Capítulo 9

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Azriel

Sua mão deslizou levemente da nuca para o pescoço de Ayla a fazendo inclinar a cabeça para o lado, observou os hematomas ali, firmou levemente a mão a fazenda inclinar para trás observando hematomas em sua boca e olhos. Ela apenas se manteve sentada na cadeira o observando em pé atrás dela, ele se manteve deslizando a mão por seu pescoço o acariciando, se abaixou ficando com a boca entreaberta próximo ao ouvido de Ayla deslizou suas mãos por seus braços até chegar de encontro com as mão dela também a acariciando, a segurou observou bem todos hematomas em seu punho, ela encostou seu polegar fazendo carinho de volta o deixando tenso. Ela sentiu a mudança, soube disso quando ela colocou as duas mãos por cima das suas cicatrizes mostrando as delas, o fez tremer ao sussurrar baixo com a voz levemente rouca 'tá tudo bem não precisa esconder de mim'. Azriel subiu as mangas longas passando seus dedos calejados por aquela pele macia, tirou uma das mãos que havia encostado na mesa, para se apoiar, encostando no outro braço subindo ambas mãos até encostar em seu ombro ficando novamente ereto, admirou Ayla com a cabeça tombada para trás com os olhos fechados apenas sentindo seu toque, sorrio involuntariamente com a cena. Não entendia aquilo, a forma que ambos se sentiam tão confortáveis, como se entendiam no silêncio. O perfume baunilhado de Ayla com sua pele ainda morna do banho que gradativamente esquentava o fazia sentir todo seu corpo tremer involuntariamente. Sua mão esquerda subiu novamente para seu pescoço com firmeza, fazia uma leve pressão ameaçando apertar e aliviava, tomando cuidado para não piorar os hematomas já existentes ali, enquanto a outra foi até seu queixo a fazendo abrir mais sua boca que já estava entreaberta, ela abriu o olhos que encontrou os seus por alguns segundos o fazendo se arrepiar, o olhar dela carregava a noite mais bela de todas, sempre tão intenso e ao mesmo tempo inocente. Ambiguidade perfeita para uma espiã. Era fatal, mas o fazia sentir- se vivo. Subiu seu polegar até seu lábio inferior ao tocar a causou um gemido de dor, mas não se afastou de seu toque ela continuou o olhando ascendendo todo seu corpo, puxou seu lábio observando mais hematomas agora em sua gengiva, soltou mas continuou ali o acariciando a fazendo arfar ao encostar em partes mais doloridas, escorregou seu polegar até sua bochecha a acariciando. Aquela visão, os sons que ela havia acabado de emitir o fazia sentir todo seu corpo queimar, a pele dela sofria da mesma reação ficando mais avermelhada e quente. Ela sabia o que ele estava sentindo por causa de seus poderes, não podia esconder nenhuma emoção dela, e ele mesmo não podendo sentir conseguia ver a mudança dela com alguns leves puxões involuntários de sua perna e em como seu quadril estava inquieto. Um sorriso malicioso tomou conta das expressões de Azriel enquanto as sombras de ambos se tornavam apenas uma como uma névoa fina pairando no ar. Relaxadas. Balançou levemente a cabeça impedindo que seus pensamentos voassem. 

-Por que está fazendo isso com você?- Azriel perguntou se referindo aos hematomas.

-São apenas meus treinos- Ela respondeu simples não querendo se estender.

-Não deveria estar saindo tão machucada- Ayla fez menção de virar o rosto mas Azriel o segurou com as duas mãos- Já lutamos juntos sei que não se machucaria assim em treinos! 

Ayla levou suas mãos até as dele, as tirando dali e voltando aos seus papéis novamente, focando em silêncio. Suspirou jogando algum relatório para longe dela, estava cansada daquilo. Todas fichas e relatórios, odiava aquilo.

- Sonhando acordado irmão?- Rhysand o questionou com uma risada irônica fazendo Azriel revirar os olhos. 

-Apenas repassando alguns relatórios que analisei essa semana- Azriel disse após um suspiro logo se arrumando na cadeira.

Suas idas a Velaris se tornaram mais constantes conforme as pilhas de papéis só cresciam. Madrugadas e não se chegava a lugar nenhum, nenhuma brecha, as teorias que se analisava eram cheias de possibilidades e nenhuma delas com provas concretas. Nada sobre outro continente. Nada sobre o acampamento. Estava extremamente frustrado com tudo aquilo e exausto com todo trabalho onde se estava andando em círculos sem chegar a lugar algum. A quietude que tudo se seguia o deixava à beira da loucura, sabiam de sua existência e por isso as brechas eram tão pequenas. Toda sua exaustão só aumentava com sua constante visita a Velaris, onde aquilo que Ayla havia sentido estava, com o tempo notou que realmente o afetava. Amren estava a procura daquilo mas não encontrou absolutamente nada e muito menos o que era. A análise do brasão havia evoluído, se descobriu que pertencia uma antiga linha de comunicação secreta, onde um conjunto de brasões era usado para manter a identidade real de seu mandante em sigilo. Era uma comunicação continental, usada tanto pelos sete cortes como por outros continentes, com mais símbolos descobertos todos passaram a ser analisados para chegar mais rápido a respostas. Aquela comunicação morreu com todos seus segredos, aquilo que havia se encontrado já era surpreendente. Temiam ser uma distração usada sem propósitos, mas por ser tão esquecida essa possibilidade era mínima o foco sobre se manteve árduo.

Corte de Sombras e CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora