Toc Toc

866 113 29
                                    

-- Toc toc? -- Os olhos de Rafaella se ergueram ao ouvir a delicada e fina voz e seu coração se aqueceu ao ver a pequena imagem parada na porta de seu escritório.

-- Quem é? -- Rafaella perguntou sorrindo, correndo de trás de sua mesa para a direção da criança, que sorriu e correu em direção de sua tia, abraçando suas pernas com toda a força e ternura contida em seu ser.

-- É a soblinha que mais sentiu saudade no mundo da titia. -- A garota disse, fazendo Rafaella rir com suavidade antes de se abaixar apenas para levantá-la em seus braços e a sustentar em seu colo.

-- Eu morri de saudades de você, pequena. -- Rafaella disse, abraçando o pequeno corpo que estava agarrado a ela.

-- Foram quato longos dias, tia. Por que você não volta pala nossa casa? -- Sofia choramingou, colando sua testa na de Rafaella e pondo um manhoso biquinho em seus lábios. A mais velha suspirou e acariciou as costas de sua sobrinha.

-- Não quero ver sua outra tia por agora. -- Confessou.

-- Por quê? -- A menor perguntou ainda dengosa. -- É porque eu ainda chupo a pepeta? Eu julo que eu palo com isso, titia. -- A menina prometeu, fazendo Rafaella suspirar novamente.

-- Não tem nada a ver com você, minha vida. -- Rafaella assegurou. -- Só estou com outras coisas na mente por agora, mas logo logo prometo estarmos bem juntinhas.

-- Jula? -- Ela perguntou e Rafaella assentiu, vendo Sofia olhar para baixo e começar a cutucar o umbigo. A maior riu e removeu a mão da menina dali.

-- Juro. -- Falou. -- Não faça isso, sua pele já está avermelhada. -- Rafaella repreendeu e Sofia assentiu, abraçando o pescoço de sua tia fortemente.

-- A titia está me espelando lá embaixo. Por que eu não posso ficar aqui com você, tia?

-- Porque hoje eu vou visitar a minha namorada. Lembra dela? -- Rafaella indagou e Sofia levou uma mão até a bochecha e deu três batidas com o dedo indicador, indicando estar pensando.

-- A Bibia? -- Rafaella sorriu abertamente antes de assentir.

-- Sim. -- Respondeu simplesmente.

-- Você não gosta mais de mim por causa dela? -- Ela perguntou baixinho, mantenho seus olhos focados em Rafaella a espera de uma resposta.

-- Meu amor, presta atenção... -- Rafaella falou, ajeitando o cabelo da garota que caía em seus olhos. -- Eu amo você mais do que qualquer pessoa neste mundo, tudo bem? -- Falou suavemente. -- Me responda algo: Você gostaria de morar comigo? -- Os olhos da garotinha brilharam antes de ela assentir freneticamente.

-- Siiimm. -- Replicou animadamente.

-- Então guarde esse segredo, mas a titia está fazendo de tudo para você vir morar comigo. -- Rafaella respondeu o que, de fato, era real.

Ela havia aberto um processo requerendo a guarda provisória da garota e sabia que estava perto de conseguir. Infelizmente não poderia tirar Sofia de onde estava no momento, porém em poucos dias no máximo a teria sob seus cuidados.

-- Sua vovó tem ficado em casa? -- Sofia respondeu assentindo com a cabeça e Rafaella mordiscou o lábio inferior, se perguntando que tipo de estúpida sua irmã poderia ser para deixar Sofia no mesmo ambiente que Genilda todos aqueles meses.

Provavelmente estava sendo medicada ilegalmente como fora por anos, entretanto, aquilo acabaria naquele mesmo dia. Assim que ela voltasse da prisão ela internaria sua mãe. Faria as coisas certas daquela vez.

-- Você ficará com Gabi agora, mas quero que prometa que não ficará perto da vovó, está bem?

-- Por quê? -- A menina perguntou curiosamente.

Presa Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora