10. Se eu quiser ser persuasiva, eu serei

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Delphine POV

Acordei sentindo o mundo girar à minha volta. Minha cabeça quase saiu do lugar, tamanha era a dor que eu sentia. Olhei para o lado, e pela janela de vidro que cercava a piscina interna, vi que ainda chovia terrivelmente forte. Sobre a mesinha de canto, ao lado de um abajur, havia uma bandeja com um copo escrito "Beba-me", junto de um comprimido logo ao lado. Cosima era uma pessoa muito atenciosa, e não pude deixar de sorrir.

Tomei o remédio que ela havia me deixado, provavelmente sabendo que eu acordaria com dor e enrolei meu corpo no lençol da cama ao constatar que eu estava sem calça. Por que eu estava sem calça? Levantei-me da cama para procurá-la, e lá estava ela brincando com os hologramas de Alex. Parecia mais entediada do que o normal, e tudo isso por culpa minha.

– Obrigada por ter cuidado de mim – disse baixo ao encostar a cabeça em suas costas. Eu não queria olhar para Cosima naquele momento, havia bebido como se o dia de amanhã não existisse – Estou morrendo de vergonha Cosima, quero ir para casa!

– Ei, não precisa se envergonhar de nada – ela ficou de frente para mim, depois de ter levando um susto rápido por conta da minha aproximação repentina, e sua mão segurou meu queixo com cautela, levantando a minha cabeça, exigindo o meu olhar – Eu poderia me acostumar facilmente com você aqui comigo, dormindo na minha cama depois de ter se divertido em um jantar. Adorei te ter aqui Del, por favor, não lamente por isso.

Meu coração disparou. Se eu não tivesse um com o Anthony, certamente teria um interesse à mais em Cosima. Ou será que eu já tinha? Afinal, eu estava li por querer saber sobre ela, não era?

– Por que você faz isso?

– Isso o quê? – perguntou franzindo o cenho.

– Uma hora é fofa comigo, e em outra parece uma predadora pronta para me atacar e me levar para a sua cama – disse naturalmente. Era uma verdade absoluta. Cosima oscilava em suas atitudes o tempo inteiro.

– Porque no momento, tudo o que eu mais quero é você por perto. Se você estará em uma cama comigo ou não, pouco me importa! – respondeu fazendo-me ruborizar.

Sorri sem graça com a sua colocação, e encostei minha cabeça em seu ombro automaticamente para esconder meu rosto.

– É por isso que você consegue o que quer, Niehaus – disse tornando a olha-la, encontrando uma expressão com um misto de confusão e indignação no rosto – Você é completamente persuasiva.

– E atrevida, cretina, cafajeste... – listou. Quando eu tinha chamado ela de cretina?

– Eu nunca te chamei de cretina! – defendi-me e ela gargalhou, mas resolvi ignorar

– Você estava bêbada quando o fez, Cormier – esclareceu, e levou a mão ao coração de maneira dramática – Machucou esse coraçãozinho de graça?! – dramatizou agora com palavras, e depois riu do meu revirar de olhos.

– E por que as pessoas dizem tudo de ruim sobre você, e pedem para que eu me afaste? – questionei, e ela ergueu as duas sobrancelhas. Pronto, eu tinha estragado tudo.

– Te mandaram ficar longe de mim? – eu nunca diria sobre as coisas que Adele me contara, não a encrencaria dessa forma. Vi os olhos da mulher à minha frente pegarem fogo, mudando da água, para o vinho, mas mais do que isso. Vi novamente, aquele olhar predador, o mesmo de quando nos conhecemos na empresa – Não acredito que te mandam ficar longe de mim, Cormier – disse se aproximando de mim, mas fui me afastando na defensiva. Ela iria me beijar, e eu tinha que pensar em Anthony.

Anthony LeBlanc é meu namorado. Namorado. Namorado.

Ela se aproximava e eu me afastava, mas o sorriso não saia de seus lábios, era exatamente o que ela queria que eu fizesse. Caminhei de costas, sem desviar o meu olhar um ângulo, um centímetro sequer, até sentir a plataforma elevada, indicando que eu havia chegado no outro cômodo, tendo que subir nela para não ser encurralada. Eu não teria mais saída. Agarrei com força o lençol contra o meu corpo, para me sentir mais segura diante de Cosima.

Não diga que me amaOnde histórias criam vida. Descubra agora