-POV Sophia Parker –
"juro que você me atendia mais frequentemente quando era casada e não precisava de mim" – é a primeira coisa que ouço quando atendo a chamada de vídeo da minha mãe. Estava neste momento arrumando minhas malas depois de um dia cheio no set de fotos que fiz para a People Magazine. A entrevista foi bem melhor do que pensava e ninguém tocou no assunto das fotos que vazaram de mim e do Alex depois do nosso jantar num restaurante no começo da semana.
"me desculpa, está sendo umas semanas ocupadas com o fim das gravações, tive algumas entrevistas e umas fotos para a People hoje à tarde" – sigo dobrando minhas roupas colocando-as na mala aberta no chão do meu closet
"vai me contar o que foi aquelas fotos no começo da semana" – mordo o lábio parando com as dobras por um momento
"por favor não me julga" – ela solta uma risada e balança a cabeça negativamente
"e quando é que já fiz isso alguma vez?" – abaixo minha própria cabeça ainda com o lábio inferior entre os dentes
"eu não sei o que aconteceu. Eu o odiava até um mês atrás, então conversamos algumas vezes e ele me pediu para dar uma chance a ele de me conquistar de novo" – fecho meus olhos. Quando eu pensava sobre a situação em um todo era ainda mais louco o que eu estava fazendo
"eu não posso te julgar, você sabe o que aconteceu entre mim e seu pai no começo" – ah, sim, a história de superação dos meus pais que para mim sempre foi melhor do que qualquer conto de fadas quando criança. Meu pai traiu minha mãe quando estavam namorando e uma semana depois minha mãe descobriu que estava grávida de mim. Eles sempre pensaram que minha mãe nunca engravidaria por causa da trompa que não funcionava, então quando ela contou ao meu pai eles resolveram que iriam realmente tentar dessa vez. Durante a gravidez eles se apaixonaram de novo um pelo outro e quatro meses depois de eu nascer, eles se casaram.
"acha que consigo me apaixonar por ele de novo?" – ela solta uma risada
"e você por acaso deixou de ama-lo?" – solto uma risada também junto com um suspiro.
"não, mas... preciso muito confiar nele de novo... do jeito que eu costumava fazer" – ela fica em silencio por uns segundos
"não vou dizer que está certa ou errada de estar fazendo isso, mas... um conselho... proteja seu coração dessa vez, como eu fiz. Só entregue quando tiver plena certeza de que ele não vai te machucar de novo" – tento segurar as lágrimas dentro
"como vou saber a hora certa?" – pergunto não conseguindo disfarçar a voz fraca
"você vai saber lá dentro. Algo no seu instinto vai te dizer" – sorrio
"obrigada, mamãe" – ela sorri
"te amo princesinha"
"também te amo" – desligo a chamada e abaixo a cabeça. A memória veio como uma avalanche e não consegui me blindar dessa vez.
-Nove Meses Atrás POV AUTOR (Flashback) (Love me or leave me – Little Mix) –
Ela tentava a todo custo não deixar as lágrimas caírem, mas aquilo era doloroso demais para não deixar sair de alguma forma. O ar parecia ter sido drenado completamente dos seus pulmões e aquilo doía.
Já havia deixado de ser somente emocional a um tempo atrás.
Aquilo doía dentro de suas entranhas.
Ela sentia como se Alex estivesse arrancando seu coração com as próprias mãos e em seguida tivesse jogado no chão e esmagado com o pé."por favor... por favor"– ela implora com a voz fraca. Um soluço profundo corta sua garganta e Alex fecha os olhos quando lhe atinge como uma facada. Ele não sentia nada a uns meses e por um desespero idiota jogou fora tudo de melhor que sentiu nos últimos nove anos casado com essa mulher incrível.
"me desculpa, Sophia... não posso fazer mais isso com você" – ela chorava uma cascata agora. Ela sabia onde aquilo estava indo, mas... era outra coisa completamente diferente ouvir do único homem que você amou na vida, aquele que te prometeu o mundo, que prometeu te amar e cuidar do seu coração para sempre, que vocês não poderiam mais ficar juntos.
Ela chorava uma perda.
Uma enorme e devastadora perda.
Ela chorava diante daquele buraco negro, nevoado e silencioso que estava aberto e sangrando em seu peito.
Ela chorava pela perda do seu maior amor.
O melhor amor que já havia conhecido e um que não pretendia perder nunca."por que? Por que fez isso comigo? Você... você prometeu... prometeu para mim..." – o choro interrompe a fala.
Meu Deus aquilo doía demais...
Aquilo doía mais do que ele pensava que iria.
Mas é claro que sim...
O que ele tinha feito...
Por que tinha feito aquilo?
Em qual cenário da sua vida machucar desse jeito sua garota era a melhor das hipóteses?
Alex estava enjoado. Queria vomitar ali mesmo. Queria pegar sua menina nos braços e implorar por seu perdão...
Por que diabos ele não conseguia então?
O que era tão complicado que eles não podiam resolver juntos? Quem passa nove anos casados com atenção da mídia o tempo todo deveria conseguir aguentar qualquer coisa que viesse no caminho."me desculpa por não ter sido o que você merece..." – ele nem tinha notado que também chorava quando as pernas dela falharam e Sophia caiu no chão sem a menor força de se levantar.
Ela chorava tanto que ele estava preocupado se ela estava recebendo ar suficiente para respirar corretamente.
Um filme passou pela sua cabeça. Desde a primeira noite, o modo como ela se entregou, como o olhou nos olhos com um olhar que dizia que lá no fundo ela já era dele, corpo e alma, até quando a pediu em casamento naquele lago perto da fazenda no lugar preferido dela no mundo todo e até quando se casaram lá no mesmo lugar alguns meses depois.
Ele tinha jogado tudo isso fora.
E agora vendo em que tudo isso havia levado, não havia palavra que poderia descrever o que ele estava sentindo.
Não havia palavra para descrever o que ela estava sentindo ali. Aquele buraco crescendo e tirando tudo dela. Cada grama daquela confiança que tinha depositado nele se desfazendo como açúcar.
E ela não tinha certeza se algum dia algo poderia tampar aquele buraco horrível.
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Once Again (pt-br)
RomanceThe Blackwell Family Duology Livro I O que fazer quando a pessoa que voce mais ama no mundo te machuca, quebra seu coração em mil pedacinhos? Eu estava positiva de nada assim nunca aconteceria comigo. Como poderia imaginar? Como poderia saber que...