Venticinque

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Condomínio Black Rose 15:23

-Devon?- Pauline entrou no quarto de hospedes e viu o irmão todo espalhado na cama.- Toma esse remédio, vai melhorar sua dor de cabeça.

-Obrigado.- pegou o remédio e o tomou com o resto de água que tinha em sua garrafa.

-Como está se sentindo?

-Péssimo seria um elogio.- soltou um suspiro.- Ele foi embora?- Pauline concordou.

-Falou com a Eliza antes de ir embora.

-O que ele disse?- espaço-se na cama.

-Nada de mais.- deu de ombros.- Apenas nos agradeceu e deixou isso para você.- entregou a corrente com o crucifixo que Lorenzo sempre usava.

-Porque ele me deu a corrente?- Devon a colocou no pescoço.

-Não sei, também fiquei curiosa, ele não a tirava para nada.- lembrou-se do dia da festa em que insistiu para o mais novo a tirar.- Ou talvez isso seja um sinal de que ele queira te ver ainda, como se o colar, fosse apenas uma garantia.

-Espero que esteja certa, não vou deixar que algo idiota e sem significado, acabe com o nosso amor.

-Nem me fale, quase matei aquele vaca.- a loira deu alguns socos no travesseiro,- Não acredito que ela teve a audácia de ter beijar na frente de todo mundo, só para fazer ciúmes naquele namorado ridículo dela. Por causa deles, Lorenzo foi embora.

-Ou talvez, ele ainda não confie em mim.- deu de ombros.

-Não fale assim.

-Vou dar um espaço para ele pensar, vai ser melhor assim.

-Nem pense em abandoná-lo.- Pauline deu um leve tapa no peito do irmão

-Isso nem passou pela minha cabeça,- negou.- Estou me segurando para não pegar o próximo voo para a Itália, que por sinal,- olhou para o relógio que tinha no criado mudo.- sai daqui a pouco.

-Devon.- Pauline o repreendeu.

-Tudo bem.- suspirou.- Eu vou tentar me controlar.

Pauline depositou um breve selar na testa do irmão e saiu do quarto quando ouviu Eliza a chamar. Devon afundou mais ainda na cama e olhou pensativo para a corrente em seu pescoço, porque Lorenzo a tinha dado?

Aeroporto Fiumicino 15:25

Lorenzo respirou bem fundo e fechou seus olhos, respirando aquele ar que conhecia tão bem. Tinha tomado uma decisão precipitada, voltando para Roma? É claro que sim, mas naquele momento, não conseguiu pensar em nada melhor do que pegar o próximo avião e voltar para casa.

Sentia que seus olhos estavam inchados e com certeza vermelhos, tinha chorado a viagem inteira. Não avisou para ninguém que estava voltando, então sua única opção, era pegar um táxi para chegar até o Mosteiro.

Sabia que deveria ter ficado e escutado o que Devon tinha a dizer, mas simplesmente não conseguiu, uma angústia enorme tomava conta de seu coração, a qual ele nunca tinha sentido. Ainda não estava acostumado com esses novos sentimentos que apareceram desde que conhecera Devon, eles não eram ruins, eram algo novo para ele, algo que alguma hora, Lorenzo teria que conhecer. Ainda amava Devon com todas as suas forças, e isso não iria mudar, mas precisava de um tempo para processar tudo.

-Dove signore?- o taxista perguntou.

-Per il monastero.- acomodou-se no banco.

-Aquele com a Nossa Senhora no portão?

-Esse mesmo.- Lorenzo sorriu ao lembrar-se da figura sagrada e tão importante para ele.

-É uma das mais lindas que já vi.- o taxista deu partida no carro.- Não, é a mais linda que já vi.- o homem sorriu.- É por causa dela que conheci minha Francesca.

-São casados a muito tempo?

-Trinta anos.- olhou para Lorenzo pelo espelho retrovisor.- Na época, tinha acabado de fazer vinte anos, estava em uma fase rebelde da vida, fazia muita coisa errada.- o senhor ofereceu algumas balinhas de frutas para o mais novo, que pegou algumas com bom gosto.- E um dia, minha mãe me arrastou para a igreja, dizendo que eu precisava escutar a palavra do Senhor.

Lorenzo sorriu, adorava escutar as histórias das pessoas, era como se estivesse ganhando novas experiências, mas não era a mesma coisa, queria um dia ter histórias para contar também.

-Desculpe, fico empolgado quando falo da minha Francesca.

-Não.- balançou a cabeça e sorriu para o senhor.- Pode continuar, estou curioso para saber o restante da história.

-Tem certeza?- Lorenzo concordou.- Como estava dizendo, minha mãe me levou na igreja, para escutar a missa do domingo, mas eu dei um jeito de escapar e comecei a andar pelo terreno em volta da capela e foi nesse momento que a encontrei.- o senhor sorria largamente.- Francesca estava conversando com Nossa Senhora, sobre algo que não consigo me lembrar e, quando nossos olhares se encontraram, eu soube que ela seria a mulher da minha vida.

-Que história linda!.- o mais novo sorria.- Um dia, quero viver uma história de amor assim.

-Tenho certeza que vai.- o taxista parou o carro na frente do portão.- É um rapaz muito bom, sei disso.

-Muito obrigado senhor.- entregou o dinheiro e ganhou mais algumas balinhas.

Lorenzo agradeceu mais uma vez, pegou suas coisas e saiu do carro. Seu corpo estava pesado e o que ele queria no momento, era deitar em sua cama, dormir e tentar esquecer tudo.

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Mosteiro 17:18

-Lorenzo!- o moreno levou um susto quando sentiu braços o rodearem.- O que você está fazendo aqui? Pensei que estaria na Califórnia, nos braços do seu homem.

Lorenzo deu um sorriso triste.

-Aconteceram alguns imprevistos.- enxugou suas mãos no pano de prato e ficou de frente para o loiro.

-Como assim?- Carlo franziu o cenho.

-Vi ele beijando outra pessoa, a ex-namorada dele.- o sorriso de Carlo desapareceu.

-Eu não acredito nisso.- colocou a sacola com compras em cima da mesa.- Mas eu vou agora para os Estados Unidos, dar uns tapas no rosto dele.

O moreno sorriu, mas sentiu as lágrimas invadirem sua boca.

-Lorenzo...- o loiro o abraçou novamente.- Vai ficar tudo bem.- deu leve batidinhas em suas costas.

-Carlo.- apertou o mais novo e escondeu o rosto em seu pescoço.- Não sabia que amar alguém, poderia doer tanto.














bjos meus amores

2 meses em Roma (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora