Bianca não sabia exatamente o que havia dado nela, entretanto, ver Rafaella sofrer nunca seria algo que ela fosse ver sem tentar fazer algo para ajudar. Era quase como se o estado de alerta que ela havia adotado nos últimos anos na cadeia se despertasse instantaneamente naquela situação.
Ela estava quase arrependida de estar ali parada atrás da cama de Genilda. A mulher não dormia, estava fitando a parede exatamente como quando Rafaella havia entrado no quarto e, Bianca só não desistiu porque precisava ao menos tentar.
-- Uh... Com licença... -- Usou seu tom mais doce, fazendo a mulher suspirar.
-- Eu estou cheia de remédio. -- A voz saiu mole, a língua ligeiramente dormente. -- Não preciso de mais, por enquanto. -- Falou sem emoção na voz. Bianca mordeu o lábio inferior e se atreveu a dar a volta na cama, ficando de frente para a mulher, que ergueu demoradamente os cílios, levando os olhos de encontro aos verdes.
-- Eu não, uh... Não trabalho aqui. -- Explicou, ganhando a atenção da mulher ali sentada. -- Eu vim conversar com você, mas você parece cansada. Por que não dorme um pouco? -- Sugeriu, vendo a mulher negar levemente.
-- Eu tentei, mas eu não consigo. -- Ela disse baixo, vendo Bianca suspirar.
-- Problemas com os sonhos? -- Bianca indagou e a mulher negou com a cabeça, sentindo os olhos pesados.
-- Eu juro que eu queria dormir. -- Explicou. -- Qualquer coisa é melhor que minha realidade. -- Disse, passando a mão pelo rosto. -- Eu não sinto a minha língua direito. -- Disse rindo tristemente. Bianca mordeu o lábio inferior e se aproximou alguns passos.
-- Posso, uh, te tocar? -- Perguntou mansamente. -- Sabe, para te ajudar a deitar. Sentada fica mais difícil do sono vir e acredito que você precise dormir, ao menos um pouquinho. -- Os olhos verdes da mulher analisaram Bianca, assentindo mansamente antes de sentir a garota lhe acomodar sob as cobertas e se sentar ao seu lado.
-- Você veio para tirar a dor? -- A mulher perguntou e Bianca franziu o cenho. Ela sabia que dizer coisas sem sentido às vezes era efeito da forte dosagem. Um riso amargurado saiu fraco por entre os lábios da mulher antes de suspirar. -- Me sinto tão mole que não consigo nem fazer o que eu queria.
-- E o que você queria fazer? -- Bianca perguntou, iniciando uma leve carícia no dorso da mão da mais velha.
-- Chorar. -- A mulher sussurrou, fitando Bianca com os olhos quase fechados.
-- É inevitável não sentir dor, só não é justo que você se culpe, uh? -- Bianca falou calmamente. -- Que tal descansar? -- Mudou de assunto, vendo a mulher assentir.
-- Só um pouquinho. -- Genilda murmurou, fechando os olhos.
-- Eu vou deixar você dormir tranquila, assim que acordar eu volto. -- O aperto em sua mão a fez parar eu voltar a fitar a mulher.
-- Fique. -- Foi tudo o que ela disse e, mesmo a mulher já estando de olhos fechados, Bianca respondeu baixinho.
-- Eu não vou sair daqui então.
[...]
O barulho dos pássaros fez Bianca arregalar os olhos rapidamente, percebendo que ainda estava ao lado da cama da mãe de Rafaella . Seu olhar foi de encontro ao da mulher e a viu encarando-a.
-- Quem é você? -- A voz saiu confusa, baixa e ainda arrastada.
-- Ontem a noite eu...
-- Eu me lembro. -- A mulher disse. -- Só quero saber quem é você.
-- Sou a, uh, vim com a Rafaella. -- Disse, não sabendo o quão bem a mãe dela recebia algumas informações relacionadas à filha.
-- Oh. -- Ela respondeu. -- Ela te mandou aqui? -- Indagou e Bianca negou rapidamente.
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Presa Por Acaso
FanfictionO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Rafaella Kalimann não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar...