8. Você me julga mal, Cormier

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Delphine POV

– Você dança bem – elogiou a morena de dreadlocks, assim que voltamos para a nossa mesa e nos sentamos, mais uma vez, uma de frente para a outra. Aquela dança havia me desestruturado. Tamanha era sua firmeza e condução na pista, quando estava devidamente acompanhada. Ela estava certa, talvez eu estivesse passando da conta, e aquele sentimento de satisfação fosse por causa da bebida, não por Cosima em si.

– Você também não é nada mal – respondi de volta, servindo-me com a água que o garçom havia nos deixado – Então, me fale um pouco sobre você, Cosima Niehaus! – pedi curiosa, na tentativa de puxar assunto, podendo notar um respirar fundo vir da outra parte.

Eu não queria falar sobre mim, não queria que ela conhecesse o meu passado ou que sou agora. Eu queria apenas conhecê-la, e saber sobre como lida com a vida e o motivo de ter virado a pessoa que era, mas estava bem longe de uma situação que eu pudesse julgar.

Longe, entretanto, era o único substantivo que poderia definir o que aquela mulher era em meus pensamentos. Ela era, de longe, a morena de olhos verdes mais linda que eu já havia visto. E de longe, era a pessoa que me tirara o fôlego sem fazer tanto esforço assim.

De longe, a pessoa mais atrevida que eu havia conhecido. E poderia até mesmo confessar, que mesmo que seu atrevimento e sua ousadia em convidar-me para jantar no dia em que nos conhecemos me irritasse, agora eu estava começando a me acostumar. E poderia afirmar, ainda, que provavelmente faria falta na manhã seguinte.

– Já sabe muito sobre mim, Cormier. Vamos variar um pouco, o que acha? – propôs na esperança de mudar de assunto. Provavelmente aquela mulher guardava muita coisa, e quem sabe até um passado doloroso como o meu.

– Não tenho nada interessante para falar sobre mim – disse sem emoção, e logo deixei claro, que o momento não era para mim, confortável para revelar sobre o meu passado.

Queria saber se o que ela dizia era mesmo verdade. Que estava interessada. Que eu havia chamado sua atenção. Apenas por estar testando aquela possibilidade, eu já ia totalmente contra a minha ética, pois ainda tinha um compromisso de relacionamento, e não estava disposta a desfazê-lo sem uma conversa clara e direta.

– Quer mesmo saber mais sobre mim? – questionou, e logo lhe dei um olhar curioso como resposta. Nada respondi, mas deixei claro o que eu queria apenas com o sorriso de canto, mordida no lábio inferior e o sinal que sim com a cabeça que dei.

Um gesto totalmente baixo para alguém que sabe, que uma atitude como aquela provocaria aquela mulher atiçada, que parecia ser movida a tesão. Provocá-la era gratificante, e deixá-la sem palavras, era melhor ainda.

– Gosta de pizza? – questionou novamente, recebendo outra confirmação como resposta – Então vem comigo!

Eu, confusa, mas com a curiosidade atiçada, levantei-me e a segui pelo hall do restaurante. Fomos até a doce senhora que me atendeu e me direcionou para a mesa assim que cheguei, e de trás do balcão do caixa, anotou o pedido de uma pizza grande e uma garrafa de vinho branco para a viagem que Cosima fizera.

Eu indagava, a mim mesma do que aquilo tudo se tratava, mas sabia que Cosima não revelaria antes da hora. Não me restava nada ao não ser, continuar paciente.

Esperamos apenas alguns minutos, e com muita relutância deixei que ela pagasse tudo o que consumimos naquela noite, agradecendo aquela que atendia por Susan pela recepção e música. Saímos do restaurante, a bela noite tomava conta, entretanto ainda chovia.

– Estou sem carro – disse bufando, algo que me fez rir. Ela se irritava fácil, isso eu já havia percebido. E seu temperamento forte talvez seria um problema que eu não queria ter que lidar.

Não diga que me amaOnde histórias criam vida. Descubra agora