capítulo treze: silence

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Julie Molina sentia que cada osso do seu corpo estava se quebrando, como uma boneca de porcelana sendo despedaçada e abandonada em um canto escuro e sem esperanças, um tremor percorreu de sua cabeça até os seus pés deixando suas pernas moles e finalmente fazendo-as ceder, a garota de cabelos coloridos caiu no chão gélido no mesmo momento que uma lágrima desabou de seus olhos, não demorou muito para a cachoeira descer por sua face deixando seus lábios trêmulos salgados.

As paredes se fechavam ao seu redor tornando difícil de respirar, parecia que o ar do cômodo havia sido sugado por um tornado de tragédias que passava destruindo-a e aos poucos todos os sonhos que planejava realizar no futuro ao lado da melhor amiga foram desaparecendo mostrando que essa vida já estava se tornando inalcançável.

O tempo tinha se paralisado estando cada vez mais lento diferente de seus pensamentos que a atormentavam em um turbilhão, a voz de Flynn parecia estar longe como se ela estivesse dentro da água, afundando em sua própria angustia.

Não deveria doer tanto aquelas simples palavras, mas Molina sentia como se elas fossem adagas enterrando-se em sua pele, a dilacerando de dentro para fora. A jovem entendia o peso daquela frase, o significado oculto por trás, pois naquele exato momento não estava somente perdendo uma colega de banda, estava se despedindo da sua melhor amiga, a única pessoa que confiava a sua própria vida e que agora estava esmagando suas esperanças e sonhos como se fossem nada, assim como todos que entravam em sua vida, Flynn estava deixando-a ir.

Ela deveria saber que esse dia chegaria, já que em algum momento todos se cansavam daquela jovem garotinha assustada que tinha medo de crescer, mudanças sempre a assustaram, Julie Molina era a representação perfeita dos meninos perdidos buscando a terra do nunca, um lugar utópico em que podia sempre ser uma criança livre.

—Julie diz alguma coisa— Sussurrou a negra paralisada em sua frente, ela preferia que a amiga estivesse gritando, pois o silêncio as vezes era avassalador.

Molina piscou algumas vezes tentando afastar as lágrimas pesadas, sua visão estava desfocada, entretanto conseguiu enxergar o contorno do corpo da garota. Completa confusão preenchia sua face, nunca em sua vida a menina de cabelos coloridos sentiu-se tão perdida e atordoada, parada dentro de um labirinto.

—Você está me abandonando? — Conseguiu questionar após alguns minutos que parecera horas, sua voz saiu rouca e arranhada devido ao aperto na sua garganta.

—Não —Respondeu imediatamente, Flynn não entendia como sequer a jovem poderia pensar uma coisa dessas, sendo assim se ajoelhou em sua frente segurando com força aquelas mãos trêmulas—Eu nunca nem em um milhão de anos te abandonaria.

—Não é o que está aparecendo agora —A dor presente naqueles olhos jabuticaba quando encontraram os seus a atingiram como um murro no estômago, Flynn Marie odiava magoar daquela forma sua irmã de alma —Eu fiz algo de errado? Você não me ama mais?

Molina estava completamente desesperada por respostas, seus olhos arregalados estavam escondidos por alguns fios coloridos que grudavam em sua face, as vozes em sua mente gritavam e riam a culpando por aquilo estar ocorrendo, o sangue que corria em suas veias e bombeava seu coração soava estrondoso em seus ouvidos, ela sentia que a qualquer momento sua cabeça iria explodir.

—Na verdade é o contrário —Marie sorriu com tristeza afastando uma lágrima do rosto da amiga—Jules, eu te amo tanto e é por isso que preciso fazer isso, mesmo que doa muito.

—Isso, isso não faz sentido —Gaguejou encolhendo-se mais, Flynn ainda apertava com força suas mãos tentando mostrar que estava ali e não iria a lugar algum, querendo transmitir naquele simples ato que nunca a abandonaria de fato.

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