Finalmente

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TIAGO

Foi uma semana cansativa, Cora decidiu se meter em tudo, e fazer um pouco de cada coisa, Deus sabe como me estressei... Logo eu que normalmente consigo manter a calma, essa semana foi mais complicado que o habitual. Desde pequena ela sonha com esse momento, sempre deixou isso bem claro em nossas conversas, sei que ela tenta ser moderna, durona, mas nesse assunto ela continua sendo uma menininha.

Eu sou um pouco diferente, comecei a pensar em casamento, quando namorei a primeira vez, percebi que as coisas são um pouco mais complicadas, mas foi com a Cora que comecei a pensar que se namorar é bom, casar deve ser maravilhoso, fora os outros benefícios que vem com isso. Mas confesso que estou um pouco nervoso, a três anos quando decidi fazer o pedido, eu tinha convicção do que queria, mas não havia sentido o peso da responsabilidade. Sei que é piegas, e que ela me bateria, mas me sinto no dever de sempre fazer ela se sentir segura, como marido me sinto com a responsabilidade de não deixar nada faltar em casa, segurar todas as despesas e principalmente sustentar os sonhos dela, não quero que ela esquente a cabeça com dinheiro.

Já namorei garotas que queriam casar, cuidar dos filhos, da casa, outras que pensavam que iria morrer no outro dia, mas essa, essa bateu o pé até se formar, quer rachar até a passagem de ônibus, gosta de trabalhar no canteiro de obras, e é toda independente, achei que estaria preparado para esse momento, afinal são anos namorando, porém não importante o quanto namore, o casamento sempre vai ser diferente, ainda mais porque não tem mais volta, para mim um papel torna tudo definitivo, ainda mais porque ambos acreditamos que casamento é até que a morte nos separe.

Minha futura esposa, me fez usar suspensórios, ensaiar uma dança complicada, infelizmente eu perdi minha flexibilidade quando passei pela puberdade e cresci mais de 25 centímetros, para minha tristeza ela gosta de dançar, mas não no estilo discoteca, essa sempre foi minha parte favorita do casamento, ela quer aquela coisa cheia de passos, gestos e a merda toda.

Em troca, fiz questão de fazer os meus pedidos, que ela usasse sutiã e calcinha com aquele tecido furado, que o cabelo ficasse solto e cheio, daquele jeito que amo, quis também que ela usasse salto, mas deixei ela escolher os mais confortáveis, ela escolheu um reto, que não lembro o nome e que o vestido fosse tomara que caia. É claro que houve retaliação, acabei com uma calça azul, sapato social, um corte de cabelo que eu não gosto, e que rendeu muitas piadas no trabalho, cueca box preta, desodorante de sua preferência, fiquei pensando qual o problema com meu cheiro, mas escolhi não ficar pensando muito sobre isso.

O salão está perfeito, ele é bem grande, uma chácara de uma amiga da minha vó, tem um lago, a cerimonia vai ser do lado de fora, nossa família é bem grande, então tivemos um grande problema na hora de selecionar quem vinha, não tínhamos dinheiro para pagar uma festa para trezentos. Tem várias cadeiras brancas em fila, no alto tem luzes amarelas, ficou muito bonito, parece uma festa que se vê em filme, as árvores ao meu redor estão todas enfeitadas.

Vou para frente e me posiciono no meu lugar, não consigo parar de suar, e oro para que ela não se atrase, preparei uma surpresa para ela, no ano novo que a pedi em casamento, ela me deu um saxofone, sempre quis um, mas a grana nunca sobrou.

Alguém que não conheço, vem até mim e traz o sax, acho que é alguém de serviço. É então que a vejo entrar, e seguir na minha direção, começo a tocar, compus para esse dia, venho trabalhando nessa melodia a bastante tempo, tento me dividir em alcançar as notas certas e a capturar toda essa sena. Paro quando ela chega até mim, seu pai apertar minha mão e me dá um abraço. Ela me olha ainda séria, mas ainda linda, com um vestido rodado, segundo ela, vestido de princesa.

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