– Está pronta? – perguntou Paul.
– Adiantaria eu dizer que não? – rebati, propositalmente grosseira.
– Sabe que sim Cosima – Alison o defendeu – Nós estamos do seu lado!
Faziam onze minutos que estávamos no carro, já que eu me recusava a descer. Ver a casa em que passei uma pequena parte da vida, desencadeara sentimentos que lutei por anos para guardar. Era ruim. Era podre.
O jardim da frente continuava morto, já que S. nunca conseguia cuidar daquela área, por sempre estar tentando agradar Ethan. A porta ainda estava com a tinta descascada, quase atingindo a madeira, e o carro que ficava todos os dias em frente à garagem, já não estava mais lá. Descemos do carro, e eu enrolava o máximo que podia, para atrasar mais aquela desgraça que estava prestes a acontecer.
Respirei fundo, fechei a porta do carro, e ao lado de Alison, caminhei até a porta da frente. Paul estava atrás de nós duas, e eu me sentia mais segura sabendo que ele estava por perto.
– Acabe logo com isso – pedi estalando os dedos, que era o que eu fazia quando estava nervosa. Eu não estava pronta para revê-lo, não estava bem para lidar com aquilo, mas estava ali, esperando.
Paul tocou a campainha, e mais do que nunca, senti minhas pernas fraquejarem. Era agora. Eu não me importava com o que estava acontecendo, e todos ali sabiam.
– Calma Cos – repreendeu Paul, colocando a mão em meu ombro.
– Vocês me arrastaram até aqui, não me peça para ficar calma! – respondi entredentes.
Esperamos apenas poucos segundos, até a porta se abrir. Lá estava ela. Siobhan. Minha mãe, ou ao menos era como ela me ensinara a lhe chamar anos atrás. Seus cabelos lisos estavam maravilhosos, mas suas expressões pareciam cansadas, ou exaustas. Eu não a imaginaria deixando aquele traste fazer tudo o que fez comigo, mas o fez, e disso eu não poderia me esquecer.
Nos olhamos por segundos eternos, e Alison parecia ter percebido o quanto eu queria sair correndo dali, pois segurou minha mão com firmeza, sem ainda me olhar.
– Alison – disse olhando para ela, como se quisesse ter certeza, de quem era quem. Ela nunca nos confundia, e agora, me surpreendia ainda saber nos diferenciar, sendo que faziam anos que não nos via – Cosima – seu olhar voltou-se para mim. Meu coração disparou. Eu não me sentia nada bem estando ali – Eu posso abraçar vocês? – perguntou com um sorriso doce nos lábios. Talvez ela tivesse se arrependido, de não ter lutado por nós quando deveria.
– Cosima não gosta de abraços – interrompeu Alison. Depois de tantos anos, ela ainda me defendia de quem quer que fosse.
– Não é nada pessoal – resolvi finalmente dizer alguma coisa, em meio a um sorriso completamente falso – Apenas traumas de infância – respondi em ironia. Siobhan apenas abaixou a cabeça, e deu passagem para que entrássemos, e assim o fizemos.
– Paul Dierden, trabalho para a família Niehaus – apresentou-se ainda na porta, e pude ver o desapontamento dela, em perceber que Niehaus agora era o nosso sobrenome. Não mais Hendrix.
– Siobhan – retribuiu sem graça – Ele está aqui – disse nos guiando, ao passar em nossa frente. Caminhamos em passos curtos, até um cômodo separado. Os móveis ainda eram os mesmos, velhos e nos mesmos lugares. Ao pararmos, havia um leito hospitalar, e muitos equipamentos médicos em volta, que certamente o mantinham vivo. Ele estava acabado.
Seu corpo corpo certamente apenas funcionava por causa das máquinas, já que ele não parecia nada bem. Seus cabelos grisalhos me chamaram a atenção. Não parecia o homem que vi pela última vez, anos atrás. Sua barba por fazer o deixava ainda mais velho do que provavelmente estava, e os cabelos crescido demais acabavam com sua aparência.
![](https://img.wattpad.com/cover/244209674-288-k191591.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não diga que me ama
FanfictionNós somos mais do que pensávamos que fôssemos. Cosima Niehaus está no auge da carreira de arquitetura em Los Angeles, e mesmo depois de ter perdido tudo o que amava, sua irmã Alison assumiu o controle e cuidou dela. Milionária, com a própria empresa...