Diciannove

1.7K 184 15
                                    

2 meses depois.

Star Blossom Coffee 15:37

Devon estava sentado em uma das mesas mais afastadas naquele café não muito movimentado. Bebericou seu capuccino, mas o café estava tão quente, que deixou sua língua dormente. Deixou o café de lado e começou a comer seu muffin de nozes.

Tinha acabado de sair de uma reunião com os atores e a equipe de filmagem. A estréia do filme seria na semana seguinte, e com a notícia de que os ingressos estavam esgotados, os deixaram mais empolgados e ansiosos.

Deu leves sopros na xícara, não queria queimar sua lÍngua novamente, e deu um longo gole. Franziu o cenho quando sentiu o gosto amargo invadir sua garganta, ele definitivamente esquecera de colocar açúcar, ou poderia ser por causa do muffin que era extremamente doce.

Mas estava com preguiça de se levantar e ir pegar o sachê de açúcar. Não iria morrer se tomasse o café amargo, não estaria pior do que estava sentindo.

Dois meses tinham se passado, mas seu coração ainda doía do mesmo jeito. Se dissesse que estava bem, era como se estivesse mentindo para todos e, principalmente para si mesmo. A saudade que sentia de Lorenzo, era maior do que poderia um dia, imaginar sentir por alguém. E parecia que essa dor crescia mais a cada dia que passava.

Comeu o último pedaço que sobrava de seu muffin e ficou apenas com seu café.

Viu Pauline passar pela porta, e acenou para ela. Devon tinha o novo estilo da irmã, seus cabelos, agora loiros, estavam compridos.

-Como foi na reunião?- ela tirou a bolsa e tomou um gole do café do irmão.

-Normal, só falamos do filme.- ele deu de ombros.- Onde vocês estavam?

Ela sorriu sonhadoramente, e Devon sorriu também, pelo menos alguém tinha que estar feliz.

-A gente foi dar um passeio.

-Ah, um passei, sei.- Devon recebeu um leve tapa no braço.- O que? Não disse nada.

Pauline bebeu mais um gole.

-Como anda esse coraçãozinho?- ela apontou para seu peito.

-Bombeando sangue como sempre.

-Seu bobo.- ela sorriu tristonha- Estou falando sério.

-Mas eu também.- Devon pediu mais um muffin, mas dessa vez e chocolate. Desviou o olhar e, começou a brincar com as linhas soltas que saiam propositalmente de sua blusa.- As vezes falha um pouco, mas não tem nada que eu possa fazer.- ele deu de ombros. Deu metade do bolinho para Pauline e deu uma mordida em seu próprio pedaço.

-Porque não vai atrás?

Devon enrolou a linha em seu dedo com tanta força, que ele começou a ficar roxo.

-Mais do que já fui?- ele olhou para a irmã- É egoísmo da minha parte, querer que dessa vez, ele venha atrás de mim?- soltou a linha- Porque isso sempre acontece comigo?

O coração de Pauline partiu em milhares de pedaços, quando viu os olhos cheios de lágrimas do irmão. Doeu mais ainda quando ele sorriu logo em seguida. Era uma sensação horrível vê-lo daquele jeito, e não poder fazer nada.

-Devon...

-Me diz Line.- ele colocou as mãos no rosto- O que eu faço de errado?

As mãos já não eram o suficiente para esconder suas lágrimas e seu rosto avermelhado.

-Não fala assim.- disse Pauline com a voz embargada.

Devon tirou as mãos do rosto e riu ao ver o rosto também avermelhado da irmã.

-Porque está chorando?

-Porque você está chorando.

-A gente está parecendo dois tomates.

Ele começou a rir e foi sentar-se ao irmã e afundou o rosto no pescoço de Pauline.

-Eu te amo tanto.

Ela o abraçou mais forte ainda e depositou um breve selar no topo de sua cabeça.

-Eu também, eu também.

*
*
*

Mosteiro 10:33

Lorenzo secou a testa pela milésima vez no dia. Fazia duas semanas que tinha plantado sementes de cosmos, mas elas não tinham crescido nem um centímetro. Largou a pequena pá no chão e suspirou frustrado. Tirou as luvas e as jogou no chão.

-O que aconteceu?- perguntou Giovanni.

-Elas não querem crescer.- apontou para suas sementes- Desculpe, eu já ia levar o manjericão, mas acabei me distraindo.- ele entregou o manjericão.

-Está tudo bem?- Giovanni examinou as plantas e descartou as ruins- Carlo disse que anda meio desanimado...

Lorenzo deu um meio sorriso.

-Vou ficar.- ele se levantou- Nada que o tempo não ajude

Giovanni balançou a cabeça, concordando com Lorenzo, mas permaneceu parado, encarando o manjericão.

-O que foi?

-Eu também não sei direito.- levantou o olhar- Eu...- parecia confuso.

-Agora eu quem pergunto se está acontecendo algo.- Lorenzo sorriu.

-Eu acho que estou apaixonado.

-Não consigo entender sua dúvida.- ele franziu o cenho.

-Não acho que seja normal o que sinto, parece que estou cometendo algum tipo de pecado.

-Se apaixonar não é um pecado.

-Mas no meu caso, é sim.

-Como assim?

-Promete que não vai contar para ninguém?

Lorenzo fez que sim. Giovanni aproximou-se dele e respirou fundo.

-Carlo.- ele disse em um sussurro.

-O que disse?

-Estou apaixonado pelo Carlo.- ele falou de uma vez e seu peito subia e descia.

-Então,- Lorenzo sorriu- nós dois somos pecadores.

Giovanni o olhou assustado.

-Mas sabe de uma coisa?- ele se agachou e começou a mexer na terra novamente- Carlo disse para mim que amar não é pecado, sendo ela uma mulher ou no nosso caso, um homem.

-Ele disse isso?- seus olhos brilharam- Quer dizer que...

-Eu não sei, mas quem sabe?

E foi nesse momento que ele percebeu que seus cosmos tinham sim, crescido.














ola meus amores~
chegay com mais capitulo fresquinho
tomem bastante cuidado, lavem as mãos e fiquem em casa
bjs~

2 meses em Roma (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora