Diciotto

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Hotel Eterna Passione 06:32

Devon deu uma olhada geral no quarto de hotel que passara nos dois últimos meses, levantando coisas e abrindo gavetas, checando se tinha não tinha deixado nada seu ou se não estava esquecendo de nada. Escutou algumas batidas na porta e logo em seguida, Pauline entrou.

-Já arrumou tudo?- ele balançou a cabeça, concordando.- Vamos, o pessoal está nos esperando lá em baixo.

-Pode ir na frente, já estou descendo.

-Devon...

-Eu estou bem Line.- deu um sorriso fraco para a irmã- Tenho que ficar bem. Não posso esperar uma coisa que nunca vou conseguir.

Devon soltou um longo e cansado suspiro e, fechou uma das malas que estava aberta. Pauline lhe lançou um olhar preocupado.

-Eu estou bem, é sério.- ele andou até a irmã e a abraçou.

-Sei que está mentindo.- ela apertou o abraço- Mas vou fingir que acredito em você. Sabe que se precisar, vou estar aqui, não sabe?

Ele concordou.

-Obrigado.- ele soltou a irmã e sorriu.- Agora vai, a Eliza deve estar te esperando.

-Eu te amo.

-Eu também.

Devon depositou um selar demorado na testa da irmã, que sorriu feliz e ao mesmo tempo preocupada.

*
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Hotel Eterna Passione 07:30

O peito de Lorenzo subia e descia e, mesmo o frio reinando naquela época do ano, o suor escorria em seu pescoço. Respirou fundo, tentando recuperar o ar perdido em sua pequena maratona, e correu até a recepção.

-Buongiorno signore.- ele secou um pouco do suor na manga da blusa que usava.- Posso falar com o senhor Crueses?

O atendente o olhou de cima para baixo.

-Ah, mais um fã.- ele revirou os olhos- Ele e a equipe foram embora hoje mais cedo.- o homem se debruçou sobre o balcão- E mesmo que ele estivesse aqui, não falaria para você.

Mas Lorenzo não escutava mais o que aquele atendente rude estava lhe dizendo. Sua visão começou a ficar turva e, agora, tudo o que ele conseguia escutar, era sua alta respiração.

-O senhor está bem?- uma camareira que estava de passagem, se agachou ao lado de Lorenzo.

-Não.- ele balançou a cabeça.

-Vem, vamos sair daqui.

A senhora segurou no braço de Lorenzo e o puxou, ajudando-o a se levantar. Ela o levou para uma salinha no fundo, provavelmente uma salinha de descanso para os staffs. O ajudou a sentar no pequeno sofá e entregou um copo de água.

-Está se sentindo melhor?- ela perguntou depois de um tempo.

-Estou sim, obrigado.-ele sorriu fracamente.

-Aconteceu algo?

Ele encarou o copo, agora vazio, e sentiu sua visão ficar turva novamente.

-Oh meu bem.- ela segurou o rosto de Lorenzo- Não queria tocar em um assunto delicado.

-Está tudo bem. Só que está doendo muito, aqui dentro.- ele apontou para o coração- Mas eu não deveria estar assim, porque a culpa é toda minha, eu disse que não o amava.

-Mas por quê?- ela se sentou ao lado dele.

-Porque ele é um homem, eu sou um homem.- ele puxou o colar dourado com um delicado crucifixo na ponta- E um padre.- ele guardou a correntinha.

-Mas mesmo assim, você veio até aqui atrás dele.

-Sim, mas é tarde demais, ele foi embora hoje.

-Foi embora hoje?-a senhora se levantou- Era um ator alto, Devon, não é mesmo?

-Ele mesmo.- ele concordou.

-Fui para o quarto dele mais cedo.- ela procurou algo no bolso e dele tirou um envelope azulado.- Deixou isso aqui, para entregar a um jovem padre de olhos azuis.- ela sorriu- Acho que isso é seu.- entregou o envelope.- Leve o tempo que precisar, meu bem.

-Muito obrigado.

A mulher sorriu uma última vez e saiu da salinha. Lorenzo soltou um longo suspiro. Encarou a carta por um bom tempo, antes de ter coragem de abri-la.

"Querido Lorenzo.

Se está lendo está carta, é porque provavelmente já devo ter ido embora de Roma. Nunca pensei que estaria escrevendo uma carta, então ela estar repleta de clichês, mas vou escrevê-la com todo o meu coração.

Quando cheguei aqui a dois meses atrás, eu não esperava nada além de dias passando lentamente e sem serem interessantes, mas tenho que dizer, entrar naquela igreja, foi a melhor coisa que eu poderia ter feito na vida, porque lá, conheci você.

Tenho que confessar, quando te vi, pensei: 'Ah, ele vai ser um bom passatempo enquanto estiver aqui.', mas não foi bem isso o que aconteceu, e tenho que me desculpar. Sei que o que fiz, foi errado, mas isso fez eu me apaixonar pelo seus olhos, tão azuis e profundos como um lago, fez eu me apaixonar pelo seu sorriso, e por você.

Depois de tantas decepções amorosas, eu fiquei com medo de amar novamente e pensei que poderia ser diferente desta vez, mas quando disse que éramos errados e que não me amava, meu mundo desabou.

Mas saiba que te conhecer, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo. Eu te amo, mais do que tudo.

Com amor, Devon. "

Lorenzo segurou a carta contra o peito e deixou que as lágrimas rolassem mais uma vez.

2 meses em Roma (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora