Capítulo 44

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Chase

Assim que eu ouvi Charli bater a porta da frente, eu saí da cozinha caminhando devagar. Parei na sala onde meus amigos me encararam. Não disseram nada e pareciam já entender o que estava acontecendo, então apenas me olhavam com dor.

Fui andando até o meu quarto, tranquei a porta e me joguei na cama. Fiquei olhando o teto e tentando acalmar o meu interior. Eu não queria me entregar à toda aquela dor que eu estava sentindo. Precisava ser forte. Mas mesmo que eu tentasse pensar em outras mil coisas, na minha cabeça uma voz repetia "você a perdeu", e então eu desabei a chorar.

Por sorte, ninguém veio até o meu quarto tentar conversar comigo. Provavelmente, entendiam que agora eu e Charli precisávamos de um tempo sozinhos.

Passei horas na minha cama chorando que nem notei que já era tarde da madrugada. Eu levantei da cama, enxuguei meu rosto e fui até a cozinha.

Sentei ao balcão, cruzei meus braços sobre ele e deitei minha cabeça que latejava quase como se quisesse explodir. Senti uma mão tocar meu ombro e levantei a cabeça. Ness sentou ao meu lado.

— Como está se sentindo? — perguntou.

— Eu...Eu quero morrer... — apertei meus olhos impendido que qualquer lágrima descesse.

— Me dói muito te ver assim, maninho. Vocês têm certeza que não tinha outra alternativa?

— A gente tentou de tudo. Tentamos resolver as coisas no diálogo, mas gritar parecia sempre ser a melhor opção. Tentamos respeitar as opniões um do outro, mas também não deu certo. O único jeito de trazer a paz de novo era terminando.

— Acha que vai se sentir melhor sem ela? — eu neguei com a cabeça.

— Nunca. A verdade é que eu aceitei isso bem mais por ter medo.

— Medo? — franziu a testa.

— Medo que ela deixe de me amar por causa das nossas brigas... não sabe o medo que eu senti quando ela disse que era melhor terminar. Naquele momento, eu achei que tinha destruído o amor dela por mim.

— Mas não é bem assim.

— Não, ela me ama e eu a amo. E foi melhor ter terminado antes que a gente começasse a se odiar.

— Isso é triste em tantos níveis que eu nem sei que conselho te dar. — ela acariciou meu rosto.

— Creio que agora eu só precise continuar vivendo.

— Eu tenho certeza que vocês vão se resolver. — falou com otimismo. Eu sorri fraco. — Vou voltar pro meu quarto. Se precisar de companhia, pode me chamar. — assenti e ela saiu.

Voltei para o meu quarto e tentei de todas as formas pegar no sono, mas sem muito sucesso. Eu diria que cochilei por uns trinta minutos antes do meu despertador tocar anunciando que eu precisava levantar e ir ao colégio. Sinceramente, não tinha nenhuma vontade de sair de casa.

Me arrumei, comi bem pouco e saí de casa com as chaves do meu carro na mão. Assim que coloquei meus pés na calçada, vi Charli em frente à sua casa. Ela estava encostada em seu carro, de braços cruzados e os olhos fechados.

Destravei meu carro e ela levou um leve susto com o barulho, então subitamente olhou na minha direção. Nós nos encaramos e eu notei que ela parecia também não ter dormido.

Seus olhos estavam preguiçosos, seu cabelo preso num coque desarrumado, como se ela tivesse tentado arruma-lo às pressas. Ela desviou o olhar e encarou o chão.

— Já estou pronta! — falou Avani com alegria ao sair pela porta da frente. Assim que me viu, seu sorriso morreu. — Bom dia, Chase. — eu apenas acenei com a cabeça e entrei em meu carro.

Dirigi o mais rápido possível até o colégio. Cheguei e fui direto para a sala, me sentando no fundo ao lado de Anthony. Ele me olhou incerto, como se desejasse falar alguma coisa, mas não soubesse como se pronunciar.

— Eu estou bem. — falei o antecipando.

— Não parece. Você não dormiu, não é? — eu apenas suspirei. — Foi tão sério assim? Acha que não tem mais volta?

— Essa foi uma decisão de ambas as partes, Anthony. Eu não tenho certeza se vai ter volta.

Naquele momento, vi Becky entrar na sala sorridente. Assim que me viu, acenou animadamente e veio andando na minha direção. Anthony olhou pra mim como se dissesse "não fique perto dela".

— Bom dia, meninos! — ela disse animadamente.

— Bom dia. — respondi.

— Chase, que cara é essa? — perguntou preocupada. Ela estendeu a mão e tocou meu rosto.

Ouvi a porta da sala ser aberta e observei Charli entrar. Ela colocou sua mochila em uma das cadeiras da frente e paralisou ao me ver. Mas ela não olhava diretamente para mim. Olhava a mão de Becky tocando o meu rosto.

Incomodado, eu afastei a mão dela e olhei para Charli com receio. A única coisa que ela fez foi dar as costas e sair apressadamente da sala.

— Com licença. — falei me levantando.

Saí da sala a procurando, mas parecia que ela tinha ido muito rápido, pois não havia sinal dela no corredor. Comecei a andar pelos corredores tentando encontrá-la e finalmente, na porta da sala de música, eu a vi, mas preferia não ter visto. Ela estava abraçada ao Henrique e chorava enquanto ele acariciava a sua cabeça.

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Continua...

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