Capítulo 13

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-Dia Seguinte (POV Sophia Parker) –

Eu estava completamente exausta depois do fim das gravações. O elenco e os produtores ainda conseguiram me convencer a ir a uma pequena festa para comemorar mais um filme gravado e quando era hora de embarcar para ir para casa, eu não tinha mais um pingo sequer de energia.
Quando entrei no avião e praticamente me joguei na poltrona, estava pronta para fechar os olhos e não acordar até que esteja em casa. Uma das aeromoças veio em minha direção com um buque de flores azuis nas mãos e imediatamente deixei um sorriso aparecer.

"para senhorita a pedido do seu fã número um" – agradeço-a educadamente e tiro o cartãozinho preto do meio das pétalas em um azul forte e vivo

"não queria perder o costume, sei que foi maravilhosa e mal posso esperar para assistir. Muito orgulho de você, Sophie. Te amo
Alex"

Afundo meu nariz naquele buque magnifico e inalo o odor delicioso e doce daquelas flores. Ele ainda me conhecia como ninguém, sabe o quanto amo flores azuis ao invés das rosas vermelhas ou brancas, e sabe o quanto amo quando ele reconhece meu talento e me apoia com todas as escolhas que já fiz.
Solto um suspiro ainda olhando as flores.
Se eu quisesse fazer isso difícil para ele, tinha que achar um jeito de mascarar como me sentia boba e amada quando ele fazia algo assim tão simples, como me mandar flores me parabenizando pelo meu trabalho.

Acordo com meu celular apitando. Ainda com os olhos fechados procuro pelo aparelho passando as mãos pela minha cama e quando acho nem me incomodo de me mexer mais que o necessário.

"o que?" – minha voz estava pesada pelo sono e tudo que eu queria era continuar com meu precioso sono da beleza

"boa noite bela adormecida" – dou um sorrisinho pequeno mesmo que ele não possa ver – chegou bem?"

"sim, obrigada"

"pode vir na minha casa?" – dessa vez abro os olhos ainda pesados

"o que?" – repito as palavras de minutos atrás

"lembra que eu queria que conhecesse alguém importante pra mim?" – a pessoa misteriosa que ficaria na vida dele por anos. Fiquei com uma pulga atrás da orelha, pensando nisso o dia de ontem e hoje inteiros.

"sim..."

"tem algum compromisso?" – sua voz estava hesitante e por algum motivo gostei disso, dessa incerteza, de alguma forma fazia com que nossa relação parecesse nova.

"só com a minha cama e meus travesseiros e minha coberta" – ele solta uma risada aliviada

"depois pode usar a minha cama se quiser, tenho lençóis de seda agora" – não consegui segurar a risada. A volta desse lado brincalhão e atrevido estava me ganhando

"as oito?" – sugiro e quase consigo ver a dancinha da vitória que ele sempre faz quando consegue alguma coisa que queria muito

"vou pedir a comida"

"não pode cozinhar para mim? Tsc, tsc, tsc, que decepcionante Alex. Esperava mais de você" – eu me levanto da cama deixando minha camisola pelo caminho do quarto ao banheiro adjacente.

"qualquer coisa que patroa pedir" – dou mais um sorriso e desligo a chamada. Isso talvez vai ser melhor do que antecipei.

Oito e dez eu cheguei na casa dele. Era completamente diferente da nossa antiga casa, essa era menor e com um quantidade muito maior de árvores em volta. Dava querendo ou não uma sensação de não estar dentro de uma cidade, e dizer que eu gostei era pouco demais. As janelas de vidro que iam do chão ao teto davam um ar moderno e por um segundo desejei morar em uma casa igualzinha à essa... ou talvez fosse essa exata casa, com esse exato homem que eu queria morar...
A porta foi aberta por ele. Alex vestia uma calça jeans escura e uma blusa cinza. Não era minha intenção, mas olhei ele de cima em baixo e logo em seguida corei notando o que tinha feito

"bem vinda de volta a América, Sophie" – sorrio – "por favor" – ele me dá espaço para entrar e é isso que eu faço.
O interior da casa era... o reflexo exato da personalidade dele. Não tinha outro modo de explicar. Os quadros as fotos as revistas enquadradas com cada capa que ele estampava... tudo ali era ele, a essência dele, e... talvez, só talvez, eu quisesse ficar ali para sempre... nesse lugar que parece muito mais com meu lar do que minha própria casa.

"linda casa, melhor do que imaginei" – ele sorri vindo até mim

"acabei de me mudar na verdade"

"quanto tempo?"

"dois dias" – levanto as sobrancelhas. Ele dá de ombros olhando em volta também – "meu apartamento era... cheio das coisas que quero deixar para trás. Os sentimentos, a vibe pesada, triste. Foi o lugar que eu fui depois de..." – ele nota meu olhar, por isso fecha a boca na hora – "não quero falar daquilo, afinal temos coisas melhores para fazer" – levanto uma sobrancelha detectando o duplo sentido da frase – "nada disso, eu quis dizer conhecer meu bebe, que mente pervertida essa sua" – dou uma risada

"pelo amor de Deus de que bebe você tá falando?" – ele levanta um dedo pedindo para eu esperar enquanto anda até um cômodo

"fecha os olhos" – bufo fechando os dois olhos enquanto só ouço seus passos e uma porta abrir depois fechar – tudo bem, pode abrir – na minha frente estava uma bolotinha de pelos todo branco e era a coisa mais perfeita e fofa que eu já havia visto em toda minha vida

"Meu. Deus. Do. Céu" – Alex dá uma risada. Eu estava paralisada e nem sabia direito o porquê. O filhote estendia as patinhas e parecia extremamente feliz em me ver mesmo que estejamos nos conhecendo só agora

"o nome dele é Blackie" – volto meus olhos para Alex. Ele lembrou. Todas as vezes que falamos sobre ter um cachorro eu sempre dizia que queria colocar o nome de Blackie. Algo dentro de mim se derreteu com isso, com o fato dele ter lembrado desse detalhe.

"você lembrou" – ele dá de ombros e abaixa a cabeça tentando esconder o rubor das bochechas

"você sempre falava, não achei justo não colocar esse nome" – sorrio passando as mãos no pelo branco e macio do cachorro – "além disso esse foi o único nome que ele gostou" – como se quisesse concordar com o que Alex tinha dito Blackie solta um latido animado e fofo que imediatamente aumenta o sorriso no meu rosto.

O pequeno filhote ficou em volta nós o tempo todo enquanto comíamos. Pela primeira vez em meses, ou talvez quase um ano, conseguimos sentar e ter uma conversa como as que tínhamos antes, porém de alguma forma era diferente, mais maduro, mais... honesto.
Nos perdemos nas horas, conversamos até cansarmos. Depois da refeição maravilhosamente cozinhada por ele como sempre, fomos para o último andar da casa onde tinha uma área aberta de lazer com uma vista perfeita para o céu estrelado. Conseguimos conversar sobre o passado sem trazer à tona as partes ruins e pelo fim da noite eu já estava secretamente apaixonada novamente pelo homem maravilhoso ao meu lado. Algo sobre vê-lo se comportar da forma que vi hoje, uma forma que não via a um bom tempo foi mais do que reconfortante, e não pude evitar de trazer todos os sentimentos à tona.
Quando já estávamos em silencio a algum tempo encarando o céu cheio de estrelas, ele vira o rosto para mim

"não quero mais segredos entre nós atrapalhando isso que estamos aos poucos construindo de novo" – sua voz era nada mais que um sussurro, uma carícia sincera que me fazia tremer em expectativa do mesmo jeito que fez nove anos atrás quando estávamos fazendo isso tudo pela primeira vez

"é o que eu mais quero também" – ele pega minha mão com um cuidado de partir o coração. Era como ele me tratava agora, com amor e um cuidado especial para não me machucar nem trazer à tona memórias dolorosas.

"no dia em que terminei com Nora ela veio me dizer que estava grávida" – meu primeiro instinto foi me ajeitar no sofá que estávamos compartilhando e tirar minha mão da sua. Mas ele apertou mais forte e continuou – "ela disse que dois meses antes, o ex namorado dela tinha vindo a cidade e ela ficou com ele por uma semana... e nessa mesma semana eu estava viajando. Ela iria fingir que o bebe era meu porque segundo o homem, ele não podia dar a criança uma vida digna" – uma onda de alívio passou por mim, e o fato de ele me contar aquilo mesmo quando o assunto na verdade não tinha nada a ver com ele, me tocou. Me tocou fundo.
Eu me inclino em sua direção e capturo seus lábios nos meus. 

Once Again (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora