Corte de Sombras e Cicatrizes

Capítulo 12

Azriel (votem na história por favor, me ajuda, mas só se gostarem mesmo)

A pia estava manchada em vermelho, talvez por conta de outros sangues, mas a água já saia cristalina. Mesmo assim o mestre espião estava sentado na sala com um pano branco, que permanecia branco, tentando limpar suas mãos. Uma expressão perdida e aérea ao mundo à sua volta, apenas apertando o pano com mais e mais força. 

Inúmeras vezes repassou as últimas horas do dia, mas era o momento que socava aquele macho já morto que predominava, tentava entender porque o nome de Ayla. Não estava louco, tinha certeza que aquela tentativa falha era o nome dela, mas agora ele estava morto o deixando sem respostas. Começaria desde já investigar todas as informações que já possuía se pudesse, mas uma reunião na cidade escavada o esperava. 

Uma reunião na corte dos pesadelos, com quase todo círculo íntimo, e é claro Eris que se tornou um forte laço da corte, aquilo o fazia revirar os olhos em ódio. Pelo menos Mor não teria de estar lá para o ver debruçado em uma cadeira, jogando todo seu ego sobre a mesa seguro naquela relação política estabelecida durante a guerra, a Noturna não poderia negar uma que fosse por manter um longo período não apenas distante mas com uma visão de certa forma de inimigos para as outras cortes. Eris estaria lá o que já o fazia fervilhar de raiva, mas Ayla também estaria lá e conhecendo seu temperamento era de certa forma preocupante. 

Não ouviu seus passos se aproximando, ou se falou algo antes apenas notou sua presença quando uma pequena mão repousou sobre a sua, o fazendo parar de limpar o nada. Azriel levantou seu olhar pedido para ela, que mantinha uma expressão calma e neutra em sua face, estava abaixada a sua frente se apoiando em seu joelho com a outra mão. 

-Estão limpas, não tem mais o que limpar!

Ele balançou levemente a cabeça, de maneira quase imperceptível, e jogou o pano para o lado. Se mantiveram ali em silêncio, Azriel ainda com o cotovelo apoiado em seu joelho passou a abotoar sua camisa aberta quase que na metade, deixando apenas o último botão aberto. Eles permaneceram assim em silêncio, não entendiam exatamente que tipo de relação mantinham, mas os momentos de troca entre eles haviam se tornado de certa maneira raros. Ele estava constantemente cansado e ela parecia estar mais irritada a cada dia que passava tendo de conviver com os Ilyrianos, lhe contará certo dia que eles haviam a desafiado e que ela apenas não entrou no ringue porque Devlon, a quem ela alimentava grande desprezo, interferiu. Mesmo também a desprezando, sabia que ela os teria matado. 

-Como as conseguiu?- Ela possuía inúmeras cicatrizes na mão, de todos tamanhos e formas que pudesse imaginar, ele sempre teve certa curiosidade por suas origens. 

-Qual delas?- riu baixo dando de ombros. 

Ela possuía notáveis e grandes cicatrizes, mas estas ele preferiu não questionar. Considerou também o fato de aquelas ter suas origens vindas de batalhas. Mas havia pequenas, minúsculas, e inúmeras espalhadas por toda sua mão. Não eram notadas com facilidade, apenas se olhasse de perto e por um tempo para as notar Quase sumia em sua pele, e com as outras grotescas cicatrizes não chamavam atenção tão facilmente. 

-Tentando limpar o sangue de minha mão- sua voz quase falhou - Usei pedras para tentar limpar, mas nunca estavam limpas e eu continuava a ver o sangue. Não o meu. 

Silêncio. Ficaram assim por um tempo enquanto o mestre espião absorvia aquela informação.

-Sinto muito- disse baixo. 

Ela apenas deu de ombro. 

-Ainda vejo- refletiu, respirou fundo e continuou a falar antes que o mestre espião pudesse dizer algo a mais sobre e devolveu a pergunta- Porque estava limpando suas mãos?