Capítulo 24

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      Albus Dumbledore sabia que havia algo de errado com o menino-que-sobreviveu. O diretor era um bruxo muito inteligente e perspicaz, e o comportamento avoado de Potter, desde o início do ano letivo, já tinha começado a despertar suspeitas no mais velho. Assim que o garoto descobrira sobre sua conexão com Voldemort, Dumbledore tinha feito o possível para alimentar o ódio que o grifinório mais jovem nutria pelo suposto assassino de seus pais. Ele havia mostrado algumas memórias sobre a vida de Tom Riddle, esperando que Harry se sentisse ainda mais estimulado a destruir o Lorde das Trevas, mas sua estratégia não parecia estar surtindo nenhum efeito e, frequentemente, Dumbledore percebia o olhar neutro, quase entediado, que o menino lhe direcionava, durante essas conversas.

      Além disso, o fato de Harry vir demonstrando uma aparência incrivelmente saudável era outro indicativo de que havia alguma coisa errada. O mais novo tinha alegado que vinha tomando muitas poções revigorantes e contra a dor, mas, ainda assim, aquele resultado era praticamente impensável, considerando que o garoto não encontrava com seu companheiro há, pelo menos, seis meses. Bem, era verdade que, às vezes, Harry parecia muito fatigado, mas não era nada que durasse muito mais do que dois dias. Albus já conhecera muitos casais de companheiros, e nenhuma poção, independentemente do quão bem feita fosse, tinha sido capaz de minimizar os efeitos da distância daquela maneira. E, sendo muito franco, Harry Potter não era nenhum gênio em poções.

      No entanto, a gota d'água havia sido a confissão de Peter Pettigrew. Por que Voldemort sacrificaria um de seus seguidores daquela forma? E Dumbledore não acreditava, nem por um segundo, que aquele showzinho patético não havia sido ideia do líder do lado das trevas, mesmo que o Ministério não tivesse encontrado nenhuma pista do paradeiro de Voldemort, ao interrogar Pettigrew. Por mais que odiasse admitir, Tom Riddle era um bruxo extremamente talentoso e era mais do que capaz de garantir que continuaria irrastreável, depois da confissão de Rabicho. O único benefício que Dumbledore conseguia imaginar vindo daquela situação era a liberdade de Sirius Black – o que o diretor, particularmente, não conseguia chamar de benefício, considerando o jeito impulsivo de Black -, e o Lorde das Trevas só se interessaria por isso, caso se importasse com Harry.

      Estaria ele tentando agradar o garoto, para fazer com que o salvador da luz se juntasse ao lado das trevas? Ou, pior ainda, estaria Voldemort tentando fazer Potter feliz? Dumbledore sabia o quanto a liberdade de Sirius significava para o menino e não poderia permitir que Tom usasse aquilo para chegar ao coração do outro. Ou será que, de alguma forma, Riddle já havia conquistado Harry, pelas costas do diretor? Seria possível que os dois estivessem se comunicando esse tempo todo? Não mesmo, aquilo jamais poderia acontecer. Harry Potter deveria se tornar o herói do Mundo Bruxo, aquele que derrotou o Lorde das Trevas, com a ajuda do grande Albus Dumbledore. Harry já era visto por muitos como um símbolo de esperança e, se ele mudasse de lado, todo o trabalho que diretor tivera, durante 15 longos anos, estaria perdido. Tom Riddle era um monstro e ele precisava ser destruído por Harry e Albus.

      Foi pensando em tudo isso, que Dumbledore decidiu que precisava ter certeza de que a lealdade do garoto não havia se alterado. Ele precisava garantir que Harry ainda faria o necessário para se livrar de Voldemort. Potter precisava ser a fraqueza do Lorde, e não sua força. Caso contrário...bem, não havia uma perspectiva de vida longa para Harry Potter, de qualquer forma.

      Em seus últimos encontros com Harry, Dumbledore havia tentando utilizar legilimência no menino, mas o escudo ao redor da mente do mais novo permaneceu firme. Aparentemente, as aulas com Severus, finalmente, estavam dando algum resultado, mas aquilo significava que Albus precisaria encontrar uma forma de fragilizar a mente dele, para conseguir invadi-la, sem que Harry percebesse a intenção do diretor. Ele precisaria da ajuda de alguém de confiança.

My Precious Mate - TomarryOnde histórias criam vida. Descubra agora