Dia Preferido

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O dia mais importante para mim chegou, parece que o ano começa e termina para mim nessa data, desde pequena sempre fico ansiosa por esse dia do mês, todos que me conhecem sabem o quanto me importo com meu aniversário, sei lá tenho o costume de sempre fazer comparações entre tudo aquilo que fiz na idade anterior e tudo que planejava fazer no próximo ano.

Aos 17 eu havia me mudado, e estava feliz com tudo que tinha encontrado no novo lugar, tinha conhecido mais minhas primas, tinha viajado pela primeira vez sozinha com elas, conheci um cara surpreendente, que desde o primeiro dia tinha tirado meu chão e me dado mais mil motivos para sorrir, também tinha conhecido meu melhor amigo, um companheiro para todas as horas, Cris me ouvia e me fazia sorrir quando estava chateada, sem me cobrar por isso.

**Chat on**

- Oi Rosa, parabéns!

- Obrigada Cris.

**Chat off**

Esperava que fosse outra pessoa, mas são só meia noite, ainda tenho quase 24 horas para ele lembrar de mim. Como sempre tem alguns dias que não falo com ele, mesmo que goste bastante de ficar em sua companhia, por mais que o beijo seja incrível e as caricias como nunca antes tinha provado, acho um saco sempre essas merdas dele. Ele some sempre que beija, e aparece depois com palavras meigas, e no final tudo termina da mesma forma. É, espero que fazer 18 anos, mudem um pouco as coisas.

*****

- Acorda, Cora! – Minha mãe grita.

- Parabéns pra você, nessa data querida... – Canta ela e meu pai em uníssono, enquanto me trazem uma bandeja com tudo que mais gosto.

- Obrigada, gente! Amo você, tem até bolo de chocolate! – Falei a última parte um pouco mais alta.

- Você merece. Nossa única filha está fazendo 18 anos, nem acredito como passou rápido, até ontem era aquele pingo enchendo meu saco e agora já está quase se formando. Nós, eu e sua mãe temos orgulho do que tem se tornado.

Os olhos de todos os três estavam marejados.

Era verdade que meus pais optaram por ter apenas eu, me dizia que não conseguiriam dar um avida razoável a todos nós caso tivéssemos mais um membro. Eles começaram a trabalhar muito cedo, quase não tinham tempo de estudar e ambos tinham bastante irmãos. Não vou dizer que minha infância foi tranquila, e que tive tudo que sempre quis, muitas vezes pedi e tive que encarar a expressão triste do meu pai dizendo que não tinha para me dar. Nunca estudei em um colégio particular, sempre escolhi preparatórios e cursos sociais. Mas também nunca fui de pedir essas coisas, sabia o quanto tudo isso era caro, claro que facilitaria muito minha vida na hora de prestar um concurso.

Eu estudei muito para conseguir entrar na escola técnica de onde morava e depois que meus pais decidiram se mudar, tive que novamente fazer prova para nova escola. Demos sorte por encontrar uma escola que também era técnica, a única diferença era que a anterior funcionava lecionando a matéria do técnico durante os três anos do segundo grau. Já a que eu frequentava começava a partir do segundo ano, ou seja eu tinha um ano amais de técnico do que todos da minha sala. E foi só por isso que a diretora resolveu me aceitar, mas é claro que tive que fazer uma prova para demonstrar que eu estava no nível de sua escola.

E assim tinha sido a minha vida até aqui, tendo certeza que eu sempre seria aquela que tem que se esforçar mais do que todo mundo, a que não mora no melhor bairro, e que nada disso vai ser um fator determinante para definir quem eu sou, pois, independente de tudo isso, mesmo que seja mais difícil e doa mais, eu posso ter os mesmos resultados daqueles que tem tudo em suas mãos.

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