Capítulo 8

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- POV Sophia Parker –

Após o jantar ter acabado eu estava já dentro de casa dando uma geral na bagunça da cozinha para facilitar o trabalho da minha diarista que vinha amanhã. Alexander estava acompanhando nossos convidados para fora e com sua cara extremamente satisfeita por ter conseguido a simpatia tanto profissional quanto pessoal dos dois investidores que vieram.
Depois de ter jogado alguns plásticos no lixo eu me viro para ver aquela mulher parada me olhando como se eu fosse a pior ameaça existente no seu mundo.

"posso te ajudar...?" – pergunto mesmo sem parar de arrumar as coisas no balcão

"você pensa que não é nada quando na verdade ainda é tudo" – imediatamente franzo meu cenho. Ela era mais doida do que pensava

"do que está falando?" – ela balança a cabeça

"era tudo um plano sabia? No começo quando o conheci era tudo um plano para atrair fama, eu nunca pensei que iria me apaixonar de verdade" – eu paro o que estava fazendo e me viro de volta para ela – "mas eu me ferrei. Porque ele te ama igual louco e nada que eu fizesse iria mudar isso, sei disso agora e foi estúpido da minha parte pensar que sim" – eu deixo um suspiro sair do fundo dos meus pulmões conforme absorvo a informação

"você tirou meu marido de mim por fama?" – eu pergunto cruzando os braços

"se vale de alguma coisa, ele não estava na sua melhor fase" – eu dou uma risada sem humor

"e isso te faz pensar que eu, por essa razão não iria querer continuar? O que? você pensa que em nove anos de casamento ele não teve uma fase ruim, que eu não tive uma fase ruim?" – eu sentia meu sangue ferver e todo o nervosismo se transformando em raiva fulminante. Essa vadia tinha coragem de roubar meu marido de mim e vir na minha casa reclamar que ele ainda estava apaixonado por mim?

"ele era um cara rico e famoso o suficiente para me colocar no olho da mídia. O encontrei bêbado em um bar chique onde os nerds do Vale se encontram e ali estava minha oportunidade. Nunca pensei em como afetaria você no começo e depois estava apaixonada demais pra começar a ligar" – eu reviro os olhos não aguentando a petulância daquela mulher bem debaixo do meu teto

"você poderia ter sido tão mais do que isso" – eu digo de maneira indignada – "fazer o que você fez só te faz exatamente como as outras" – ela levanta as sobrancelhas

"e você nunca tirou vantagem dele e ele de você?" – ela pergunta num tom irônico que me irrita mais ainda

" não, não, querida, eu era Sophia Parker bem antes de ser Sophia Blackwell" – eu digo com a voz tão firme quanto queria que fosse – "eu realmente fiz um nome para mim mesma exatamente porque ser definida pelo homem com quem eu estava me deixava doida" -ela me olha diferente agora. De um jeito que não sabia bem como explicar – "eu não queria nada mais do que um casamento com Alex. Não dava a mínima se as pessoas iriam pensar que era tudo planejado por causa do quanto nós compartilhávamos com a mídia. Nada disso importava porque no fim de um longo dia eu o tinha aqui pra me abraçar e mandar toda a tensão pro inferno" – nós duas ficamos em silencio por um tempo... até Alex surgir dentro da cozinha

"me espera no caro" – ele diz a Nora que apenas pega as chaves de sua mão e sai pela porta do jardim em silencio.
Pelo olhar no rosto de Alex eu sabia que aquela não era uma conversa que eu estava com cabeça para ter, então exatamente por isso, não disse nada – vou terminar tudo com ela – eu paro de fazer o que estava fazendo e olho pra ele – "não sinto nada por ela, Nora estava certa eu ainda sou louco por você" – eu dou uma risada fraca

"gostaria que tivesse pensado nisso antes de me mandar os malditos papéis" – digo já sem paciência e quando tento passar por ele, sua mão agarra meu braço em um aperto firme que me puxa para perto dele.
Estar tão perto dele desse jeito depois de meses, me fizeram saber que ele ainda tinha o mesmo efeito de quando me puxou para um beijo naquela festa e ganhou meu coração no sorriso lindamente bobo que tinha no rosto depois de pararmos para retomar o folego. Aquela tinha sido a melhor noite da minha vida até então e apesar de ter tomado uma ou duas taças a mais de champanhe eu nunca vou me esquecer de nenhum detalhe daquelas três horas de festa antes de irmos para a linda cobertura que ele tinha em New York.
Seu olhar antes era jovial e aventureiro e apesar de tudo me doía ver que aquele olhar mudara drasticamente. Agora era cansado, envergonhado e doloroso. E vendo aquilo, vendo sua alma por aquele olhar, eu sabia lá dentro sem sombra de dúvidas que ele estava realmente arrependido de ter causado tanta dor em ambos nossos corações. Mas apesar de tudo, dentro de mim, eu não me sentia nem um pouco preparada para perdoar nem metade do que ele tinha me feito passar.
Sua boca estava perto, a centímetros da minha. Eu conseguia sentir sua respiração em meu rosto e seu coração batendo tão rápido que poderia rasgar a camisa preta que usava por baixo da jaqueta azul escura. Eu queria tanto ceder e poder me deliciar na sensação de ter sua boca na minha de novo, me perder naqueles lábios, pedir para ele me levar lá pra cima e colocar aquela boca em um lugar um pouco mais abaixo do meu corpo, mas... não.
Não.
Eu não sou ela.
Sem ser grossa eu desvio dos seus lábios e ouço seu suspiro frustrado.

"eu não sou ela Alex, eu nunca vou ser ela" – ele não responde nada, fica encarando o nada por aproximadamente dez minutos antes de se mover de novo

"isso não muda nada, eu ainda vou terminar com ela. Já fiz merda demais, não posso ser responsável por mais essa" – eu não olhava para ele. Não conseguia...

"faça por sua conta e risco, mas sabendo bem que não vai mudar nada entre nós. O que está feito, está feito. Nada pode mudar" – eu não ligo que ele tenha ficado lá embaixo conforme eu fiz caminho até meu quarto e me tranquei ali dentro.
Tirei meu vestido e saltos, os deixando na poltrona do meu closet. Como minha mente estava inundando, resolvi me deixar levar pelas memórias enquanto a água enchia a banheira. Me deixei viajar pelas memórias antes que elas me sufocassem por inteira 

Once Again (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora