E quanto ao seu bem?

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-- Bia, você sabe que eu não sei lutar de verdade, não é? -- Gizelly sussurrou conforme se aproximavam das garotas da mini arquibancada.

-- Não iremos lutar, Gizelly, é só para fazer igual sempre e, bem, seu porte ajuda. -- Ela disse rindo, adotando a expressão séria e impassível assim que parou de frente para as garotas, fazendo até mesmo Gizelly se surpreender com tamanha mudança de humor em tão poucos segundos.

-- Algum problema? -- Bárbara perguntou e Bianca umedeceu os lábios.

-- Eu realmente não ligo para que merda de lugar vocês estão sentando, já que ainda sou eu que mando nessa merda, mas conheço vocês o suficiente para saber que querem falar comigo. -- Ela disse solenemente. -- Para terem vindo até aqui deve ser algo importante. -- A loira maior ajeitou o cabelo e se levantou, ficando cara a cara com Bianca, porém mais alta, afinal estava em cima da arquibancada.

-- Você manteve um riquinha em segredo. -- A garota disse cruzando os braços. -- Sabe bem o quanto adoramos assustar uma.

-- Ela está comigo. -- Bianca disse calmamente, como se aquela conversa fosse extremamente entediante.

-- Foda-se! A gente sempre faz as ricas nos conseguir algum dinheiro e alguns cigarros.

-- Vou repetir: Rafaella está comigo. -- Bianca disse entredentes, sentindo a paciência começar a se esvair de seus poros.

-- Você ficou frouxa com ela aqui. As pessoas já não te olham com tanto medo, já que vive sorrindo para todos os lados. -- A mulher disse e Gizelly empurrou o ombro da mesma assim que ela se aproximou demais de Bianca.

-- Sem tocar. -- Gizelly disse apenas duas palavras com a cara fechada, mas foi piamente respeitada quando a garota assentiu, voltando a fitar Bianca.

-- Rafaella está para sair, não vai dar tempo de conseguir nada para ninguém, então acho bom deixarem ela em paz. -- Bianca alertou.

-- O que ela te conseguiu? -- Bárbara, que ainda estava sentada, perguntou.

-- Alguns bons orgasmos. Sabe como é, não é? Não precisei forçá-la a nada, então saiu tudo mais gostoso assim. Reciprocidade é uma delícia, você deveria tentar experimentar. -- Bianca falou em tom zombeteiro, fazendo Bárbara bufar em tamanha raiva.

-- Você a manteve para si, então terá que nos pagar tudo o que ela poderia ter nos dados. -- A loira disse, ganhando a atenção de Bianca para si. Uma risada fria escapuliu de seus lábios.

-- Você está brincando, não é? Porque se não estiver, preciso informar que está começando a tirar a minha paciência. -- Ela disse e a loira suspirou, umedecendo os lábios.

-- Flay tinha nosso respeito e só estamos quietas porque ela pediu que obedecessemos a nova líder, mas você é fraca, não serve para esse cargo.

-- Fraca? -- Bianca perguntou indignada. Ela sabia que era só estalar os dedos e quase todas as detentas estariam ali dispostas a lutarem por ela, porém ela não queria briga.

-- Olha só, queremos alguns cigarros e você deveria nos ajudar. -- A loira rebateu e Bianca assentiu após alguns segundos de silêncio, sabendo que realmente a líder dali ajudava as outras acima de tudo.

-- Vou conseguir os cigarros, mas se alguém encostar um mero fio de cabelo em Rafaella ou simplesmente falar com ela sobre isso eu juro que...

-- Ninguém relará na galinha dos ovos de ouro. -- A loira disse e Bianca suspirou, súbitamente se acalmando.

-- Acho muito bom. -- Ela disse e as outras duas levantaram.

-- Desculpe ter sentado aqui. Estávamos apenas irritadas e viemos prontas para uma briga. -- A loira disse, estendendo a mão para Bianca.

-- Seria interessante ver vocês perdendo isso. -- Bianca disse friamente, esnobando a mão da garota. -- Agora saiam da minha frente, vou atrás dos cigarros.

-- Obrigada. -- A loira disse, se afastando delas no momento seguinte com suas companheiras.

-- Você acha que Rafaella dará dinheiro para os cigarros? -- Gizelly perguntou assim que as garotas se afastaram o suficiente e Bianca mordeu o lábio inferior, olhando com um olhar culpado para a morena.

-- Não pedirei nada a ela.

-- Bianca! -- Gizelly disse incrédula. -- Não acredito. -- Falou, passando uma das mãos no rosto. -- Como vai conseguir cigarro para tudo isso de detentas? -- A mais baixa comprimiu os lábios e Gizelly negou com a cabeça. -- Não. Não... nem pense nisso!

-- Eu não tenho outra opção, Gi! -- Bianca disse e a morena começou a caminhar irritada para longe de Bianca. -- Hey! Espere... -- A menor gritou, vendo Gizelly parar bruscamente e se virar para ela com o olhar enfurecido.

-- Você poderia não dar a porcaria dos cigarros para elas. -- Gizelly disse e Bianca negou.

-- Eu não permitirei que toquem em Rafaella. -- Bianca avisou. -- Não posso deixar que a machuquem. Não posso e não irei!

-- Ou seja, não será a madrinha do meu casamento. -- Ela disse irritada.

-- Tenta me entender... -- Bianca pediu cautelosamente. -- Tem apenas alguns dias para ela sair e...

-- E nada! Diz para ela que você precisa desse dinheiro e tenho certeza de que ela te ajudará com esses malditos cigarros. -- Gizelly disse irritada e Bianca negou freneticamente.

-- Não vou fazer isso. -- Bianca rebateu.

-- Céus, Bianca! Ela é podre de rica e pode resolver isso. -- Gizelly disse. -- Ela pode resolver isso e também pode resolver...

-- Não! -- Bianca rebateu. -- Ela pensou que eu fosse uma interesseira algum tempo atrás. Não quero que esse pensamento volte a surgir em sua mente. Eu não me importo com o dinheiro dela, só quero o seu bem.

-- E quanto ao seu bem?

-- Não vou ficar aqui discutindo isso. -- Bianca resmungou e Gizelly riu com frieza.

-- Eu amo você como uma irmã e Marcela muito mais, mas não posso ficar parada aqui vendo você se ferrar por ser orgulhosa.

-- O que vai fazer? -- Bianca perguntou temerosa.

-- vou dizer a ela sobre a merda dos cigarros e que ela não precisa esperar trezentos anos para que você saia.

-- Não se atreva! -- Bianca gritou ao ver Gizelly correr em direção à sua cela.

-- Onde está Rafaella, Manu? -- Gizelly perguntou assim que invadiu o local e Bianca segurou seu braço, a olhando com uma súplica silenciosa para não contar nada.

-- Uh, não sei. Uma policial a chamou há alguns minutos e ela foi. Ainda não voltou. -- Manu disse, se levantando da cama. -- Posso ir?

-- Pode. Está tudo bem, não se preocupar. -- Bianca informou e Manu sorriu aliviada, pedindo licença antes de sair dali.

-- Não me olhe assim. -- Gizelly disse de braços cruzados ao ver Bianca voltar a lhe fitar com súplica. -- Eu direi tudo a ela. Não esconderei mais nada.

-- Por fav...

-- Temos quase todo o dinheiro para você sair dessa merda. -- Gizelly a cortou. -- Não vou deixar que faça uma merda dessas agora que Marcela já juntou quase todo o dinheiro para a sua fiança. -- Protestou. -- Ela não vem trabalhando quase o período dobrado para pagar sua fiança para você fazer isso. Não mesmo.

-- Mas Gizelly....

-- Quero você como madrinha do meu casamento em alguns meses, não permitirei que estrague o meu momento. -- E dito isso Bianca se calou, aceitando Gizelly esperar Rafaella.

Esperou minutos; esperou horas... Esperou e esperou, porém ela não voltou.

Presa Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora