Droga de posto.

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-- Hoje está mais frio do que o normal. -- Rafaella falou, se aconchegando mais nos braços de Bianca. Ela notou que sua namorada fitava Bárbara de longe e que provavelmente não ouvia nada do que ela falava. -- Bianca, está me ouvindo? -- Nenhuma resposta foi emitida e Rafaella bufou. -- E então a médica me beijou a força.

-- O quê? -- Bianca perguntou apressadamente, fitando seriamente Rafaella.

-- Viu só como não estava me ouvindo? -- Rafaella disse fingindo irritação. Bianca suspirou e enlaçou um braço ao redor de Rafaella, voltando a fitar Bárbara.

-- Desculpe, Rafa , é que... -- Ela negou com a cabeça. -- Algo está errado. -- Observou.

-- Como assim? -- Rafaella indagou.

-- Não sei explicar, mas conheço os passos de todo mundo aqui e Bárbara está agindo diferente hoje. -- Falou. -- Tomaremos banho juntas por precaução.

-- Não vejo problema nisso. -- Rafaella disse, soltando um risinho malicioso, porém o cessou quando viu que Bianca manteve o olhar em Bárbara . -- Vamos lá, me dê atenção, Bia... -- Rafaella pediu, apoiando a testa no maxilar de sua namorada. -- Eu só tenho mais umas duas semanas aqui. -- Bianca voltou a fitá-la e sorriu de lado, assentindo.

-- Está vendo aquelas duas loiras com quem ela está falando? -- Bianca perguntou e Rafaella assentiu. -- Foram presas por assassinato e são líderes de seus respectivos bandos.

-- Não foi uma delas que quebrou o nariz de Bárbara? -- Rafaella perguntou reconhecendo.

-- Exato. Ela jamais perdoa alguém, a menos que ofereça algo bom. Ela nos olhou quatro vezes hoje e seu padrão é duas. -- Bianca apontou os fatos. -- Sinto cheiro de encrenca.

-- Não seja paranoica. -- Rafaella disse, envolvendo os braços ao redor do pescoço de Bianca. -- Você é a líder daqui. Está segura. -- Os olhos castanhos a fitaram rapidamente.

-- Você se ouviu? -- Bianca indagou e Rafaella assentiu. -- Rafa, você sabe que eu... -- Limpou a garganta. -- Você sabe a verdade.

-- Sim, eu sei. O que tem?

-- Deveria saber que não estamos seguras de verdade. Eu sei lutar um pouco, porque aprendi, mas não é o suficiente.

-- Mas elas não sabem disso. -- Rafaella disse, dando um beijo no rosto de Bianca.

-- Tenho medo de que te aconteça algo. -- Confessou.

-- Nada vai acontecer, Bia. Não pense nisso. -- Ela pediu, dando mais um beijo no rosto de Bianca, que fitou uma das loiras no exato momento onde voltava a lhe encarar.

-- Não sei. Algo está estranho. -- Ela avisou, jamais desviando o olhar da loira.

-- Você só está com medo porque me contou a verdade e agora acha que algo vai dar errado, mas não vai, meu amor. -- Ela disse, puxando o rosto de Bianca em sua direção para lhe dar um beijo manso.

Aquilo definitivamente abrandou o coração de Bianca.

-- Tem razão. -- Disse relaxando. -- Acho que estou exagerando.

-- Sim. Sofia diria que você precisa de muito carinho para ficar calma. -- Rafaella disse sorrindo e Bianca arqueou uma sobrancelha.

-- Ela diria ou você? -- Bianca perguntou rindo.

-- Ela, sua maliciosa. -- A maior contestou e Bianca sorriu genuinamente.

-- Como se sente sabendo que poderá abraçá-la em poucos dias?

-- Ansiosa. -- Rafaella respondeu sorrindo. -- Vou exigir a guarda dela. Gabi não merece nossa sobrinha e nem deve querer mesmo a guarda dela. Uma criança dá trabalho.

-- Ela nem imagina ainda que você já sabe de tudo, não é? -- Bianca indagou e Rafaella negou.

-- Digamos que ela terá uma surpresinha quando eu sair daqui. -- Ela disse se levantando, puxando Bianca pela mão.

