Capítulo 27

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Ayla 

O silêncio era absoluto e todos olhavam para ela com medo. Era um medo diferente, passou a vida toda sendo observada com temor nos olhos principalmente quando era uma assassina. Mas, ali, era diferente, era um medo de egos quebrados. De expectativas quebradas em todos os sentidos possíveis. Ela venceu, não quebrou as regras e o treinador daqueles que a olhava incrédula estava agora sob seu pé. 

Sentiu seu braço ser levantado, ainda atordoada para entender, então um braço forte a girou no ar. Cassian, não foi totalmente imparcial no fim, ele a colocou no chão e falou algo com ânimo, era o aparentava, mas seu ouvido era um zunido alto. Apenas assentiu com meio sorriso tentando parecer animada. Outro braço a puxou, dessa vez com mais delicadeza, Azriel. 

Era estranho, havia uma energia no ar, e segurar seus poderes junto das sombras perante tão fortes emoções a desnorteou. Seus olhos vagavam observando tudo mas não estavam processando nada. 

As sombras explodiram de uma só vez, e talvez gritaram à sua volta mas ela não ouviu, mas seus olhares carregava medo e seus corpos estavam acuados. Um alívio súbito amolece seus joelhos. Ayla se segura em Azriel que está com suas próprias sombras conectando às dela, alívio. Em seu rosto consegue notar que está preocupado, leva sua mão as dele que estão pousadas em seu rosto como quem procura onde está machucado.

Aos poucos o mundo volta a ter som e aquela avalanche que quase a engolia não se dissipa apenas se acalma.

— …fala comigo onde está… — a voz baixa e rouca do Mestre Espião a desperta.

— Estou bem — Ayla tenta sorrir antes de se desfazer do toque dele — Não se preocupe.

Rapidamente desconecta as sombras, aquele peso dentro de si a alerta que não é um bom momento para estar conectada. Tentava voltar para o controle, o ódio tinha mexido com algo minuciosamente perigoso dentro de Ayla.

Foi Arcane que sentiu o cheiro do sangue e da terra se misturando. Não demorou muito para Mor notar a mudança de expressão da mais velha e sentir também.

— Ayla — Arcane tinha urgência em sua voz e quando seus olhares se encontraram não precisou dizer algo para que a fêmea já entendesse mas verbalizou para as outras — Fomos traídas.

Aquela palavra não fazia sentido, Ayla pensou, visto que a lealdade deles nunca foi algo que possuíram. Balançou de leve sua cabeça jogando seu desnorteamento para longe, vestindo sua armadura de guerreira mental onde precisava manter firmeza e controle. Não precisou se desvencilhar do toque de Azriel pois o mesmo já se voltava para seus irmãos, ambos treinados por séculos se encontravam em seu modo automático.

Ayla agarrou o braço de Arcane, enquanto Mor o de Nestha então todas atravessaram. 

O caos estava instaurado. Gritos e principalmente desvantagem foi a primeira coisa que notaram. Três machos illyrianos voavam em volta de Emerie a encurralando esta mesma com as próprias asas feridas e inúteis para alçar voo. Algo dentro de Ayla se quebrou um pouco mais, havia evitado tanto em encarar a realidade, está onde as asas existiam que ignorou não só dos machos como de suas fêmeas também. 

Jamais teria suas asas de volta, mas levaria suas fêmeas aos céus novamente.

Foi Morrigan ao seu lado que deu o primeiro passo avante ao ataque, grunhiu olhando para os três machos tomando velocidade enquanto movimentava a corda em suas mãos. A nostalgia de duas fêmeas que usavam aquela técnica muito bem trouxe um breve sorriso para Ayla. Mor se jogou ao chão desviando de um dos machos e um dos lados da corda foi lançado, então agilmente nos outros dois seu corpo se ergueu então ela usou a árvore ao lado de apoio e quando puxou todos eles caíram ao chão. Mor era maravilhosa em todos os sentidos, agora tinha certeza disso.

Corte de Sombras e CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora