Capítulo 9

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- Dez anos atrás (New York City) –

Aquela era provavelmente a terceira ou quarta taça de champanhe. Era minha primeira vez em uma festa dessas, eu estava me sentindo, ainda intoxicada com a sensação de ter ganhado meu primeiro globo de ouro sendo uma atriz considerada mirim. Hoje eu não me sentia nem um pouco mirim. Me deixei ousar. Coloquei um vestidinho preto que mostrava tudo de melhor que eu tinha e vim celebrar minha vitória da melhor maneira possível.
A pista de dança estava bem cheia quando cheguei e comecei a balançar o corpo seguindo o ritmo envolvente da música eletrônica. Não ligava se meus pés estavam já doendo no salto alto porque estava dançando a quase três horas. Eu estava no céu. Aquela era minha noite.
E eu nem sabia que tudo iria ficar ainda melhor.
Minha colega de elenco estava dançando junto comigo na mesma vibe. Foi ela que viu ele me encarando.

"acho que alguém está bem interessado" – ela diz apontando para o homem parado me encarando como se eu fosse algo precioso demais que ele morreria se perdesse de vista.
Essa fora a primeira vez que experimentei aquele fogo que corria pelas minhas veias e consumia cada átomo do meu corpo como se eu fosse gasolina. Ele tinha os olhos mais profundos do mundo em um azul hipnotizante que me deixava bamba sem saber como reagir pelo primeiro momento.
Depois de alguns minutos dançando mais eu olhei de volta para onde o homem estava, mas ele havia sumido. Até eu sentir uma respiração no meu ouvido que arrepiou os pelos da minha nuca e fez meu corpo todo estremecer.
Eu sabia que era ele, não tinha como não saber. Era uma atração dessas que você não sente toda hora, e quando sente, é simplesmente impossível de ignorar. Ele começa a mexer seu corpo com o meu e cada parte que ele encostava era tomada por fogo. Minha respiração era ofegante assim como a dele que atingia meu ouvido e meu ombro descoberto pelo vestido.
Ainda não sei explicar o quão forte me atingiu quando me virei e encarei seu rosto a meros centímetros do meu. Se de longe ele era de tirar o folego, de perto era... nada menos do que perfeito. Ainda dançávamos em um ritmo envolvente e quente, suas mãos eram grandes espalmadas na minha cintura perto da minha bunda. Seu perfume amadeirado combinava perfeitamente e me deixava mais intoxicada do que qualquer bebida que tinha tomado mais cedo. Acho que mesmo ali eu soube em algum lugar dentro de mim que não teria mais volta. Minha vida agora sempre seria dividida em duas partes, uma antes e outra depois dele.
Ele tirou o pouco folego restante dos meus pulmões quando me agarrou mais forte e trouxe seus lábios para os meus. Seus lábios eram doces e cabiam perfeitamente nos meus, seu gosto era algo como uma mistura de champanhe e Whiskey que me deixou viciada no mesmo momento. Eu nem o conhecia e ele já estava me deixando doida como nenhum homem ou garoto tinha conseguido antes. Nosso beijo era algo entre carinhoso e selvagem, profundo e castro, uma mistura enlouquecedora que me deixava tonta com o corpo completamente mole.

"não conseguia tirar os olhos de você desde que te vi entrar" – ele sussurra enquanto deixava beijos ao longo do meu pescoço e meu colo. Arrepiei o corpo todo quando ele fungou no meu pescoço e deixei um pequeno gemido sair. O que aparentemente o deixou ainda mais doido e faminto – "vem pro meu apartamento, eu preciso de te ter" – a ideia era tão tentadora quanto soava, mas...

"o que me garante que não é um pervertido e que vai fazer o que quiser comigo mesmo se eu disser não? "– ele para com os beijos e me olha. Dessa vez me olha de verdade, e imediatamente percebo que ele nunca faria nada disso. Mas antes que pudesse dizer isso a ele juntamente com um pedido de desculpas, ele fala primeiro.

"acho que se eu fosse só um pervertido você iria me dar a maior surra da minha vida sem nem sair dos saltos. Esse é o quanto te acho poderosa. E eu nem a conheço tão bem ainda"– suas palavras, ainda. Isso queria dizer que ele não queria só sexo e por algum motivo completamente desconhecido por mim, eu acreditava. Sabia que tinha verdade e honestidade por trás daqueles olhos azuis como um oceano. E ninguém nunca tinha me dito aquelas coisas, especialmente não alguém mais velho que eu.

"tá, okay, me leva" – seu sorriso foi a coisa mais linda que já havia visto. Ele era estupidamente lindo, de um jeito que causava quase uma dor física porque você nunca vê ninguém assim tão lindo na vida real e muito menos dorme com ela. Menos ainda tem uma conexão dessa que estou sentindo e estou positiva de que ele sentia a mesma coisa.

Ainda estávamos suados e exaustos depois de três rounds. E ele era... inexplicável. Em nenhum dos quatro idiomas que domino encontrei uma palavra para descrever isso, para descrever nós.

"Sophia Parker"– eu digo atraindo seu olhar para mim. Eu deveria estar um horror, mas não tinha energia suficiente agora para levantar e ir até o banheiro do seu quarto. Ele teria que me ver dessa forma e por algum motivo estranho eu não me incomodava que ele estivesse me vendo assim, nua, com os cabelos bagunçados e a maquiagem com certeza borrada debaixo dos meus olhos. Não sentia a obrigação de me cobrir ou me limpar para parecer perfeita. sem contar a enorme autoestima que ele me faz sentir, como seu eu fosse a garota mais linda do mundo e a mais sexy.

"Alexander Blackwell, mas me chama de Alex" – dou uma risada. Invertemos a ordem das coisas como dois profissionais mesmo. – "Seu sorriso é lindo" – mordo o lábio inferior me impedindo de sorrir ainda mais

"amo seus olhos" – ele sorri de novo, mas dessa vez de modo preguiçoso.

"você é atriz, certo? Tenho a impressão de que já vi esse rostinho nas telas do cinema" – ele diz passando o nó do dedo pela minha bochecha

"sim, sou atriz, na verdade eu estava indicada ao Oscar, mas não foi dessa vez" – digo dando de ombros

"linda, esperta, talentosa, o que mais coloco na lista?"

"menor de idade talvez? "– ele dá outra risada

"é, disso eu sei, você tem carinha de menina" – seu dedo bate levemente no meu nariz me tirando outro sorriso. O fato dele não me afastar e me mandar embora foi com certeza algo aliviador – "quantos anos?"

"17"– ele apenas balança a cabeça continuando com a carícia lenta em meu cabelo – "isso não te incomoda?" – ele olha para mim e com a mão livre passa a ponta dos dedos pelos meus seios deixando minha pele arrepiada e meu centro implorando por mais dele, mais dessa conexão inexplicável que me deixa sem folego algum. Seus dedos passam pelo meu estomago em uma carícia leve e percorre até minha bunda cheias das marquinhas brancas que as vezes me deixavam tão terrivelmente insegura.

"incomoda você?" – ele pergunta conforme abaixava o corpo até ficar com os ombros largos entre minhas coxas separadas. Mordo o lábio com a sensação dos seus beijos tão perto de onde meu corpo ansiava por contato, por ele. Minha respiração já estava ofegante de novo e eu queria cair fundo naquele precipício que estar com ele era. Algo que me dava adrenalina e enchia meu coração e minha alma.

"não podia me importar menos" – digo debaixo de um folego e arqueio minhas costas quando sinto sua língua exatamente onde eu implorava por ele.

O dia seguinte chegou e com ele nossa eminente despedida por algum tempo. Eu iria passar um tempo em Miami com meus pais e depois já voltar para L.A para meu próximo projeto começar a ser filmado. Ele voltaria para São Francisco e disse que provavelmente não teria outra oportunidade de voar para me ver tão cedo. Concordamos que ficaríamos em contato por telefone, mensagens e chamada de vídeo, porém deixa-lo ir estava sendo mais difícil do que pensei que seria.

"prometo que vou me comprometer a descobrir onde isso, o que quer que seja ou se torne, vai dar"– ele diz comigo em seus braços. Eu era bem mais baixa que ele, minha cabeça batia em seu ombro, então por isso ele estava me segurando conforme eu tinha as pernas entrelaçadas na sua cintura.

"me sinto uma garotinha ficando apegada depois de passarmos menos de 24 horas juntos" – ele dá uma risada contra meu ombro

"e eu me sinto um pervertido por estar tão louco por você em menos de 24 horas" – me junto a sua risada e quando o seu motorista chega em frente ao hotel que eu estava hospedada. Eu não me sentia nem um pouquinho preparada para largar da minha "paixão da meia-noite" então afundei meu rosto em seu pescoço e aproveitei a sensação de tê-lo em meus braços e ele me ter nos seus. Sempre fui uma garota muito ambiciosa, mas naquele momento, eu sentia que não queria e nem precisava de mais nada.

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