-- Aonde vamos? -- Bianca perguntou e Rafaella sorriu.

-- Andar. Não aguento mais ficar sentada. Já basta ficar naquela cela o tempo inteiro. -- Ela falou e Bianca assentiu, começando a seguir a maior, tendo seus dedos entrelaçados com os dela.

-- Manu já sabe que você vai sair? -- Bianca indagou ao ver a pequena correndo desesperada em sua direção.

-- Ainda não contei a ela. -- Rafaella confessou.

-- Vai deixar para a última hora? -- A menor indagou e Rafaella iria responder, porém se calou pelo fato de Manu ter parado arfante em sua frente. Carregava algo consigo.

-- Por que corria tanto? -- Rafaella perguntou rindo e Manu negou com a cabeça.

-- Manuella, você devia se manter afastada. -- A pequena disse, imitando a voz de Vivian, tomando mais um pouco de ar antes de prosseguir. -- Mas vocês me conhecem, não consigo te esconder as coisas, Rafa.

-- O que houve? -- A morena mais alta indagou e Manu apenas esticou a mão com uma revista para Rafaella, que a pegou após franzir o cenho. Seus olhos se arregalaram ao constatar que era ela na capa.

"A empresária Rafaella Kalimann reabre o caso e garante ser inocente." Ela mordeu o lábio inferior e logo dobrou a revista, escondendo aquilo.

-- Aonde conseguiu? -- A maior indagou e Manu umedeceu os lábios.

-- Está nas novas revistas que nos deram para passar tempo.

-- Droga! -- Bianca resmungou baixinho.

-- Isso quer dizer que todas aqui dentro têm acesso a esse material? -- Rafaella questionou e Manu assentiu.

-- É verdade? -- A pequena perguntou e Rafaella assentiu. -- Uau, você é podre de rica, tenho uma amiga rica, não acredito. -- Manu disse rindo, soltando seu famoso ronco. -- Saio em alguns meses, que tal pagar umas cervejas? Eu levo a carne. -- Rafaella sorriu diante da simplicidade de Manu. -- Poderíamos roubar alguns carros juntas, seria divertido. -- Ela sussurrou a última parte, porém logo riu ao ver a expressão confusa no rosto de Rafaella.

-- Está falando sério? Vai seguir roubando quando sair? -- Rafaella indagou.

-- Eu estava brincando. Vou esperar minha mulher sair. Ela sai em um ano e depois faremos nossa vida juntas.

-- Parece que temos algo em comum. -- Rafaella disse sorrindo. -- Mas lá fora vamos com calma. -- Alertou. -- Não é, Bia? -- Um alto suspiro foi escutado, fazendo Rafaella fitar sua namorada. -- O que foi, amor?

-- Eu avisei que teríamos problemas. -- Ela disse, apontando para a mini-arquibancada onde estavam minutos atrás, lugar o qual ninguém mais sentava além de Bianca.

Estava ocupada pelas duas loiras e por Bárbara.

-- Manu, leve Rafaella para a minha cela e chame Gizelly. -- Ela disse solenemente.

-- O que vai fazer? -- Rafaella perguntou preocupada.

-- Não posso deixar elas lá, vão me julgar fraca e teremos ainda mais problemas.

-- Bianca! -- Rafaella chamou e a morena lhe fitou. -- Não precisa dessa droga de posto.

-- Se eu quiser continuar com vida eu acho bom querer. -- Disse conformada. -- Uma líder só deixa de ser líder quando morre ou quando sai, então preciso ir ver o que elas querem.

-- Por que preciso ir para a cela?

-- Porque tenho quase certeza de que estão fazendo isso porque descobriram uma mina de ouro em você.

-- Mas não quero ir. -- Rafaella protestou e Bianca se virou para ela, se inclinando e lhe deu um beijo manso nos lábios antes de acariciar seu rosto.

-- Por favor, me escute, está bem? -- Rafaella mordiscou o canto de seu lábio inferior e assentiu um pouco contrariada.

-- Chamou, chefinha? -- A voz firme de Gizelly fez Bianca a fitar.

-- Chamei, Gizelly. Temos um pequeno grande problema para resolver.

Presa Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora