Viagem

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Finalmente esse momento, nem acredito que aqui cheguei, foram anos da minha vida sonhando com o momento em que sairia do colegial, passei ontem na escola para pegar meu histórico e diploma, foi todo um ano pensando e me preocupando com o que estudar no próximo ano, e tudo se resume a esse momento, sinto um alívio por não precisar mais me cobrar tanto, tudo que podia fazer, já fiz, agora é apenas esperar os resultados das minhas escolhas.

No próximo final de semana vou viajar para SP, com a Sane e seu novo namorado, ainda estou de férias, e é começo de ano. Ele é sargento serve em São Paulo e também tem parentes que moram com ele, porém seus pais estão aqui no Rio, eu ainda não o conheço, vou conhece-lo assim que estivermos em outro estado.

Estou nas minhas últimas férias como estudante de colegial e esta viagem a São Paulo veio bem a calhar, pois posso visitar a USP, estou doida para conhece-la, de qualquer forma já me escrevi para seu vestibular, e estou esperando garantir uma vaga, ou talvez fique aqui pelo Rio mesmo, minha primeira opção é a Rural em Seropédica, a primeira vez que à vi me apaixonei, ainda era pequena, meus pais escolheram um dos seus jardins banhados por lagos para fazermos nosso piquenique, foi umas das tardes que mais gostei com meus pais naquele ano, eles me levaram para conhecer parte do campos, passando pela parte de agricultura, medicina e arquitetura. Naquele momento comecei a planejar o momento em que voltaria para aquele lugar, não como uma menina e sim uma mulher, me sentaria sobre aquele gramado e tocaria meu violão durante atarde, andaria de bicicleta sobre aquelas ruas largas, e veria todo o resto dentro de um castelo. Também gosto da UFRJ, só que é bem longe de casa, fora que as notas de corte são muito altas, pelo menos para meus cursos de interesse, os prédios são bem conservados que os da Rural, a considero com uma opção, na verdade considero tudo como uma opção, ficara honrada de ir para o segundo melhor curso de Arquitetura no Brasil.

*****

Estamos no Galeão, eu e Sane nunca voamos, estamos todos apreensivos por aquilo que nos esperava à metros de nós. Nossos pais fizeram questão de estar conosco, viemos todos apertados no carro de sete lugares do meu tio, considerando as malas que estamos levando, o carro ficou bem apertado, era engraçado o rosto deles quando nos abraçaram pela última vez, parecia que aquilo era uma despedida que duraria para sempre, porém serão apenas duas semanas.

Ao descermos em São Paulo encontramos Tiago, o namorado da minha prima, ele é alto uns 20cm a mais que eu, o que não é considerado tanto para Sane, afinal ela é bem alta, mesmo sendo um ano mais nova, ele tem apenas cinco centímetros de diferença em relação a ela. Uma sombra de barba perfeita, equipado com vários músculos, mas nada extravagante, só o suficiente para deixar a boa forma aparente, possui a minha cor de pele, mas nele parece que cai melhor e combina mais, sua boca é bem grossa e rosada, seus olhos são grandes acompanhados por sobrancelhas não feitas, já o cabelo está bem baixo, acho que por causa do Quartel. Tudo nele gerava uma combinação bem rustica, o queixo marcado, acho que posso dizer que ele representa o militar estereotipado pelo povo. Tenho que confessar que mesmo não fazendo meu estilo, eu com certeza pararia para olhar para ele caso o visse na rua, mas é claro que para mim ele virou alguém bem feio e nojento pelo simples fato de estar namorando alguém da minha família. Está com uma calça meio larga se compararmos com o que comumente os garotos usam, acompanhada de um blusão fino roxo que deixava bem claro como era bonito o que havia por baixo dele. Ele sorri para nós, com nossos nomes em uma placa de papelão.

- Para que isso?! Como pode achar que não te reconheceria? – Ela disse sorrindo apaixonadamente para seu namorado no aeroporto.

- Claro que eu sei que me reconheceria, mas sempre quis segurar um desses no aeroporto. – Ele disse beijando e depois abraçando ela.

Depois de saírem daquele momento a dois, Tiago se apresentou para mim, e começamos uma conversa agradável.

A casa dele não ficava tão longe, no máximo 40 minutos de carro, era bem grande e espaçosa, seus avós moravam com ele, pessoas que gostei muito de conhecer, lembravam os meus, eram simpáticos e gentis, deveriam ter por volta de oitenta anos moravam aqui desde os vinte, mas seus filhos decidiram ir para o Rio de Janeiro quando ficaram mais velhos, porém eles não abriram mão da sua casa com um longo quintal verde, com direito a casa na arvore para os netos. Percebi que quando ficasse com saudade de casa eles seriam uma ótima forma de trazer a memória minha família, pois eles tinham basicamente os mesmos princípios que eram tradicionais em minha casa.

Estava cansada e depois de ajeitar minhas malas no quarto do primo do Tiago - não o conhecíamos mas pelo que soubemos ele cedeu seu quarto de bom grado para nós duas, ele dormiria no quarto "dos meninos ", tudo que queria era dormir naquela cama de casal tão confortável, porém Tiago nos fez prometer que sairíamos a noite para algum lugar que não me lembro o nome.

Quando eu acordei Sane ainda estava dormindo, nem vi quando ela deitou ao meu lado, pois antes de adormecer ela disse que iria ficar um pouco com o Tiago, gostava de vê-la assim: feliz, livre, como se nada pudesse faze-la chorar, confesso que estava até reclamando menos, era os diversos efeitos do amor. Comecei a traçar meu caminho até o banheiro levando roupas intimas, quando sai do chuveiro gelado e me vesti encontrei minha prima sorridente na cama.

- Com que devo me vestir?

- Não sei, para onde vamos?

- Também não sei, não prestei atenção quando o Tiago estava falando, estava muito ocupada olhando aquele bolo em cima da mesa. Você viu?

- O de chocolate?! É claro que vi, foi a primeira coisa que vi quando cheguei. Então vamos com algo bonito e confortável.

Depois de alguns muitos minutos estávamos prontas, eu tinha secado meu cabelo com o difusor pois ajudava a definir meus cachos, colocado um vestido rodado branco fresco de um tecido meio transparente, que graças ao foro não me deixava à mostra. Sane também optara por um vestido, porém azul para ressaltar sua pele clara, deixou seu cabelo meio bagunçado, tarefa difícil depois que decidiu tirar os cachos, mas até que combinava com ela, aquelas pontas azuis e a raiz naturalmente escura. Eu coloco minha sandália baixa dourada, e ela uma sapatilha preta, ao contrário de mim ela amava maquiagem, seu rosto hoje era a prova disso.

- Vamos? – O menino nos olhou de cima a baixo, porém parou sorrindo alegremente nos olhos de Sane.

- Sim. – Disse assim que os namorados se beijaram de uma forma carinhosa.

Entramos no carro e minutos depois estávamos em um estacionamento, enquanto descíamos ouvia que era para uma praça que iriamos e que um amigo estaria esperando por nós. Só espero que não seja mais nenhum encontro, ultimamente minha querida prima estava com essa mania de querer arrumar alguém para mim, na verdade não só ela, todas as minhas amigas tinham desencalhado, quando falo todas são realmente todas: aquelas da minha antiga escola, todas as três, quanto as da nova escola. Ficava feliz por elas, afinal de certa forma eu tinha vivido cada parte de tudo aquilo, junto a elas, cada frio na barriga, vergonha sem sentido, ou medo de não dar certo, ainda bem que deu, elas estavam felizes e eu por elas.

Ao chegarmos na praça Victor Civita, realmente havia alguém, e que alguém, foi impossível segurar o riso nos meus lábios. Ele era alto, sua pele era mais escura que a minha, tinha uma boca grossa rosa e bem marcada, os olhos eram verdes meio mel, com cílios maiores do que os meus depois de horas passando delineador, ele não era um tipo comum de homem malhado, seus músculos pareciam naturais, como se tivessem vindos ao nascimento, outra coisa que não dava para não reparar, era na sua bunda, tenho a tristeza de dizer que era muito maior que a minha. Ele tinha estilo, usava um blusão branco com mangas um pouco abaixo dos cotovelos, sua blusa tinha três botões abertos, mostrando coisas que eu estava bem feliz em conferir, na parte de baixo vestia bermuda jeans escura desgastada.

- Calma prima – Sane sussurrou no meu ouvido.

Acho que estava olhando demais e sorrindo demais, então preferi abaixar o olhar e continuar a caminhar até ele. Assim como Tiago, seu primo era muito simpático, até mais do que ele, sorria fácil e fazia piadas toda hora, e era responsável pela manutenção do assunto, a conversa não fica chata mesmo que ele contasse suas histórias do quartel, onde treinava para ser bombeiro militar, isso explicava seu cabelo igual de Tiago, porém antes ele tinha um cabelo mediano usava topete, e vivia fazendo cortes diferentes, podíamos ver que ele ligava para o cabelo, pois mesmo tendo a cabeça raspada ainda tinha as costeletas e o pé do cabelo perfeito, ou talvez seu barbeiro era apenas bom.

A conversa fluiu até tarde, mas decidimos ir para casa já que todos iriamos para o mesmo lugar, era dele o quanto em que eu e Sane estávamos. Em casa fizemos uma junção do dinheiro que tínhamos e compramos salgadinhos, claro que os meninos comeram a maior parte, e deixaram os quibes para nos enquanto íamos trocar as roupas por algo mais confortável, entretanto não tão confortável, pois tínhamos meninos na sala.

Eu fui dormir cedo, logo depois que a menina que veio comigo foi se despedir do seu namorado, pois iria para o quartel no dia seguinte, segunda-feira, e só voltaria na sexta-feira, não querendo ficar sozinha com o outro cara na sala, fui dormir.


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