Capítulo 4

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-POV Alexander Blackwell –

Eram quase meia noite quando cheguei no meu apartamento. Assim que coloco as chaves na mesinha e vejo a bolsa de Nora no sofá imediatamente fecho os olhos me lembrando de nossa conversa mais cedo onde ela disse que viria pra casa para que nós pudéssemos jantar juntos.
Subo as escadas devagar e quando entro no meu quarto vejo ela dormindo na cama ainda com o vestido que usava hoje de manhã quando saí para trabalhar. Os saltos exageradamente altos que ela usa até quando está em casa estão do lado da cama. Resolvo que é melhor não a acordar, então tiro minhas roupas e vou até o banheiro ligando a ducha e soltando um suspiro quando a água quente bate nas minhas costas.
Minha cabeça imediatamente me leva a minha interessante noite naquela reunião. Com minha ex mulher vestida naquele vestido preto com o decote tampado apenas por uma fina camada de tule. O tecido com textura brilhante abraçando as curvas daquele corpo de mulher que ela sempre teve desde que a conheci. O corpo que não negava as origens latinas da minha garota...
Não...
Ela não era minha garota mais. E eu era o culpado disso.
Encosto minha cabeça na parede e deixo meu cérebro me lavar em uma caminhada prazerosa pelas memórias que tinha junto dela

- Dois anos atrás

Eu estava no chuveiro depois de um longo dia no trabalho quando ouço a porta do banheiro abrir e sinto seu cheiro antes mesmo da minha menina cruzar a porta e entrar no cômodo. Aquele cheiro doce como ela, uma mistura de fruta e flor do campo dos hidratantes que ela tanto ama passar no corpo antes de dormir.
Tínhamos tido uma pequena briga hoje de manhã e ela saiu sem se despedir. Ficou o dia todo sem ligar e sem mandar mensagem. Ignorou meu pedido para almoçarmos juntos e não disse nada desde que cheguei e a encontrei na cama lendo um script usando uma camisola preta rendada com um sutiã e calcinha combinando. Eu agradecia a Deus todos os dias por ele ter me dado uma mulher que tinha tanto amor por Lingeries caras e extremamente sexys.
Eu continuo me lavando quieto enquanto a observo escovar os cabelos longos negros e tirar a maquiagem do rosto com um lencinho tão cheiroso quanto ela estava.
Sophia fazia toda questão de se curvar mais que o necessário e deixar seu lindo e perfeito corpo em evidencia enquanto "inocentemente" se preparava para ir dormir.
Quando termina de fazer tudo, dá uma última olhada no espelho e então para onde eu estava a encarando com certeza quase babando. Ela me dá aquele sorrisinho esperto que dizia "eu sei o quanto posso te domar" e eu não resisto quando ela me olha de cima abaixo com aqueles olhos verdes claros e aquela boca vermelhinha natural que nenhuma outra mulher tem igual.
Ela era uma deusa.
A minha deusa.
Eu não aguento. Puxo-a pela cintura tirando um arfo surpreso dela. Sua respiração já tinha mudado e então eu sabia que ela estava entregue.

Eu amava o quanto ela não dava a mínima se seu cabelo iria molhar de novo e ela teria que fazer as ondas cacheadas novamente quando saíssemos do chuveiro. Ela parecia colocar qualquer coisa abaixo daquela fome e daquele desejo que sempre nos possuía.
Ela sempre tinha novos jeitos de chamar meu olhar pra ela e ficar ainda mais atraído. Ela sempre tentava. Todos os dias ela se esforçava.
E meu retorno a tudo isso, todo o esforço, foi uma traição com uma mulher que não chega nem aos pés dela e papéis de divórcio.
Nunca vou me esquecer do olhar dela no dia de assinarmos os papéis. A mágoa, a dor, a traição, a perda de algo que tanto amava. Sinto meu coração apertar quando me lembro. E me odeio muito mais quando penso que eu merecia tudo aquilo e muito mais por fazer algo tão horroroso com a mulher que ainda tanto amo. A mulher que apesar da fama, dos holofotes e constante atenção da mídia, ainda era aquela mesma garota linda, risonha, feliz, sexy, sedutora, esperta, inteligente e engraçada que conheci a dez anos atrás. A mulher que provavelmente nunca mais vai sorrir pra mim de novo do jeito que costumava e que eu tanto amava. A que nunca mais vai correr pros meus braços e entrelaçar as pernas na minha cintura me dando um abraço forte e prazeroso quando eu chego de alguma viagem.
Eu massacrei o coração da minha garota dos sonhos por causa de uma fase ruim da minha vida em que não via outra saída.
Agora... preciso aceitar que minha garota... nunca mais vai ser minha novamente. 

Once Again (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora