Todas as cores

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Os dias tem passado rápido demais, eu tenho realmente gostado de como as coisas tem se desenrolado com Tiago, de fato ele me irrita mais que o normal, mas confesso que fico bem tristinha quando ele tem que ir.

Mais tarde teremos noite de ano novo, passamos o natal na casa da D. Josi foi bem melhor do que esperava, foi meu primeiro natal longe dos meus pais, mas a família do Tiago estava em peso na casa dele e eles são bem parecidos com a minha família.

Me lembro até hoje a vergonha que fiquei da avó do Tiago quando soube que ela já sabia de nós dois, achei o cúmulo ele não ter me dito que ela já sabia, provavelmente aquela senhora estava me achando uma boba, pois tentei evitar o máximo aquelas ações aleatórias que fazemos quando estamos apaixonadas, sim eu estou apaixonada.

- Cora, cuida bem do me neto. – Me disse quando ficamos sozinhas na cozinha.

- Pode deixar. – Disse meio engasgada com o suco que eu bebia.

- Meu marido dizia que ser amada por um Araújo, é diferente, é claro que achei a maior bobeira do mundo quando ouvi pela primeira vez. Com o tempo eu fui entendendo o que isso significava, eles são amáveis, leais, porém teimosos como uma porta. Às vezes eles te enlouquecem, mas você nunca vai se sentir tão segura, nunca ninguém vai se esforçar tanto para te fazer feliz, por vezes eles colocam sua felicidade acima deles, por isso se machucam muito quando não dar certo. Por mais forte que sejam, um coração partido acaba com eles. – Ela suspirou e eu me lembrei da última namorada de Tiago e como ele ficou arrasado quando acabou. - Se quer isso realmente, se gosta dele de verdade, vai ser incrível, cada momento, cada experiência e tudo vai ser intenso. Eu fiquei casada durante anos e com certeza faria tudo igual se tivesse a chance. Posso dizer que nunca foi normal, nunca foi chato, nunca foi monótono, meu marido era intenso demais para isso e carinhoso demais para deixar o amor morrer.

- A idade realmente parecia não ter chegado para vocês. – Ponderei.

- Mas chegou, querida. – Entendi o que ela queria dizer. – Talvez não como para os outros casais, mas não é disto que quero falar. – Sorriu. – Tiago tem muito do avô, sempre foram próximos, o pai as vezes ficava com ciúmes, afinal ele sempre usava o avô como referência para tudo. Cuide bem do meu menino, de todos os meus netos, ele é o qual eu mais me preocupo.

- Sim, senhora. – Não sabia exatamente o que falar para ela, de alguma forma acredito que não precisava, o que ela queria mesmo era ser ouvida.

Ainda não me acostumei muito com a ideia de ser mais que melhor amiga, porém acho que com o tempo as coisas vão se ajeitando de fato.

Tomei meu banho e parei de enrolar olhando para o teto, estou no Rio, mais especificamente deitada no meu quarto, combinei com meu pai de ficar com a família até um pouco depois da virada, e partir para a casa do Tiago logo após, os pais dele vão comemorar em um salão a uns 40 min de carro daqui.

Meu vestido parece uma toalha de mesa, não percebi na hora, gostei do modelo e fico bem no meu corpo, por isso trouxe, mas agora que olho no espelho, não sei se fiz uma boa compra. Penteio o cabelo e seco com difusor, não gosto mais de deixa-lo secar naturalmente, acho que perdi o costume de cabelo molhado nas costas. Um pouco de maquiagem, mas não muito, o suficiente para me deixar um pouquinho mais corada, brilho nos lábios, cordão e pulseiras. Pronta.

- Teu pai já está no carro. – Grita minha mãe enquanto eu ouço o barulho do motor.

Desço as escadas correndo, é incrível como isso sempre acontece aqui, não importa o quanto eu cresça, mude de idade, sempre eu sou a última a me aprontar como eles falam, as vezes acho que eles fazem de proposito, se arrumam rápido e de qualquer jeito só para mim ser a última.

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