Try Hard • JUKE (HIATUS)

capítulo dez: lovers

O céu naquela tarde de sábado estava límpido e reluzente com apenas algumas nuvens brancas espalhadas por aquela infinidade azul celeste como grandes algodões doces, o sol majestoso trazia consigo um calor agradável sendo acompanhado por uma brisa fresca típica da Califórnia que adentrava o carro fazendo os cabelos das garotas voarem de maneira selvagem já que todas as janelas do fusca branco estavam abertas.

Uma sensação de liberdade pairava no ar fazendo as pessoas sentirem-se invencíveis querendo sair de suas casas para aproveitarem cada segundo do dia, talvez esse fosse o efeito do final do verão que logo seria substituído pela primavera com suas flores de cores intensas ou talvez o calor finalmente enlouquecera a todos.

As palmeiras altas balançavam em um ritmo constante como se estivessem em uma dança silenciosa agradecendo por esse belíssimo dia ensolarado, a garota de cabelos cacheados dirigia com cautela mantendo-se no limite de velocidade permitida, entretanto as árvores ainda pareciam passar rapidamente tornando-se borrões verde vívido enquanto as jovens cantavam a todo pulmão something about the sunshine que tocava em seu volume máximo, parecia que a qualquer instante os alto falantes do fusca iriam explodir.

Pelo retrovisor era possível enxergar Carrie no banco traseiro sentada em uma posição desconfortável para pintar suas unhas dos pés de rosa, seus cabelos caiam ao seu redor como um véu loiro escuro, em alguns momentos quando o sol refletia naqueles fios formava luzes mais claras como se fosse ouro puro.

—Flynn! — Exclamou Julie irritada fazendo a amiga abaixar os óculos apoiando na ponta do nariz para que pudesse observá-la —É a segunda vez que eu entro na rua errada.

Os olhos de Julie estavam focados na rua que se estendia a sua frente e certo nervosismo a fazia apertar com um pouco mais de força o volante, as vezes seus dedos suavizavam o toque somente para batucar no ritmo da música, era um ato involuntário como se seu corpo inteiro fosse estimulado pelas melodias. Molina gostava de estar no controle, entretanto saber que um segundo de distração poderia mudar totalmente as coisas a assustava, aquela responsabilidade recaía sobre ela tensionando seus músculos e a fazendo prender a respiração, sendo assim ela mantinha a atenção na estrada enquanto a amiga deveria ser a responsável por acompanhar a rota no GPS e a avisar sobre o caminho.

Por conseguinte, sentado ao seu lado no banco do passageiro Flynn Marie era seu completo oposto, seu corpo inteiro demonstrava sua tranquilidade, os pés descalços esticados sob o painel de maneira folgada, os olhos fechados escondidos pelos óculos escuros apenas enquanto apenas aproveitando os raios solares que beijavam sua pele negra, os dedos que fluíam junto com o vento deixando a maresia a levar como se na verdade ela que controlasse a natureza, suas tranças longas balançavam conforme sua cabeça se mexia levemente encostada na cabeceira de couro do assento.

—Não brigue comigo, você sabe que eu me desligo completamente quando estou dentro do carro —Respondeu na defensiva colocando os óculos na ponta do nariz para que pudessem enxergar a culpa nos seus olhos castanhos.

—Eu disse que não era para confiar nela com o GPS—Murmurou Carrie sem tirar atenção das suas unhas.

—Carrie de que lado você está? — Questionou ofendida olhando a namorada pelo retrovisor, mas a loira nem pareceu notar.

—Desculpa amor, mas é difícil te defender quando você é uma péssima guia.

A boca da garota escancarou dramaticamente achando toda aquela situação um completo absurdo, Julia sempre achou que Flynn se daria bem no teatro uma vez que ela tinha um talento nato para o drama e também por ela ser bastante expressiva.

Após mais algumas voltas pelo quarteirão elas finalmente encontraram o local e depois de várias tentativas Julie conseguiu estacionar, o carro ainda ficou atravessado na vaga, mas nenhuma das amigas comentou a respeito já que sabiam do nervosismo da menina quando se tratava de dirigir, para uma motorista Molina era uma musicista incrível. Ela já havia batido o carro duas vezes, uma delas foi em uma arvore e a outra em uma lata de lixo, ou seja, em ambas as situações o alvo nem sequer se movia.