Capítulo 26

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      Assim que saiu da reunião convocada por Voldemort, Snape retornou à Hogwarts. O último dia tinha sido repleto de descobertas bastante desagradáveis, e o professor sentia-se exausto e chocado. Tudo o que ele queria no momento era um banho quente e um tempo sozinho, para organizar sua mente.

      Se quando viu as memórias de Potter, Severus sentiu qualquer dúvida em relação aos sentimentos do Lorde das Trevas pelo garoto, elas haviam sido sanadas. Era mais do que óbvio que Voldemort o amava e, por algum milagre, Harry correspondia ao sentimento. Por Merlin, Snape nunca mais se esqueceria dos gemidos obscenos de Harry na enfermaria, enquanto pedia por mais. A relação dos dois explicava a mudança súbita no comportamento do mais velho. Quem diria que o amor seria aquilo que transformaria o Lorde das Trevas?!

      O pior de tudo era que, agora, Severus também acreditava na história que Voldemort – ou Tom, como Potter o chamava – havia contado ao menino. Considerando o desespero nos olhos vermelhos, quando o homem achou que Harry havia sido ferido, e a forma ameaçadora com que ele avisara aos Comensais da Morte para ficarem longe do garoto, tornava-se difícil acreditar que o Lorde mentiria para o outro. Na verdade, parecia impossível imaginar Tom tomando qualquer atitude que pudesse ferir Harry física ou mentalmente. E isso significava que Snape tinha depositado a fé na pessoa errada por todo esse tempo.

      Bem, na época em que se aliou a Dumbledore, a situação havia sido muito mais complicada, por cauda da morte dele, seu companheiro, a única pessoa a quem ele tinha se entregado de corpo e alma. Aquela dor era o segredo mais bem guardado do professor. O relacionamento dos dois havia sido uma espécie de paraíso particular, em meio a uma guerra da qual não queriam fazer parte e, por isso, acharam melhor não contar a ninguém sobre o laço que os conectava. Afinal, não era um bom momento expor possíveis fraquezas. No final, esconder seu relacionamento não havia adiantado de muita coisa, ele havia perdido o amor de sua vida mesmo assim. E Albus lhe ofereceu uma forma de voltar à vida, mesmo com o buraco em seu peito. O diretor havia lhe dado uma missão, e ele precisava se manter vivo para cumpri-la.

      No entanto, agora, ele começava a ver o verdadeiro Albus Dumbledore, que era culpado por outras de suas dores e perdas, que havia tirado tanto de várias pessoas. Ao pensar no velho, a raiva e o nojo o dominaram, e ele sabia que qualquer aliança que tiveram no passado estava acabada para sempre. Mas a questão que restava era: seria ele capaz de voltar, verdadeiramente, para o lado das trevas? Se optasse por uma resposta afirmativa, estaria traindo seu companheiro morto? Por Merlin, ele nem sabia se sobreviveria às consequências, caso decidisse tomar o partido de Voldemort.

- Severus? – a voz que ele menos queria ouvir no momento o chamou, batendo na porta. Sabendo que não poderia evitar o encontro, Snape abriu a porta. – Severus, estive procurando por você a manhã inteira!

- Eu deixei um bilhete em seu escritório. – respondeu sem emoção.

- Sim, você disse que Voldemort convocou uma reunião urgente, mas esperava que você viesse me procurar assim que retornasse. – Dumbledore parecia impaciente. – Você conseguiu vasculhar a mente de Harry? Encontrou alguma coisa relevante?

      O diretor estava ávido por informações, e Snape se sentiu enjoado.

- Não encontrei nada que o ligasse a Voldemort, Potter não tem feito nada de minimamente suspeito. – mentiu. – Ele passa um tempo absurdo na Sala Precisa, no entanto. – disse, tentado dar a entender que queria prejudicar o garoto. Ele precisava manter a fachada.

- Ah. – a mente de Dumbledore trabalhava freneticamente. – Bem, fico aliviado. – deu um sorriso forçado. – Me conte sobre a reunião com Voldemort.

My Precious Mate - TomarryOnde histórias criam vida. Descubra agora