Colegas de Quarto

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Quase um semestre já se passou em minha faculdade de arquitetura e urbanismo, esperava morar com a família do meu pai residente aqui em SP, porém três semanas antes de começar as aulas recebemos a notícia que poderia morar em um dos apartamentos da faculdade, mas que provavelmente o dividiria com mais duas meninas, demorei um pouco a convencer meus pais a me deixarem optar por essa opção, tive que fazer um discurso responsável, mostrando que havia aprendido tudo que eles me ensinaram durante toda a minha vida, e ao final dele, eles me concederam a permissão de morar com duas meninas que não fazia a mínima ideia de quem eram.

Quando entrei no apartamento percebi que ele não era tão grande quanto imaginei, mas era uma boa forma de começar. Ana já estava arrumando suas coisas, deveria ter dois centímetros a menos do que eu, seu cabelo era crespo e seu tom de pele um pouco mais escuro se comparado ao meu, também era magra, porém com olhos castanhos escuros e um corpo bem definido, pelo que pude perceber ela não era do tipo aberta para novas amizades, conversa e brincava, mas só isso, cursava engenharia, porém o jeito dela era bem mais "humanas" do que "exatas". Algumas horas depois chegou Hadassa, essa já era bem baixa abençoada pela genética, seu corpo era perfeito, de cara gostei dela: era sorridente, também gostava de livros, falava por nós duas, era fácil manter uma conversa longa, aos poucos fui descobrindo que tínhamos muito em comum, os gostos quase iguais por músicas, danças e até instrumentos, entretanto bem diferente da minha área ela cursava história, mas digamos que seu jeito era meio "exatas".

Aos poucos fomos pegando amizade, e hoje no final do primeiro semestre percebo o quanto gosto delas, por vezes eu e Ana discutimos com Hadassa quanto aos afazeres domésticos, porém era só isso, em todo o resto conseguíamos nos entender muito bem, e até ser mais do que colegas de quarto, Ana começou a mostrar que não era tão fria quanto aparentava, até nos contava seus casos amorosos, quando chegou aqui tinha terminado a pouco tempo com um menino do colegial, mas digamos que terminaram sem um motivo muito válido, estou começando a acreditar que eles não existem, então conheceu seu namorado atual, " O homem para lhe sustentar", ele já era formado e ganhava uma boa quantia pelo que fazia, porém isso começou a se tornar verdade depois de alguns meses de namoro. Hadassa, nunca havia namorado, teve sua primeira experiência a duas semanas, eles tinham uma história a bastante tempo, história a qual ela sempre preferiu ignorar, o conheceu ainda pequeno, viu todos os seus músculos se formarem, sua voz engrossar, trocar a franja por um topete bem arrumado, tirar o aparelho e ganhar um sorriso perfeito, porém sempre que tinha a oportunidade falar o que sentia, ou era grossa ou fazia a coisa errada. Ainda bem que eu e Ana a conhecemos, pois fizemos o favor de mudar isso, e ajuda-la com seu final feliz, era incrível como nas últimas semanas ela vivia de bom humor, mesmo que seu pior professor fizesse de sua aula algo horrendo, ela continuava com um sorriso no rosto, adorávamos essa sua fase, nem a ouvíamos mais reclamar, olha que isso era algo mais do que frequente. Adoro vê-la bem, sempre foi uma boa amiga, ouvia minhas queixas durante a noite e me fazia rir caso precisasse, nunca me negou sorvete, ou um abraço aleatório, acho que por entender sua importância na minha vida, quis tanto fazer algo que pudesse ajudar em sua própria vida. Eu marquei com o Matheus, seu namorado, que até então era apenas algo sem definição, em seu lugar preferido, o obriguei a ir com a melhor roupa e perfume que tinha, não se esquecendo de levar o último livro da saga preferida da minha colega de quarto. Ana cuidou de leva-la na hora certa até o local onde havíamos marcado, então foi bem mais fácil do que esperávamos, ficamos da janela do apartamento esperando eles chegarem horas depois, então finalmente vê-los se beijarem de um jeito que não sei como descrever, acredito que ambos tenham se surpreendidos com que houve, só posso dizer que Ana e eu ficamos impactadas.

Sobre coisas inesperadas: minha campainha havia acabado de ser tocada pelos dedos do Tarso, não entendi muito bem porque ele não havia me avisado sobre sua visita, como sempre faz, mas de qualquer forma ele já virou de casa, não mais que o Tiago, é claro, este vive dormindo aqui, já deixou até sua mochila com seus objetos pessoais, as vezes viramos a noite jogando, vendo serie ou só conversando, as meninas já se acostumaram com sua presença de manhã e a cueca pendurada no banheiro, para todos nós é algo natural, nunca pensei que meu conceito mudaria tanto a respeito de "amizade entre sexos opostos", mas era evidente a tenção sexual abaixo de zero entre mim e ele, conversamos sobre tudo sem que nos sentíssemos constrangidos ou pensássemos em tentar um com o outro.

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