Capítulo 6

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Eram inquestionavelmente bons por mais que a enjoasse admitir isso, mas eram impulsivos com suas técnicas falhas. Atacavam com impulsos cegos e deixavam muito da sua defesa aberta. Eram frentes de batalha provavelmente tinham noção em campo de guerra. Mas eram centenários e não notavam o que a garota notou em minutos, sua abertura na defesa completamente despreocupada por conta da sua prepotência podia muito bem significar uma retaguarda fraca. Se um inimigo percebesse isso a tempo poderiam os vencer.

Cassian era um comandante excepcional, sabia de seus feitos por conta do tempo que estudou a corte. Mas ele era um só, não podia doar inteligência ou controlar a prepotência de tantos soldados ao mesmo tempo. Uma madeira fora do lugar é capaz de derrubar pontes inteiras e assim funcionava com exercícios. Conhecia o comandante a apenas um dia mas odiava o fato de que não o respeitassem.

Ela os analisa friamente, sentia a falta de respeito deles por Azriel e Cassian em pequenos gestos, e isso só fazia seu ódio aumentar gradualmente. 

Não havia sinal de fêmeas pelo local,não as viu entrar nem sair. Ayla e Nestha eram as únicas ali, eram desprezadas por aqueles machos que as olhavam com nojo. Eles achavam que elas deveriam estar em outro lugar. Se achavam melhores que elas e nenhuma dessas emoções passou despercebida por Ayla. Seu sangue ferveu, mas o que surgiu em seu rosto foi um sorriso de desprezo.

A aparência de apenas uma pequena fêmea, era isso que ela queria que eles pensassem, mas não permitiria que eles achassem nem por um segundo que ela os temia. Guardou suas sombras antes mesmo de pisar fora da cabana, seu elemento surpresa caso fosse necessário. Mas seu olhar frio seguiu ela até ali.

Ao seu lado Azriel a observava com cautela, ele também os odiava. Ela sentiu as emoções e energia do macho mudar, não soube definir exatamente o que era, mas interpretou como um descaso.

-Mais uma vadia deles- Ayla ouviu um deles sussurrar enquanto passava ao lado de um dos ringues cercado de machos illyrianos.

Mais uma. Não respeitavam nem sequer sua Grã-Senhora, muito provavelmente nenhuma fêmea sequer que pudesse pisar ali. Em toda história deles nunca foram respeitosos, o que faziam passava de boca em boca por todas as cortes, seus ouvidos já haviam tido o desprazer de ouvir todas nojentas atitudes. Assim como seus olhos já assistiram.

Suas sombras faziam propostas tentadoras. Era uma grande dúvida da fêmea em relação a sua semelhança com o mestre espião, se ele também ouvia palavras concretas de suas sombras. Elas sussurravam apenas para sua portadora em uma língua estranha, a qual aprendeu com os anos, as próprias sombras a conceberam o dom de entendê-las eram compatíveis e fiéis a sua portadora. 

Será que as sombras de Azriel são como as minhas? - Ayla pensou.

As sombras de Ayla eram tendenciosas a que se pode dizer cruéis. Presenciaram toda a história de sua encantadora, sentiam todas suas emoções e se deleitavam do ódio e raiva. Ataque-o. O sufoque. São cruéis e não dignos de nossa piedade, o mate. A fêmea sorria de lado, o favorito das sombras, quando ela contraia levemente o canto de sua boca que ainda fechada cerrava os dentes com força, com os olhos fechados enquanto as ouvia, enquanto questionava-se sobre o que fazer.

-O que disse?- Ayla disse surgindo das sombras atrás dele próxima ao seu ouvido em um tom frio e cruel o fazendo se a assustar se afastando.

As sombras serpenteiam a sua volta. Eram movidas por seu ódio puro, sussurrando algo que a fez sorrir cruelmente. Os outros observaram de longe cautelosos e sem reação.

O macho que se afastou levou as mãos em busca de sua espada, mas nada encontrou ela deu uma leve risada carregada de desprezo tirando a mesma de trás de si. 

Corte de Sombras e CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora