𝔗𝔥𝔢 𝔗𝔴𝔬 𝔖𝔦𝔡𝔢𝔰 𝔒𝔣 𝔗𝔥𝔢 ℭ𝔯𝔬𝔴𝔫

23º capítulo

Ayla's pov

-Não!- falo com a baixa voz trêmula e cansada, ainda do lado de fora e começo a entrar no castelo.

Não quero ficar ali vendo o meu fracasso deitado no chão cheio de sangue. Isso não pode estar acontecendo! Perdi a Lis e Aloíso foi morto! Os dois contavam comigo e eu os deixei na mão. O que aconteceu com a Aloíso é irreversível, mas ainda posso salvar Lis, de alguma forma... se eu pelo menos descobrir pra onde a levaram. Os invasores a sequestraram porque querem algo em troca, estão contando com que nós a achemos para enfim barganhar e ganhar algo. Essa é a minha chance de redenção, eu não posso mais falhar!

Ao entrar no castelo decido começar a resolver os problemas que estão acontecendo. Começando com Calisto, ele não sabe o que aconteceu com Lis e o bebê e muito provavelmente que ele não conseguiu sair de onde estava por causa dos múltiplos machucados que vi em seu corpo. Quando ele descobrir vai ficar arrasado, mas com a determinação mais forte do que nunca para achá-la.

Paro no meio do caminho pensando como que eu posso dar uma notícia dessas, ele vai ficar de coração partido e isso não é bom pra alguém que está machucado como ele, e se acontecer algo pior? A única coisa que salvou ele quando nossos pais morreram foi a Lis.

Só quando paro, eu consigo perceber que não sei para onde estou indo. Acho que na correria e adrenalina do momento, eu só segui a Celi e não parei para prestar atenção no lugar e não é como se isso fosse ajudar, todos os corredores parecem idênticos uns aos outros. Tento achar o caminho, mas a cada curva que eu faço os corredores parecem ficar mais estreitos e ameaçadores, sinto que se eu não sair daqui eu posso ficar presa pra sempre. Minha respiração começa a ficar ofegante e as vezes corro para sair dos corredores mas em vão, todo o caminho que eu pego só da em mais corredores estreitos querendo me esmagar no meio. Uma sensação de ansiedade e desespero queima em meu peito, como uma chama insaciável que queima tudo em seu caminho. Sinto também lágrimas pesadas e quentes querendo sair de meus olhos enquanto eu corro. A iluminação de noite não é tão boa, o que de alguma forma me faz querer sair dali o mais rápido possível. Em uma coisa tentativa falha de segurar as paredes para não avançarem em mim, eu acabo tropeçando e caindo no chão. Me arrumo e fico sentada ali, abraçando os meus joelhos e de olhos fechados, sentido as lágrimas encharcarem o meu rosto e a minha respiração desregulada dominar.

-Ayla!- ouço a voz de Brian um pouco longe me chamando.De repente começo a sentir uma fagulha de esperança crescer dentro de mim. Me levanto e tento seguir o som da sua voz.

-Ayla!- me chama novamente.

Dobro um corredor e o vejo no final do mesmo. Sentindo um alívio imediato, começo a correr em sua direção, ele ao ver o medo em meus olhos começa a vir em minha direção, mas não exatamente correndo. Chegando nele, jogo meus braços em volta do seu pescoço ficando pendurada nele, já ele segura a minha cintura com força, como se fosse a sua redenção. Olho para as paredes e vejo que elas não estão mais atrás de mim. Ele coloca a mão em minha cabeça e aperta contra o seu ombro, me dando mais conforto e segurança. Brian separa o abraço só para me analisar, ficando frente a frente comigo com o braço direito apertando carinhosamente mas firme a minha cintura contra o seu corpo e com a mão esquerda segurando a minha nuca, me fazendo olhar para ele.

-Ah, Ayla...- algo na sua voz parece sinceramente triste, não consigo compreender o que pode ser.

Seus olhos ficam procurando por qualquer traço de machucado, como se bastasse para mim dizer só uma palavra e ele me protegeria até o último fôlego que tivesse. Faço o mesmo com ele e vejo um grande corte profundo em sua bochecha direita e o do outro lado do rosto o olho esquerdo vermelho. Ele não precisou procurar muito em meu rosto, pois sei que minha cara está cheia de arranhões e alguns roxos talvez e quando os olhou, fixa o olhar intenso em meus olhos e ele cola as nossas testas fechando os olhos logo em seguida.