- Estou ansiosa, sabe? Em pouquíssimos meses saio finalmente. -- Manu comemorou e Rafaella sorriu, olhando em volta.
Elas estavam na mini-arquibancada onde apenas Bianca se sentava enquanto a maior havia ido ao banheiro. O dia estava ensolarado e já fazia quase dois meses que a maior estava presa e quanto mais tempo ali, mais curiosa ela ficava sobre Bianca, mas não a pressionaria.
-- Você também deveria estar. Faltam quatro meses. -- Manu disse sorrindo e Rafaella forçou um sorriso, assentindo.
-- Estou, afinal verei minha sobrinha. -- Rafaella disse, sorrindo, dessa vez, sinceramente.
-- Olha só como nos olham. -- Manu disse olhando em volta. -- Como as rainhas do mundo. Céus! Eu nunca havia sentado aqui antes. -- Falou animada e Rafaella riu. -- Acho que ninguém daqui, na verdade. A única pessoa que sentava aqui era a ex-amiga de Bianca. -- Rafaella franziu o cenho.
-- Ex-amiga? -- Rafaella perguntou confusa.
-- Sim, a ex líder. -- Manu explicou e Rafaella a olhou surpresa.
-- Bia derrotou a própria amiga? -- Rafaella perguntou e Manu deu de ombros.
-- Não se surpreenda com algo assim, estamos na cadeia. -- Manu disse, porém Rafaella ficou ainda mais intrigada. Bianca disse que não queria amigos aqui dentro. Seria culpa?
-- Séria assim por quê? -- Bianca perguntou, fazendo Rafaella negar com a cabeça e sorrir fraco. A menor suspirou e subiu na mini-arquibancada, sentando-se ao seu lado. -- Não ficou contente com o que fizemos mais cedo?
-- Muito. Obrigada. -- Rafaslla disse, deitando a cabeça em seu ombro. -- Eu estava com saudades de falar com ela.
-- Falaram em um celular? -- Manu perguntou chocada e Bianca olhou em volta, verificando seu não havia policiais por perto. -- Vocês são doidas. Rafa, você está prestes a sair, não deveria arriscar.
-- Eu não deixaria ela levar a culpa. -- Bianca disse solenemente. -- E é melhor não tocarmos nesse assunto, não quero dar brecha para alguém nos ouvir. -- Avisou. -- Olha só o que eu trouxe para nós. -- Falou, retirando de baixo de sua blusa um cacho de uvas roxas.
-- Como conseguiu? -- Rafaella perguntou erguendo a cabeça, vendo Bianca retirar uma uva do cacho e levar até a boca da menor.
-- Sem perguntas. -- Ela disse, dando um selinho em Rafaella assim que ela capturou a fruta entre seus dentes.
-- Chata. -- Rafaella disse rindo, mastigando e engolindo a fruta antes de passar dois braços ao redor do pescoço de Bianca e apoiar seus seios no braço dela. -- Mais uma. -- Pediu, abrindo a boca e Bianca riu, levando mais uma fruta até seus lábios.
A maior segurou a fruta entre seus dentes e a direcionou até a boca de Bianca, fazendo a maior roubá-la e comê-la. Rafaella sorriu e pincelou seu nariz no de Bianca antes de apoiar sua testa na dela.
-- Me conta? -- Rafaella insistiu e Bianca sorriu, bufando antes de assentir.
-- Eu tenho amizade com a tiazinha da cozinha. -- Bianca disse baixinho e Rafaella riu de uma forma nasalada antes de fechar os olhos e lhe dar um beijo casto.
-- O mais bonito de tudo é que sem vocês nos falarem é possível ver o quão apaixonada vocês estão. -- Man disse suspirando e Rafaella, que acabara de capturar mais uma fruta entre seus lábios, começara a tossir incessantemente.
-- Você está bem? -- Bianca perguntou e Rafaella assentiu, tossindo ainda mais.
-- Foi só... -- Ela tomou ar quando a tosse cessou. -- A fruta. -- Disfarçou.
-- Uh, que bom. -- Bianca disse, vendo Manusorrir em sua direção e logo corou. -- Eu, uh, vou ali dentro ver se não...
-- Certo. -- Rafaella disse constrangida. -- Eu vou ficar bem aqui com a Manu. -- Bianca assentiu e se levantou, entregando o cacho de uvas para Manu.
-- Nos vemos. -- Bianca disse, incerta sobre beijar ou não Rafaella logo após Manu ter tocado em um assunto tão frágil.
-- Certo. -- Rafaella respondeu e Bianca sorriu amarelo, se afastando. A maior soltou o ar de seus pulmões e enterrou o rosto em suas mãos.
-- O que foi isso? -- Manu indagou confusa e Rafaella negou com a cabeça.
-- Não toque em assuntos como amor, paixão ou algo assim entre Bianca e eu, Manu. -- Rafaella pediu.
-- Por quê? -- Indagou confusa.
-- Porque... Não posso dizer a ela como me sinto. Não vê que ela fugiu? Claramente ela não quer que nos envolvamos nisso de sentimento.
-- Besteira! Vocês já estão envolvidas, só não tocam no assunto.
-- Não é tão simples desse lado aqui da história. -- Rafaella disse.
-- É sim. Vocês só precisam falar, porque qualquer um que olha vê que estão irremediavelmente apaixonadas.
-- Não precisamos falar então. Se qualquer um vê, então ela já deve ter notado também. Há coisas que não precisam ser ditas.
-- Você sequer tinha certeza se era recíproco se eu não tivesse falado. -- Manu alertou. -- Ela deve se sentir igual. -- A morena olhou em volta e suspirou.
-- Aos poucos nós duas vamos conversando. -- Rafaella disse e Manu sorriu.
-- Você tinha razão, sabe? -- a pequena falou e Rafaella franziu o cenho.
-- Em quê? -- Indagou confusa.
-- Em dizer que ela é boa. -- Falou naturalmente. -- Ela se esconde por trás da pinta de durona, mas tem um bom coração.
-- Sim. -- Rafaella disse, deixando um sorriso enorme rasgar seu rosto. -- Ela tem.
-- E é todo seu. -- Manu falou e Rafaella a fitou.
-- Eu acho que eu vou lá falar com ela. -- Rafaella disse e foi Manu quem sorriu abertamente dessa vez.
-- Sim! -- a pequena disse, batendo palminhas de excitação antes de um ruído escapar de si. -- Droga de risada que estraga meus momentos. -- Ela falou e Rafaella gargalhou.
-- Eu te adoro, garota! -- Rafaella falou ainda rindo e abraçou sua amiga.
-- Agora vá lá e use esse mesmo entusiasmo para falar que está apaixonada.
-- Eu não vou falar isso. -- Rafaella disse rindo. -- Digo, eu vou tentar, mas se eu ver que ela reage mal eu vou desistir.
-- Certo. Boa sorte nisso e bom divertimento no acasalamento pós revelação. -- Ela disse, piscando para a morena, que riu.
-- Não iremos transar. -- Rafaella disse, porém no fundo desejava que sim.

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Presa Por Acaso
FanfictionO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Rafaella Kalimann não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar...