Complicado

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É incrível como tudo passa rápido demais, me sinto como se estivesse vivendo o pós-felizes-para-sempre com Isaac, uma história surreal que deixou apenas uma tatuagem azul nele, sinto como se estivesse vivendo a história que não contam. E agora como vivo e administro tudo isso? Não estou em um século onde a maior das ambições femininas é casar, ter uma família e filhos para criar, estamos quase no final do ano, já se passou mais de seis meses, e agora estamos apenas namorando, não nos casando, é como se tudo tivesse acontecido muito cedo, eu tenho apenas 19 anos, na verdade hoje é meu aniversário.

Passamos os últimos meses tentando nos adaptar com a mudança, com tudo que nos tornamos, de certa forma esse tempo distante foi bem significativos para nós dois, não tenho como mensurar como esse tempo morando longe dos meus pais, fazendo faculdade e me chocando o tempo todo com decisões que eu NÂO QUERO FAZER.

Nas primeiras semanas foi bem fácil sentíamos saudade um do outro e parecia que queríamos recuperar todo o tempo perdido, mas com o passar dos meses tudo aquilo estava diminuindo e a realidade pesando.

Não é como se tivéssemos parado no tempo, as vezes sinto que a culpa é minha, que deveria me esforçar mais, as vezes imagino que a menina de 17 anos, agora estaria brigando muito comigo, afinal eu tenho tudo: um cara que amo e uma história perfeita com ele. Me sinto mal, mas sinceramente eu não penso como antes nem um pouco, e me encaixar a Isaac tem sido difícil ultimamente, afinal ele tem a cabeça de uma pessoa de sua idade, parece que viver tudo que viveu o fez ser mais maduro, querer viver tudo com mais intensidade, sem contar que ele tem dinheiro suficiente para se aposentar e viver confortavelmente por um bom tempo.

Isaac participou de uma iniciação cientifica, e a partir dela resolveu montar um projeto, já conhecia as pessoas certas para desenvolver seu pensamento. No fim eles conseguiram montar um programa que diminuía o tempo que as maquinas gastavam e aumentar a produção, parece que isso rendeu um bom dinheiro e algumas porcentagens toda vez que o programa era comprado.

Por causa disso tudo, ele já estava naquela parte da vida, onde o cara quer sua casinha, sua esposa e seus filhos, ele até me propôs isso, disse que moraríamos em SP por causa da faculdade e que eu não precisava me preocupar com nada. Mas é claro que não aceitei, eu só tenho 19 anos, eu quero conseguir minhas coisas por mim, não quero ser sustentada, quero me virar, ser independente, coisa que aos 17 anos com certeza nem passaria pela minha cabeça, diria "sim" ao amor da minha vida, diria "sim" para tudo.

Ele tem tentado muito me entender, me acompanhar. Tenho medo que ambos estamos apaixonados por quem fomos um dia, pelo que pensamos que éramos, foram quase seis meses de namoro e um pouco mais de um ano querendo estar perto, fora que a ideia de ser a salvadora de alguém é incrível.

Temos nos revessado em Rio e SP, vou o máximo que posso para o Rio, normalmente quando Isaac precisa ficar resolvendo coisas no trabalho, que tem sido bem flexivo, trabalhar por conta própria as vezes oferece alguns benefícios e as vezes malefícios. Tiveram vezes em que ele pode passar comigo dez dias, outras que ele não pode sair do Rio durante todo o mês. Confesso que ficamos bem cansados, mas no final até que vale apena, quando vejo seu sorriso ao sair do caro, me sinto leve.

Por conta da minha semana de trabalhos, literalmente isso: são milhares de trabalhos sufocantes, tem maquete, tem apresentação, tem resumo de livro e muito mais, tivemos que comemorar meu dia preferido, que deixou de ser preferido esse ano, aqui em São Paulo mesmo, é o único feriado no meio de toda essa maré ruim.

Isaac chegaria no feriado, mas teve problemas no trabalho e só poderá vir no final de semana, fiquei um pouco chateada no começo, mas fiz de tudo para ele não perceber, não queria que ele faltasse o trabalho, entendia que ficar era importante nesse caso. No final não fez nem muita diferença, pois já estava programando em fazer algo só no final de semana, seria a comemoração por ainda estar viva depois de cinco dias de tortura, somado a comemoração do meu aniversário.

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