Quattro

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Mosteiro 15:12

-Lorenzo, ainda está dormindo?- ouviu algumas batidas em sua porta e levantou tão rápido de sua cama que o ficou tonto. Estava atrasado para suas aulas.

-Ai deus.- abriu a porta- Me desculpe padre Luca, eu não estava conseguindo dormir ontem e acabei por dormir de madrugada.

-Está tudo bem meu filho.- o padre sorriu- Tem algo em mente que lhe está perturbando? Qualquer coisa pode me dizer.

-Não, está tudo bem.- suspirou - Vou me vestir e já vou para as aulas.

O padre concordou e começou a andar naquele imensos corredor. Lorenzo suspirou novamente e fechou a porta. Pegou sua fiel calça caqui e uma camisa azul grisáceo e a batina. Entrou dentro do banheiro e tomou um rápido banho.

Vestiu-se e escovou seus dentes. Poderia ter escovado seus dentes antes, mas estava com preguiça. Bom, o importante não era a ordem, mas desde que ele fizesse isso já estava bom. Penteou os cabelos para trás e passou um pouco de gel para deixar os fios parados atrás, seu cabelo poderia ser bem rebelde quando queria, por isso sempre o mantinha em um corte curto.

Hotel Eterna Passione 15:56

-Devon, para de pensar no Lorenzo e tenta decorar a droga do seu roteiro.- Pauline bufou, ou ver o irmão no 'mundo da lua' novamente.

-Eu não estou pensando nele.- voltou para a primeira página.

-Sei.-revirou os olhos- Mas já que você não está com intenção nenhuma de ler ele,-ela tirou o roteiro das mãos do irmão- vamos falar sobre mim.

-Sobre você?- sorriu.

-Sim, você precisa me dar atenção.

-Sobre o que você quer falar?

Devon levantou-se da cama e andou até o frigobar que tinha em seu quarto e pegou dois potinhos de pudim de chocolate. Sentou-se novamente na cama e entregou um para sua irmã.

-Eu acho que estou apaixonada.- ela falou com a boca cheia de pudim.

-Sabe que eu não entendi o que disse, não é?

-Eu acho que estou apaixonada.

-Isso é novidade.-falou surpreso- Logo você Pauline Francielle Crueses?

-Ai.- franziu o cenho- Não precisa ficar tão surpreso assim. Até parece que eu não tenho um coração.

-Mas você não tem um coração.

-Eu vou te deserdar.

-Ah, mas você não pode fazer isso.

-Acha mesmo?- falou desafiadora.

-Okay, você com toda a certeza do mundo faria isso.- concordou- Mas quem é a pessoa?

-Bom, você conhece.

-Vai me fazer adivinhar?

-Não, eu não vou falar quem é.- deu um sorriso sapeca.

-Sua vaca. E eu ainda te dei um pudim.

-Ninguém mandou você me dar.- deu de ombros, e comeu a última colherada.

-Sério mesmo que você não vai me falar?

-Não é que eu não queira falar, eu apenas tenho medo que você se decepcione.

-Mas Line,- Devon segurou no rosto da irmã, fazendo-a olhara para ele- eu nunca ficaria decepcionado com você. Você é a minha irmã e mãe, sabe que se não fosse por você, não estaríamos aqui agora.

-Eu sei.- suspirou e deu de ombros- Mas eu ainda não estou pronta.

-Tome o tempo que quiser, e se quiser conversar, vou estar aqui.- depositou um  beijo na testa da irmã.

-Obrigada.- sorriu- Agora vai decorar suas falas.

-O diretor disse aonde vai ser a próxima cena?

-Ele disse algo de alguma capela, mas não sei ao certo.

Pauline mandou um beijo para o irmão e fechou a porta. Devon suspirou e pegou seu roteiro, que mais parecia um livro de quinhentas páginas, e começou a grifar suas falas. Mas parou assim que lembrou do lugar que sua irmã o falou. Uma capela, será que seria a capela em que encontrou Lorenzo pela primeira vez?

Se empolgou com a ideia de ver Lorenzo outra vez, e ver o sorriso do mais novo. Mas logo sua felicidade desapareceu. Tinha que tirar de sua mente, de que um dia poderia ter algo com o padre.

Deixou um palavrão escapar de seus lábios e voltou a atenção para seu roteiro, talvez aquilo poderia lhe ajudar a esquecer  do sorriso de Lorenzo.



Pauline jogou-se em sua cama e se encolheu. Não acreditava que tinha contado para o irmão que estava apaixonada. Não estava preparada para começar uma nova história de amor, muito menos depois do que passou com seu ex-namorado.

Desfez o rabo-de-cavalo e tirou os saltos. Seus pés estavam inchados de tanto andar pelas ruas de Roma, em busca de roupas para o figurino do irmão.

Estava com vinte e nove anos, mas ainda parecia uma jovem no auge de seus dezenove. Tinhas os cabelos em um ruivo ondulado, e seus olhos verdes ressaltavam seu rosto. Mas ultimamente, nem a maquiagem estava disfarçando suas olheiras.

Ouviu alguém bater em sua porta. Virou seu rosto em direção a porta e gritou um 'Pode entrar, a porta está aberta.'. Eliza entrou e fechou a porta atrás de si. Pauline a encarou. Estava toda descabelada e sua saia estava amarrotada.

-O que aconteceu com você?- perguntou assim que chegou perto de Eliza.- Você está bem?- colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

-Um cara...- ela soluçou- Um cara estava tentando me pegar.- seus olhos se encheram de água- Eu não sabia o que fazer, então sai correndo.- começou a chorar.

Pauline abraçou Eliza, dando tapinhas de leve em suas costas.

-Está tudo bem agora.

A guiou para sua cama e a mesma se sentou. Line pegou um copo com água e entregou para Eliza que ainda estava atordoada, mas tinha parado de chorar.

-Já falou com o seu agente?

-Ainda não...

-Quer que eu fale com ele?- ela negou- Tem certeza?

-Obrigada, por me escutar.- ela suspirou- Talvez, ninguém iria escutar isso.

-Por quê?

-Eles pensam que estou inventando.- deu de ombros e sorriu nervosamente- Ele está me seguindo faz muito tempo.

-E você não falou para ninguém?- Pauline estava um tanto furiosa.

-Não fique brava comigo.- ela se encolheu- Eu tentei uma vez, mas ninguém acreditou em mim. Falei para a polícia e disseram que não acharam ninguém, então apenas desisti. Mas por causa disso, quase não saia de casa.

-Mas sempre via você em jornais...

-Sim, mas era necessário.

Pauline suspirou. Ela não parecia estar mentindo e realmente parecia estar muito assustada. Olhou para Eliza que estava com sua maquiagem toda borrada por conta do choro. Alcançou no criado-mudo mudo e pegou seu paninho demaquilante. Virou o rosto dela para si e começou a tirar toda aquela maquiagem.

Eliza era muito bonita, não podia deixar de concordar com isso. Mas sem toda aquela base e sombras escuras e seu fiel e inseparável batom vermelho , ela ficava ainda mais bonita.

-Eu sou horrível sem maquiagem.- riu suspirado.

-Não é não.

-Você é a única que diz isso.

-Deveria usar menos maquiagem.- Eliza sorriu- Quer dormir aqui hoje? Amanhã posso escolher seu figurino e fazer sua maquiagem.

-Posso?

-É claro. Pode ir tomar um banho se quiser.

-Mais uma vez, obrigada.- beijou a bochecha de Pauline.

2 meses em Roma (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora