3. Enchantée

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– Srta Niehaus. Está um tanto quanto atrasada – pronunciou um dos engravatados que estavam presentes na reunião.

– Sim, eu sei – respondi impaciente, assumindo o assento de presidente que ficava em uma das extremidades da enorme mesa de reuniões.

– Acredito que a senhorita tenha uma ótima desculpa para nos deixar esperando – debochou Mark, com o sorriso cínico que eu odiava no rosto.

– Não é como se minha vida pessoal dissesse respeito à vocês, Mark – senti meu rosto ferver. Eu sabia que estava atrasada, mas odiava ser lembrada de algo que eu já tinha conhecimento – Estou aqui, não estou? Vamos começar – anunciei batendo a mão na mesa e deixando meu café ao lado de algumas pastas abertas – Isolar escritório.

As janelas de vidro se escureceram impedindo qualquer passagem da luz solar para dentro da sala de reuniões e as luzes internas acenderam-se. O que nos dava mais privacidade e precisão caso alguém quisesse apresentar slides.

– Essa reunião tem um objetivo simples, claro e direto – endireitei minha postura, que antes era desajeitada, para continuar falando – Iremos doar mais dinheiro para outras instituições carentes, e fundar alguma que ajude os moradores de rua – disse sem rodeios – Não podemos ficar de mãos atadas quando o aumento de pessoas que não têm teto algum vem crescendo cada vez mais.

– Coloque-os dentro da sua casa então! – implicou Cal, que era outro insuportável. Bufei, pois ainda que eu estivesse na posição em que estou, quase ninguém me escuta. Não me escutaram quando eu disse que essa sociedade não seria uma boa ideia, por que escutariam agora, de qualquer maneira?

– Vai tirar dinheiro de onde? – questionou de imediato Mark, em um tom debochado olhando para seus colegas.

– Da empresa, Mark. De onde mais eu tiraria? – devolvi a pergunta como se fosse óbvio e era, recostando-se na cadeira de couro. Precisava manter a calma e a minha dor de cabeça não colaborava.

Precisaria fazer uma nota mental, mais tarde, de procurar parar de beber essas porcarias que me deixam assim, e que não me deixam trabalhar.

– Isso é tolice! Irá tirar milhares de dólares da empresa para ajudar carentes? Já não ajudamos o suficiente por algo que o governo deveria fazer?

– O governo está fazendo? – perguntei para Cal, e sabia que aquela discussão demoraria mais do que eu havia imaginado – Não vou deixar de ajudar quem precisa por causa disso. Temos direitos e deveres, e se pudermos colocar a mão no bolso para comprar um pão que seja para quem passa fome, devemos fazê-lo!

Infelizmente, eu tinha consciência, de que não poderia ajudar a todas as pessoas do mundo inteiro. Mas se eu pudesse ao menos fazer o mínimo com o que tenho ao meu alcance, eu sabia que seria de grande ajuda. Não suportava ver aquelas pessoas tendo falta do que eu tinha de sobra, e tudo o que eu mais queria era ampará-las.

– Vamos falir desse jeito – retrucou Mark.

– Falir? – ri da resposta do rapaz – Alfred está aqui para provar, que não estaríamos nem perto de falir com essa iniciativa – apontei para o rapaz que cuidava do administrativo, e era de suma importância dentro da empresa, para dar a ele a palavra.

– Uma vez que fazemos 20 mil dólares a cada duas horas! Não chegaríamos a ficar nem perto de um estado de alerta quanto ao capital de giro – iniciou enquanto olhava para os demais, e eu apenas escutava por já ter conhecimento daqueles cálculos – Cavalheiros, esta empresa faz mais de 7 milhões de dólares por mês e a tendência é apenas aumentar com os novos projetos! Tirar uma quantia grande desse orçamento, não faria diferença, uma vez que o outro mês cobriria.

Não diga que me amaOnde histórias criam vida. Descubra agora