Impotente

6 0 0
                                    


É engraçado como aquele amor sublime, aquela paixão desesperadora ás vezes simplesmente acaba ou se torna menos intensa, te deixando em um lugar familiar, um lugar que acostumou viver.

Parece que minha vida, sempre girou entorno dos meus relacionamentos, como se eu não soubesse viver sem pensar em algum carinha, parece que sempre tive com quem me importar, e quando não havia "ele" eu me preocupava por não o ter. Hoje sinto falta de mim, eu tenho planos e projetos, coisas que sonho construir desde criança, entretanto em várias situações me vi questionando se deveria realmente fazer, pois tal escolha iria interferir em meu relacionamento.

Pode até ser que eu e Isaac enfrentamos muitas coisas juntos, realmente lutamos pelo que sentíamos. Eu nunca havia duvidado do que queimava em meu peito, pois sabia que era real, quase palpável, o suficiente para suportar qualquer coisa e resistir ao tempo, contudo agora não sei se ele é tão forte assim. É estranho sentir que aquilo que dava sentido e coloria seu mundo não colore mais tanto assim.

Entendo e agora percebo que não sinto mais aquela intensa paixão já faz um tempo, na verdade não sei se já me senti como as outras pessoas, o mais forte que senti foi pelo Isaac e mesmo assim ele conquistou o que sinto, eu apenas o olhei e pensei que seria bom se um dia tivéssemos algo, então ele fez todas as outras coisas, eu só o dei espaço. Éramos novos quando tudo isso começou, talvez seja esse o problema, já estamos tanto tempo juntos que o próximo passo é o casamento, e eu sinceramente não quero me casar agora, não que não o ame ou algo assim, entretanto sinto que ainda sou muito nova para isso, ao contrário do que penso, ele com certeza espera avido para que eu o permita comprar as alianças, planejar onde vamos morar ou onde construiremos.

Tenho certeza que será mais do que difícil falar tudo isso a ele, pior ainda será as semanas que precederá aquilo que eu mesma estou começando, porém já me decidi, pode até ser que esteja tacando todo sacrifício que fizemos e tudo que esperei tanto viver, mas a verdade é que não sei se sou a mesma garota que quebrou a maldição por amar um "mostro". Acho que se Bela do Famoso conto de fadas me olhasse, riria da situação que me enfiei, então me advertiria dizendo algo como: "Não despedisse seu final feliz". Se isso fosse realmente um livro de contos, chutara dizer que me encontro vivendo exatamente após aquele cara com voz hipnótica dizer "fim". Pelo visto as coisas não são tão belas, românticas e apaixonantes quando a história acaba ou o livro termina, quem poderia imaginar que o mocinho e a mocinha não ficariam juntos ao final, ou que a mocinha não estaria mais tão apaixonada por ele, será que o amor verdadeiro acaba?! Afinal segundo os livros, eles não acabam.

Me sinto mal e culpada, eu vejo Isaac tentar, eu realmente tenho tentado, tenho me esforçado, não quero magoa-lo, eu sei que o amo e por isso não quero terminar, mas sinto que o amor está diferente, gosto de ouvi-lo, de vê-lo, porém não sinto mais as tais borboletas na barriga, aquele sorriso bobo não brota mais no meu rosto quando falam dele perto de mim, meu corpo não se aquece como antes quando ele me toca, tudo isso acontecia antes, parece que eu deixei tudo isso morrer. Ele é o mesmo, mas eu não a culpa é minha, mas por ele vou continuar, talvez um dia a gente volte para onde tudo isso de fato parou.

Ainda estou pensando e enrugando a testa quando ouço uma batida leve na porta, como na maioria das vezes, estou sozinha já que não estava muito afim de sair com a Hadassa e o namorado, eles costumam ser um grude, coisa que me irrita profundamente, acho incrível como ele a distrai facilmente mesmo depois de meses. E a Dessa viajou para passar as festas com a família em Macaé.

Fitei o relógio e lembrei que tinha marcado de sair com o menino que tinha vindo do Rio há dois dias para ficar comigo, achei engraçado como desta vez passou rápido, o levei ao aeroporto faz uns dois meses, e olha só: aqui está ele de novo batendo em minha porta. Me levantei do sofá e caminhei até a porta:

Todas As Rosas Do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora