2. Eu não quero amar de novo

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Cosima POV

– Bom dia senhora, a senhora irá se atrasar se não arrumar-se agora – disse a voz robótica que saía por todos os alto-falantes da casa, e fez com que todo o escuro que impedia o sol de entrar, desaparecesse como um abrir de olhos e permitia a invasão da luz do dia.

No susto ao ouvi-la, levantei-me rapidamente, e só então percebi que ainda estava dentro da banheira, e que dezenas de garrafas, fossem elas de vinhos ou gins, vazias ou pela metade, estavam espalhadas pelo chão do banheiro. Percebi também, que eu permanecia com roupas e que elas estavam encharcadas.

Mania idiota de dormir na banheira.

– Cale a boca, Alex! – murmurei me retirando da banheira, e cambaleando pela dificuldade de permanecer em pé, enquanto uma poça de água se formava embaixo de mim, no azulejo do banheiro.

Maldita ressaca.

– Perdão, senhora – limitou-se a responder, fazendo exatamente o que eu havia mandado.

– O que eu tenho de compromisso hoje? – perguntei, primeiro despindo meu dorso, e logo depois tirando a calça colada em meu corpo pela água com dificuldade, para só então ajustar a água do chuveiro no mais quente possível, por odiar tomar banho em água fria. Ainda que fosse para me livrar da ressaca.

– Precisa estar no escritório em quinze minutos. Marion está ligando.

Alex é a inteligência artificial que criei há uns dois anos. O que acontece, é que eu me perdia completamente no horário e em meus compromissos por morar sozinha. E para mim, lidar com computadores era mais fácil do que lidar com qualquer outra pessoa que não fosse Alison, ainda que ela se recusasse a morar comigo.

A IA fora criada e programada para cuidar de toda a casa, desde as senhas das portas automáticas até os lembretes e transmissões. Era eficiente, e era fácil tê-la comigo.

Além do mais, Alex era essencial para a minha carreira de arquiteta na grande Los Angeles, uma vez que projetava hologramas no escritório da minha casa para que os projetos fossem mais práticos e objetivos, facilitando meu trabalho em 200%. Me fazia ser colocada como uma das melhores, pois ninguém no estado tinha uma daquela, e eu me recusava a vender minha tecnologia.

– Desligue. Se ela ligar de novo, bloqueie o número dela – ordenei enquanto secava meu corpo com a toalha macia que estava pendurada no gancho da parede.

– Sim senhora.

Pensei seriamente que deveria ser rápida em trajar-me, mas recuei em meus próprios pensamentos, e desci as escadas da sala principal, direto para o porão planejado.

Era quase o melhor lugar do mundo, porquê eu adorava admirar o mar através das enormes janelas que abraçavam a parede. Eu tinha tudo naquele lugar, desde as bancadas e utensílios de cozinha que ficavam em um canto junto a geladeira cheia de latas de refrigerante, até uma escrivaninha meia lua que continha quatro monitores, todos de tecnologia avançada.

Era lá o lugar onde eu fazia meu trabalho acontecer, meu escritório particular. Eu projetava todas os serviços contratados em hologramas que eram varridos das plantas desenhadas, e então mandava para o banco de dados da empresa que meu pai me deixou quando se foi, passando tudo para a minha equipe de profissionais.

– Cosima, você deveria estar no escritório há meia hora! Seu motorista está esperando! – a voz masculina invadiu meus ouvidos, logo depois da porta de vidro sendo destravada.

– Sabe de uma coisa, Paul? – perguntei sem tirar as mãos do holograma em que eu projetava uma das minhas melhores e mais caras obras com a ajuda de Alex – Eu não vejo a mínima vantagem em ter um motorista particular, se ele não pode esperar por mim – respondi à minha própria pergunta, dando de ombros.

Não diga que me amaOnde histórias criam vida. Descubra agora