianca perguntou, encarando-a como se lêsse sua alma através daquele olhar.
-- Também acredito que o que você diz ser dó de mim é, em realidade, preocupação real.
-- Não me importo com você e não quero te beijar, Rafaella, não alucine. -- Bianca disse fazendo uma careta e Rafaella a encostou lentamente na parede entre duas celas quaisquer.
-- Então me prova. -- Rafaella sussurrou, plantando um beijo no canto dos lábios de Bianca antes de roçar seus lábios nos dela.
-- Rafaella, pare!
-- Não! -- Rafaella negou veemente, fitando os lábios rosados a centímetros dos seus enquanto sentia seu corpo inteiro quase tremular. -- Me prova que você não está louca para me beijar, para sentir o gosto dos meus lábios contra os seus.
-- Está retratando um desejo seu? Porque eu não quero isso. -- Bianca disse com a voz ligeiramente falhada e Rafaella colocou as mãos na cintura da garota.
-- Sim, é um desejo meu. -- Rafaella confessou, roçando seus lábios nos de Bianca. -- E se não for seu também então me afaste...
Os olhos castanhos queimavam Rafaella e ambas sentiam o ar lhes faltar, corações acelerados e o perfume de Rafaella exalando das duas.
-- Não posso fazer isso... -- Bianca disse baixinho. -- Não consigo te afastar. -- Confessou, sentindo seu peito doer devido à velocidade de seus batimentos.
-- Então me beija... -- Rafaella murmurou e no instante seguinte os lábios de Bianca pousaram sobre os seus com pressa e intensidade, porém, jamais perdendo a delicadeza e realizando, finalmente, o desejo de duas simples presidiárias.
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Presa Por Acaso
FanfictionO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Rafaella Kalimann não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar...