Nel mercato.

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Mosteiro 17:33

-Marquei tudo o que vamos precisar.- padre Lucca entregou um pequeno caderno para Carlo.- E já dei o dinheiro para Giovanni.- olhou para o cozinheiro.- Tem certeza que vai ficar bem?

-Tenho sim padre.- balançou a cabeça.

-Vou cuidar dele.- Carlo sorriu.- Acha melhor irmos de carro?- olhou para Giovanni.

-Não, acho que vamos conseguir trazer todas as compras.

-Então, vamos?

Giovanni colocou a mochila nas costas e pegou algumas sacolas, para que eles pudessem colocar as compras. Carlo colocou seu casaco por cima da batina que usava, apenas para proteger-se da briza fria do lado de fora. Despediram-se de Lucca e saíram do mosteiro. Já estava escurecendo quando pisaram no lado de fora, então as ruas estavam quase vazias.

-Como está o Lorenzo?- Giovanni quebrou o silêncio.

-Falei com ele ontem, estava mais feliz do que nunca.- sorriu.- Ele ir para a Califórnia, foi a coisa certa a se fazer.

-Eu também acho, ele precisava respirar um novo ar.- concordou.- Espero que ele seja muito feliz.

-Ele vai sim, tenho certeza.- sorriu.- Acho que vamos precisar ir para o outro lado da cidade.- franziu o cenho.- Padre Lucca não gosta das maçãs que vendem nos mercados daqui.

-Sério? Se soubesse, tinha vindo de carro.

-Está tudo bem, andar faz bem.

-Mas eu já estou cansado.- apoiou-se no mais novo.

-Pare de reclamar, acabamos de sair de casa.- passou a mão nos cabelos de Giovanni

-Sabe que sou uma pessoa bem sedentária.

-A culpa não é minha, lembre-se, foi você quem falou para virmos andando.

-E já estou me arrependendo profundamente.

-Só você para me fazer rir.- Carlo soltou uma gargalhada.

Giovanni adorava ver o sorriso de Carlo, por isso, fazia de tudo para mantê-lo no rosto do mais novo. Não sabia como ou quando, começou a gostar de Carlo, mas quando percebeu, aquele sentimento dentro de seu peito, era enorme e o mantinha aquecido.

Na verdade, Giovanni tinha um momento em mente, o momento exato no qual tinha se apaixonado por Carlo.

Foi a mais ou menos uns três anos atrás, quando Carlo tinha acabado de entrar no mosteiro. Era um dia de primavera, estavam todos no jardim colhendo frutas e legumes da pequena horta, Lorenzo tinha falado algo que não conseguia se recordar, mas que fez o loiro sorrir pela primeira vez desde que tinha chego.

Ah, aquele sorriso que Giovanni tanto gostava, aquele sorriso que fazia o seu mundo inteiro parar. Mas teve uma única vez que aquele sorriso tinha desaparecido de seu rostinho, foi quando os pais do mais novo tinham falecido em um acidente de carro. Naquele dia Giovanni sentiu-se incapaz, porque não conseguiu fazer nada além de o abraçar fortemente e dizer que tudo estava bem e que tudo ficaria bem, que ele não estava sozinho.

Mas o tempo o ajudou superar e ele voltou a ser a pessoa alegre de sempre.

-Giovanni?- Carlo balançou as mãos na frente do moreno.- Você está bem?

-Sim.- piscou os olhos várias vezes seguidas.- Por quê?

-Já faz um tempo que estou te chamando.- colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha do mais velho.- Está tudo bem?

-Sim, estava apenas pensando.- deu um meio sorriso.

-Estamos quase chegando no mercado, vai ficar me esperando no parquinho?- Giovanni balançou a cabeça negando.- Tem certeza? Hoje é terça-feira, está bem movimentado.

-Está tudo bem, não posso deixar todo o peso com você.

-Mas posso fazer as compras, e você me ajuda depois.

-Não, eu consigo.

Giovanni sorriu, mas por dentro, ele estava quase desmaiando. Fazer compras sempre tinha sido tarefa de Carlo e Lorenzo, mas com o moreno nos Estados Unidos, essa tarefa era sua também.

Respirou fundo e entrou dentro do mercado, era uma coisa bem simples, pegar as coisas, pagar e ir embora, mais fácil do que isso, era respirar. O problema era, Giovanni tinha pavor, apenas de ficar perto de alguém que não conhecia, na verdade, de pessoas no geral, por isso nunca saía do mosteiro, apenas quando era extremamente necessário.

Colou o máximo que pode, seu corpo com o do mais novo, tentando aliviar a angústia que sentia dentro de si. Sentiu o cheirinho de amaciante que saia do mais novo e, estranhamente, sentiu-se protegido e mais calmo.

-Vai ficar tudo bem.- segurou sua mão firmemente.- Eu estou aqui.

Esse simples gesto, fez com que o coração de Giovanni batesse bem mais rápido do que já batia.

-Carlo.- parou de andar.- Eu te amo.

-O que?- o loiro tinha expressão confusa no rosto.

-Não.- balançou a cabeça de um lado para o outro.- Esqueça o que acabei de dizer.- deu um sorriso fraco.- Deve estar assustado.- soltou a mão de Carlo.- Afinal, nós dois somos homens, isso seria muito errado.

-Giovanni.

-Eu vou...- suspirou.- Vou te esperar lá fora.

-Giovanni.- segurou seu braço.- Não, não vá.

-O que?- sua voz saiu falha.

-Não quero e nem vou esquecer o que você falou.- ele negou.- Você não sabe quanto tempo eu esperei por isso.- Carlo abriu um belo sorriso e aproximou-se de Giovanni.- Assim como você e o Lorenzo, eu tive e ainda tenho medo.- segurou o rosto do mais velho.- Mas temos que parar de ter medo de amar, Deus não vai nos condenar por amar, quem vai nos condenar, são as pessoas que não possuem amor no coração, mas sei que somos fortes o suficiente para superar todas as dificuldades que nos esperam.

Carlo aproximou seu rosto com o do mais velho, e sem aviso prévio, encostou seus lábios nos de Giovanni. Sentiu algo salgado invadir sua boca e então afastou-se do moreno.

-Giovanni, o que aconteceu?- puxou a manga de sua blusa e secou as lágrimas.- Me desculpe, eu nem perguntei antes, devo ter te assustado...

Ele negou.

-É que eu estou muito feliz.- fungou.

-Eu também.- Carlo puxou Giovanni para um abraço.

-Eu te amo.

-Eu te amo mais.

-Não, eu quem amo mais.- apertou mais o abraço.

O medo que os dois tinham, naquele momento, tinha sumido. Era como se ali, só existiam os dois, apenas sentindo e amando um ao outro, ninguém mais importava, nem mesmo as pessoas que passavam por eles, falando coisas horríveis.















aaaaaaa
bjos

2 meses em Roma (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora