Presa Por Acaso

esperaria

- E aí a Vivian ganhou a última cicatriz dela. -- Manu contava enquanto a água caía sobre elas. Tomavam banho cercada de várias outras detentas, tendo Manu explicando sobre seu primeiro dia na prisão.

-- Ela te defendeu sem te conhecer? -- Rafaella perguntou verdadeiramente curiosa.

-- Ela tinha comido comigo nesse dia mais cedo e eu lhe ofereci o leite, já que não gosto. Acho que viramos amigas pelo brilho nos olhos dela quando aceitou o leite. -- Manu disse rindo baixinho.

-- Não entendo para que toda essa agressividade aqui dentro. -- Rafaella disse suspirando e Manu assentiu.

-- Mas dessa vez foi sem querer. -- Manu explicou. -- Elas não iriam me agredir, só estavam me chamando de trator ou porca e rindo da forma como eu dou risada às vezes. -- Manu disse um tanto desconfortável. -- Como se eu tivesse culpa. -- Falou desligando o chuveiro. -- E a Vivian não gostou.

-- Não ligue para elas, eu acho fofo sua risada e Bia também. -- Rafaella disse e Manu riu, soltando seu tão conhecido ruído pelo nariz e boca.

-- Quando você adiciona a parceira até em uma conversa dessa você já deveria encomendar o anel. -- Manu disse rindo. -- Você pensa nela o dia todo, não é? -- Rafaella mordeu o lábio inferior antes de abaixar o tom de voz.

-- Eu, uh, penso bastante. -- Confessou ruborizando.

-- Não precisa corar, amiga. Core só quando me disser algo que eu não saiba, tudo bem? -- Manu disse rindo, retirando o plástico de proteção da toalha antes de usá-la.

-- Uh, é que eu não deveria deixar-me sentir nada por ela. -- Rafaella falou, afundando o rosto entre a água e fechando os olhos para protegê-los da mesma. -- Mas não é como se desse para controlar, sabe? Dividimos a mesma cela e ela faz coisas tão doces por mim.

-- Ninguém manda no coração, Rafa. -- Manu disse. -- Essas pessoas que se afastam de alguém por medo de sofrer acabam sofrendo também em seus próprios interiores.

-- Sentir algo por ela não me trará nada de bom, Manu. -- Rafaella disse tristemente. -- Agora pode até ser tudo lindo caso ela corresponda, mas e lá na frente? E quando uma de nós sair daqui? Eu corro o risco de ficar vinte e dois anos aqui se tudo der errado, não quero ela tendo que perder a vida vindo me ver, tendo que ser revistada de forma... uh, íntima, sabe?

-- Mas se tudo der certo você sai em seis meses. -- Manu disse positivamente e Rafaella suspirou.

-- E ela em dois anos. Quer dizer, não temos futuro juntas. -- Rafaella disse e Manu sorriu tristemente.

-- Não esperaria por ela?

-- Esperaria. -- Rafaella disse sinceramente. -- É claro que eu esperaria, mas conheço a Bia o suficiente para saber que ela não admitiria esse tipo de vida para mim. Ela terminaria seja lá o que tivéssemos.

-- Então o que fará? -- Manu perguntou e Rafaella deu de ombros.

-- Não há nada a se fazer. Não consigo ficar perto dela sem beijá-la e não vou fugir disso, nem conseguiria. -- Confessou rindo fraco. -- Mas já sei o fim dessa história e já me prevejo triste nele.

-- E então a Vivian me disse isso. -- Manu disse rindo alto, fazendo Rafaella franzir o cenho confusa.

-- O que... -- Rafaella se calou quando sentiu um par de braços abraçá-la por trás e logo percebeu que Manu havia disfarçado.

-- Posso me juntar a você? -- Bianca perguntou, se afastando apenas para retirar sua roupa. Manu riu baixinho e piscou para Rafaella.

-- Já terminei meu banho mesmo, então estou indo. Até mais, meninas. -- Manu disse e Rafaella corou ante ao olhar malicioso e sugestivo de Manu.

Era óbvio que não fariam nada, até porque não estavam sozinhas ali.

-- Eu já estava de saída. -- Rafaella disse e Bianca riu, se enfiando em baixo do chuveiro com ela sem falar nada.

-- Você está corada por me ver nua? Você não corava antes... Ao contrário, ainda encarava meus seios descaradamente. -- Bianca disse rindo e Rafaella sorriu, saindo de baixo do chuveiro para deixar Bianca começar a se lavar.

-- Antes eu não podia te tocar. -- Rafaella falou mais baixo. -- Agora sei que você quer tanto quanto eu e, bem, ver você nua... -- Seus olhos acompanharam as mãos de Bianca percorrendo seu corpo enquanto se ensaboava. Rafaella engoliu em seco e desligou o chuveiro, vendo Bianca lhe olhar confusa. -- Para não gastar água a toa, sabe? -- Disse rindo sem graça e Bianca assentiu.

-- E então... o que dizia? -- Bianca disse provocando e Rafaella riu, estreitando os olhos.

-- Que eu malicio e, mesmo sem querer, é inevitável não desejar você. -- Rafaella disse, vendo Bianca lavar suas partes baixas antes de voltar a abrir o chuveiro para se enxaguar.

-- Vai ficar com frio aí. -- Bianca disse, puxando Rafaella para seus braços, fazendo seus seios baterem um pouco acima dos dela. -- Melhor aqui, hm? Mais quentinho... -- Bianca disse, se inclinando para dar um selinho em Rafaella.

-- Você e eu estamos nuas, Bi... -- Rafaella sussurrou, olhando em volta. -- Ficar me abraçando e usando esse tom rouco de voz não me faz feliz.

-- Não faz? -- Bianca perguntou arqueando uma sobrancelha e Rafaella mordeu o lábio inferior ao sentir os dedos suaves e molhados da maior deslizando por suas costas.

-- Não aqui. -- Rafaella se explicou, prendendo o lábio inferior de Bianca entre seus dentes. -- Onde eu não posso fazer nada além de me excitar vergonhosamente. -- A menor sentiu seu corpo acender diante do som arrastado que emanou de Rafaella em sua fala.

-- Você tem só mais cinco meses aqui... -- Bianca sussurrou contra os lábios de Rafaella. -- Então deveria não usar esse tom sexy para falar comigo... -- Ela disse e Rafaella prendeu os braços ao redor de seu pescoço. -- Se não eu não me responsabilizo por me comportar até lá.

-- Eu não quero que se comporte... -- Rafaella falou, erguendo ligeiramente a ponta dos pés para mordiscar o lóbulo da orelha de Bianca antes de se afastar bruscamente. -- Quero que tome logo esse bendito banho e me encontre na cela. -- Bianca sentiu seu coração acelerar e respirou fundo, mordendo seu lábio inferior.

-- Tem certeza? -- Bianca indagou e Rafaella sorriu maliciosamente, pegando uma das toalhas e abrindo a embalagem.

-- Você que tem que ter. -- Ela disse, envolvendo a toalha ao redor de seu corpo. -- Afinal, dessa vez você não poderá usar a desculpa de que tenho que ir para a enfermaria. -- Rafaella concluiu, mandando um beijo no ar antes de ir em direção a porta. Bianca riu graciosamente; adorava aquele jeito espontâneo e sexy de Rafaella. Definitivamente adorava.