Capítulo 19

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Os primeiros raios de luz da manhã despertaram Ayla, seu sono foi apenas um apagão. Seu corpo levemente dolorido era resultado de uma noite dormida em uma única posição. Esticou o corpo com toda sua força, sentiu ele amolecer e se jogou na cama novamente suspirou profundamente antes de se sentar na e observar o quarto agora iluminado, era aconchegante.

Apertou o colar uma última vez e se levantou. 

Na maleta havia roupas casuais, um grande amontoado de pano preto, e ali cuidadosamente dobrado, seu traje illyriano. Sentiu seu coração palpitar, apesar da cabana ser um refúgio de seus pesadelos não queria ou conseguia ignorar a realidade, inesperadamente queria com todos seus instintos estar no acampamento treinando as fêmeas. 

Também queria ser tratada normalmente, e não com toda aquela burocracia e cautela. Principalmente da parte do mestre espião que agora agia como se ela fosse vidro prestes a se quebrar. Ajeitou sua roupa e uma toalha, precisa treinar. 

A sala se encontrava cheia de papéis, revirou os olhos, pensou como ele era um idiota teimoso por não a chamar ou pedir por ajuda. Papéis na mesa, bancada e poltronas. E até mesmo em cima de Azriel. O mestre espião surpreendentemente ainda dormia, seu corpo se encontrava mais fora que em cima do móvel, e um fino cobertor cobria seu corpo aparentemente nu. Ayla balançou negativamente a cabeça, colocou alguns papéis que estavam no chão em cima da mesa e sorrateiramente abriu a porta, olhou de soslaio o sofá se certificando que ele ainda dormia. Como um bebê. Ela sibilou a comemoração e saiu com cuidado. 

Pássaros cantavam e o lugar inteiro parecia poder respirar. A luz refletia sobre as águas, e o cheiro de terra molhada inundava seu olfato, brevemente fechou os olhos para certificar o perímetro. Sentiu apenas os animais selvagens, e a vida que eles transmitiam para atingir seus sentidos. Abriu os olhos esboçando um sutil sorriso, conseguiria facilmente se acostumar aquilo. Desceu as escadas pisando na parte gramada, inspirou profundamente o ar puro antes de então dar uma volta pela casa. Nada, achou que estava tão extasiada pela vida do lugar que acabará se distraindo, mas não, depois de rodear a casa três vezes era definitivo a ausência de banheiro ali. Olhando em volta também não era visível. 

-Azriel - sussurrando e dando leves tapas no ombro dele Ayla tentava o acordar - Azriel.

O Encantador abriu levemente os olhos e após um susto súbito ele apenas relaxou e voltou a fechar os olhos.

- Azriel, você está nu - Ayla ainda sussurrava.

-Não completamente - respondeu no mesmo tom sussurrado dela, soltando uma leve risada nasal finalmente abrindo os olhos - Que foi?

-Procurei por todo lado onde é o banheiro?

Não mudaram o tom que mantiveram naquele inútil sussurrar, poderiam gritar e ninguém os ouviria, mas falar naquele tom era bom e ele achava engraçado por ela tentar o acordar chamando tão baixo.

-Não tem, te falei ontem - Azriel deu de ombros.

-Não tem banheiro? - sussurrou indignada. 

Azriel riu e se apoiou nos ombros deixando a coberta deslizar revelando por completo seu peitoral nu. O cobertor agora cobria apenas seu colo e assim Ayla notará que todo resto era a pele do mestre espião exposta. Arrumou sua postura para disfarçar seu olhar distante, ela olhava para os lados e para cima quando não estava com os olhos fixados nos dele. Ele notou e mantinha um sorriso discreto e divertido, jogou seu corpo para trás no sofá e relaxou a olhando fixamente.   

-Você tem uma floresta inteira ao seu dispor - Azriel tombou a cabeça para trás fechando os olhos na esperança de não rir da expressão de indignação dela - Bem se quer banhar tem um lago enorme aí a frente, mas acho que já viu ele, já viu?

Corte de Sombras e CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora