Capítulo 3

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"você foi ótima, Sophie, muito obrigado, está dispensada por hoje" – o adorável produtor diz quando entrego de volta a pistola preta com as iniciais CB gravadas em dourado que pertencia a minha personagem. Lhe ofereço o melhor sorriso que consigo e quando me é devolvido meu celular, vejo três chamadas perdidas de Alexander.
Porra! A reunião!
estava atrasada demais para pensar em vestir qualquer outra coisa. Essa era uma reunião importante com alguns dos magnatas que queriam visitar-nos no próximo mês. Precisávamos colocar nas máscaras e agirmos como se ainda tivéssemos um imenso carinho um pelo outro apesar do fim desastroso do nosso casamento.
Pego minha bolsa e enfio minhas coisas lá dentro saindo do set o mais rápido que conseguia.

Quando chego na frente do prédio, consigo ver o assistente de Alexander na porta com seu tablet nas mãos e o olhar preocupado.

"ah, senhorita Parker, que bom que chegou. Eles estão esperando na sala dois" – murmuro um obrigado conforme andava em passos apressados até o elevador e aproveito para soltar meu cabelo do rabo de cavalo todo bagunçado por causa das cenas de ação que gravei. Com algumas passadas dos meus dedos pelos meus fios escuros, consigo deixa-lo em uma bagunça sexy como alguém que acabou de sair da cama.
As portas se abrem e ando até a sala de reuniões onde o grupo de acionistas estavam reunidos conversando. Minha presença é bem notada por eles. Passo por algumas das cadeiras e me sento na ponta que não estava ocupada pelo meu ex marido.
Alexander Blackwell.
O que dizer sobre esse homem?
Bom, se me perguntassem até um ano atrás eu diria que ele era a melhor pessoa que já havia conhecido e o melhor ser humano do planeta.
Ele era tudo pra mim.
E é incrível como em um momento você tem tudo e no outro não tem mais nada.
Em um momento está perfeitamente feliz com o amor da sua vida e no outro essa mesma pessoa te deixa chorando como um bebe no chão do quarto após você descobrir que ele vinha te traindo com uma mulher que não valia o chão que pisava.
Eu sinto seus olhos me acompanharem em cada movimento até eu me sentar, e não podia odiar mais o quanto aquilo ainda mexia comigo. O quanto ele ainda penetrava na minha pele e eu ficava pensando nos detalhes daquele rosto perfeito por horas depois de encontra-lo em reuniões como essas.

"agora que estamos todos aqui podemos começar" – sua voz grossa anuncia e os homens em seus ternos começam a prestar atenção nos tópicos apresentados pelo seu chefe.

Foram duas horas no total discutindo detalhes do que faríamos quando os investidores londrinos viessem visitar a empresa. Precisaríamos ficar na cola deles e mostrarmos que valíamos a pena, que não éramos apenas um nome famoso.
Todos eles já estavam fazendo caminho para os elevadores e eu também me levantei da cadeira com intenção de fazer o mesmo. Mais de um minuto em uma sala sozinha com Alexander e eu entraria em um ataque de pânico

"que roupa é essa?" – ele pergunta me fazendo parar na metade do caminho até a porta de vidro da sala onde estávamos a sós agora. Eu olhei pra baixo para o meu vestido e em seguida pra ele com as sobrancelhas curvadas

"um... vestido" – ele aperta os olhos

"não apropriado pra uma reunião cheia de homens" – dou uma risada desacreditada da audácia desse homem

"ah, pobrezinho... o que foi? Com medo de eles verem e começarem a comentar o quanto você perdeu?" – pergunto fingindo uma expressão de tristeza que faz ele quase fumegar de raiva. Seus olhos queimavam em mim e eu adora que ainda tinha pelo menos uma faísca do poder que antes segurava sobre ele. Alexander era um homem muito poderoso, não é controlado por nada nem ninguém. Ele dá as ordens e coitado de quem ousar desobedece-las.
Ele sempre soube que não tinha esse poder em mim e que nunca teria. Então eu fazia proveito desse fato e amava meus joguinhos de poder e sedução.

"da próxima vez só tente ser um pouquinho mais discreta. Principalmente com os investidores" – ele estava sério. Seu maxilar travado mostrando as linhas perfeitamente desenhadas de seu rosto. Ele era dolorosamente lindo. Um homem de tirar o folego. E ele sabia disso.

"vou usar o que bem entender e foda-se o que eles pensarem. Se relacionarem as vestimentas de uma acionista majoritária ao desempenho, caráter e competência da empresa, sinto muito, mas eles não são pessoas com quem tenho interesse em assinar alguma coisa, muito menos uma parceria" – eu digo em um tom final e pelo seu olhar ele entendeu o recado e sabe que eu estou falando sério. Andei mais alguns passos até ouvi-lo falar de novo

"você não era assim quando estávamos casados" – ele diz baixo. Seu tom de voz quase em... pesar? Sem me virar eu lhe respondo

"não sou sua primeira dama mais. Não tenho que me preocupar em fazer alguma coisa e que ela te afete depois, que afete essa imagem de "homem perfeito" que a mídia tem de você. Então aprende a aguentar. Não dou a mínima se não gosta. Não sou mais da sua conta" – não me viro para ver se ele tem alguma reação ou se tem mais alguma coisa pra me dizer.
Na segurança do meu carro eu posso soltar a respiração que nem percebi que estava segurando. 

Once Again (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora